Cobrança, culpa e amor se misturam na busca impossível de ser a mãe perfeita
Três mamães ouvidas mostram que todas elas buscam a perfeição, mesmo sabendo que isso não existe
“Tem tanta coisa que me leva a pensar em desistir e eu não posso, eu não tenho essa possibilidade de pensar em desistir. Eu sou mãe, eu tenho que continuar, eu sempre vou ter que continuar.”
RESUMO
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Ser mãe é sinônimo de constante cobrança e culpa, mas também de amor incondicional. Mães como Cíntia Leite, Ana Paula Santini e Alcilene Flor, personagens da reportagem, demonstram a força feminina na criação dos filhos, mesmo diante das dificuldades e da pressão social para serem perfeitas. Equilibrar os papéis de mãe, profissional, dona de casa e esposa gera um sentimento de insuficiência, mas o amor e o apoio dos filhos impulsionam essas mulheres a seguirem em frente. A vulnerabilidade materna, antes escondida, passa a ser encarada com naturalidade e compartilhada com os filhos. A demonstração de força e a busca diária por aprimoramento são características marcantes da jornada da maternidade. Apesar da culpa constante por acreditar que poderiam ter feito melhor, essas mães encontram nos filhos a motivação para continuar lutando e aprendendo, reconhecendo que a perfeição não existe, mas o amor incondicional, sim.
A frase poderia ter saído da boca de qualquer mulher que se sente pressionada a dar conta de tudo. Quem a disse foi a secretária Cíntia Leite, de 37 anos, enquanto, aos gritos, chamava atenção nas grades do campo.
Ela aguardava que um de seus três filhos, Ítalo Leite, entrasse em campo na partida entre Operário e Itabirito, pela Série D, no Parque Jacques da Luz, nas Moreninhas, ontem à tarde. “Ser mãe é uma cobrança diária. Uma busca por sempre fazer melhor diariamente”, continuou.
O exemplo dela é o de tantas mulheres que tentam ser a mãe perfeita, mesmo sabendo que isso não existe. A consciência diz que não dá para ser boa mãe, boa profissional, boa dona de casa, esposa, amiga e tudo mais. Ainda assim, a cobrança para se encaixar nesses papéis é real.
A corretora Ana Paula Santini, de 43 anos, vive isso na pele. “Há sempre muita pressão, porque a criança vai crescendo, mudando a alimentação, tendo outros hábitos, e cobram isso da gente, principalmente na escola. Ou então, a comparação: 'a minha filha já sabe ler, escrever, e a sua?' Tem tudo isso”, conta.
Para ela, o importante é aceitar a vulnerabilidade e passar isso aos filhos. “Fica a lição pras mães: poder ser vulnerável, poder errar. A gente sempre acha que está errando mais do que realmente está. Mas vai pela sua criança. No dia em que você mais deu bronca, ela vem, te abraça e fala que te ama.”
Ana Paula falava enquanto fazia compras no centro da cidade com a filha de nove anos, Valentina, que decorou para a mãe uma camiseta com a inscrição “Supermãe”.
“É o título que a minha filha me deu, né? Valentina, você me considera Supermãe?”, perguntou. “Ela fala que é Supermãe porque realiza tudo o que ela quer. E a gente faz o esforço”, respondeu sorrindo.
Com a dona de casa Alcilene Flor, de 43 anos, não é diferente. “A mãe não demonstra fraqueza. Ela só demonstra ser fortaleza para os filhos. E quando demonstra, é porque já está no limite. Acho que eu vivo isso”, contou, ao lado da filha Sara Flor, de 19 anos, com quem passeava pelo centro da Capital, também ontem de manhã.
Para a jovem, há orgulho em saber que sua mãe é forte. “Eu sinto muito orgulho do que ela sempre passa para a gente. Eu quero levar isso pros meus filhos: conversar, ser mais aberta. Minha mãe passou por momentos difíceis e sempre guardou tudo pra ela. Hoje, quando conversa mais, eu entendo”, afirma.
Mãe de três garotas e um garoto, Alcilene diz que hoje se sente mais à vontade para dividir suas fragilidades com os filhos, mas que nem sempre foi assim. “São muitos processos que a gente vive. Na hora da criação, na hora de tomar decisões, existe um medo muito grande de errar. Não é medo exatamente, é uma responsabilidade enorme. Porque, no fim, você se sente a única responsável pelo seu filho.”
E é aí que voltamos a Cíntia. Agora, ela aparece xingando o juiz de “ladrão”, mas ao mesmo tempo amparando o sonho do filho de ser jogador de futebol.
“Não acho que as mães precisam ser perfeitas. Mas a gente se cobra muito, se culpa demais. E a gente erra demais também. Ser mãe é ter a culpa, carregar a culpa todo dia, toda hora. A gente sempre acha que podia ter feito melhor. Mas perfeição... não existe mãe perfeita. Ser mãe é uma cobrança diária. Uma busca por sempre fazer melhor diariamente”, conclui.
Um viva às mães.
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