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Capital

Clima é de desconfiança entre vizinhos de terreno invadido no Panorama

Adriano Fernandes | 27/09/2016 18:26
Famílias de vários bairros próximos ao terreno estão se mudando para área fugindo do aluguel. (Foto: Adriano Fernandes)
Famílias de vários bairros próximos ao terreno estão se mudando para área fugindo do aluguel. (Foto: Adriano Fernandes)

Ocupação que ocorre desde o fim de semana em área pública no bairro Panorama, tem gerado desconfiança aos vizinhos do local. Entre os moradores, além do desagrado com a invasão seja por insegurança ou até mesmo o risco na desvalorização dos imóveis no bairro, a suspeita é de que muitos dos invasores já tenham até mesmo um teto próprio para morar.

Há 23 anos morando no mesmo terreno que atualmente divide espaço com a “nova favela” o sentimento de dona Leonice Dala Corte, de 54 anos, é de tristeza. Ela e o marido, o agricultor Loures Laurindo Dala, de 62 anos, mantém na área situada entre as ruas Londrina, Átomo e Maria Povoa Braga, chácara e até horta.

“Tivemos que demarcar um limite para que eles não invadissem o nosso espaço que por direito é nosso. Temos um contrato com a prefeitura provando que a propriedade é nossa”, comenta.
Segundo ela, saber que boa parte dos ocupantes já tem onde morar é o mais frustrante.

“Conheço alguns dos invasores que estão ai e sei que eles tem casas, condições de ter uma residência digna, mas preferem vim invadir aqui. É muito triste ver ela sendo tomada dessa forma”, completa.

Perto dali, outra moradora da rua Maria Povoa Braga, que preferiu não se identificar, teme pela segurança no bairro. “A gente não sabe de onde vem todas essas pessoas, não sabemos se elas são de bem. Muitas delas chegam aqui com carrões, descarregam tábuas então a gente percebe que são pessoas que não precisam disso”, conta.

os mutirões continuam a todo vapor durante o dia. (Foto: Adriano Fernandes)
os mutirões continuam a todo vapor durante o dia. (Foto: Adriano Fernandes)

Segundo ela, há dois anos uma outra ocupação, próximo dali, ocasionou em furtos pela região. “Na época durante a noite vieram e levaram nossos tijolos. Já demos falta da madeira que meu filho ia usar na obra dele, então é um risco que a gente corre”, conclui a dona de casa de 55 anos.

Apenas o desempregado Jean Marcos de Souza, de 23 anos, acha legítima a invasão. “Se eles realmente precisam e tinha essa área ai desocupada, suja e sem ocupação, não vejo problema de invadirem. Todos estão respeitando o espaço um do outro, sem incomodar ninguém”, conta.

A desvalorização dos imóveis também é uma preocupação. “Essa área é vizinha de uma região onde estão sendo construídas muitas casas para serem postas a venda. A formação de uma nova favela por aqui pode dificultar ainda mais o desenvolvimento de uma área que há tempos é desvalorizada”, disse outro morador de 29 anos, que também não quis se identificar.

Ocupantes – A desconfiança entre os vizinhos é maior pelo fato de que são poucos os moradores que passam a noite no terreno. Como a maioria já reside em casas de aluguel, eles posam em suas residências e retornam para limpar os lotes durante o dia.

Assim faz o segurança Ronildo Alves da Silva, de 45 anos, que divide com outro ocupante o trabalho de limpeza de seu terreno. “Enquanto eu trabalho em meio período, meu colega limpa o meu lote. No outro em que estou livre, venho para cá e capino o dele”, conta.

São poucos os barracos que estão concluídos. (Foto: Adriano Fernandes)
São poucos os barracos que estão concluídos. (Foto: Adriano Fernandes)

Depois de pronto ele se mudará para o seu barraco com a mulher e os dois filhos. “Moramos aqui pelo Panorama mesmo, mas infelizmente eu não tenho mais condições de manter sozinho o aluguel de R$ 450,00 por isso invadimos”, completa.

Para a área a jovem Andressa Machado dos Santos, de 20 anos, também está de mudança mais o esposo e os dois filhos de um ano e um ano e quatro meses. Atualmente ela e a família moram de favor na casa de avós.

“Mas minha mãe e meu padrasto já estão instalados aqui. Eu e meu marido trabalhamos aqui durante o dia, levo as crianças para tomar banho e voltamos no dia seguinte”, conta. Até o fim de semana eles esperam estar com o barraco pronto.

Pelo local a movimentação é grande, mas segundo lideranças do movimento, pelo menos 100 famílias se revezam no assentamento das pilastras de madeira dos barracos que são cercados com lonas e até paletes.

Área Pública – Desde o inicio da invasão Agentes da Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande) e da Guarda Municipal estivaram na área, notificando os invasores e orientado sobre a desocupação.

Pela manhã desta terça-feira (27) até mesmo a PMA (Policia Militar Ambiental) esteve no local para alertar os moradores sobre a ilegalidade da invasão. No entanto, até o momento o Campo Grande News não obteve um posicionamento oficial sobre a situação, por parte da prefeitura do município.

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