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Capital

Com 38 alvarás de táxi, grupo familiar presta depoimento à CPI na Câmara

Dos 490 alvarás da Capital, 15,5% concentram-se na mãos de apenas 10 pessoas

Lucas Junot | 05/08/2017 13:11
A comissão investiga supostas irregularidades na concessão do serviço de táxi na Capital (Foto: Marcos Ermínio)
A comissão investiga supostas irregularidades na concessão do serviço de táxi na Capital (Foto: Marcos Ermínio)

Quatro integrantes da mesma família foram ouvidos esta semana na quarta fase de oitivas da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga supostas irregularidades na concessão de alvarás de táxi em Campo Grande. Juntos, o grupo detém 38 permissões para explorar o serviço na Capital.

Em março deste ano, quando o assunto veio à tona, o Campo Grande News apurou que 15,5% dos 490 alvarás da Capital concentram-se na mãos de apenas 10 pessoas.

Orocídio Araujo é casado com Maria Helena Juliace de Araújo e cunhado de Benevides Juliace Ponce, que por sua vez é casado com Gleicekermen Bogarim Godoy Ponce.

Durante o depoimento, foram questionadas a maneira como as sessões de alvarás eram feitas e o valor das negociações, já que os permissionários afirmam que não comercializavam os direitos e sim os bens materiais como carros, taxímetros, telefone e rádio. "As pessoas me procuravam por vários motivos. Alguns queriam encerrar o ramo, outros eram conhecidos, amigos", afirmou Orocídio, empresário do setor de táxi há 36 anos em Campo Grande.

Orocídio possui em sua empresa, 15 alvarás de táxi. A esposa dele possui outros 6. Benevides tem 14 e a mulher dele, outros 3.

Ele e a esposa deixaram claro que, apesar de casados, a administração dos negócios seguia totalmente a parte do relacionamento. "Ela responde pelos negócios dela e eu pelos meus", afirmou.

Durante a conversa com os parlamentares ele chegou a oferecer a disponibilização dos balanços contábeis de sua empresa, no entanto afirmou depois que precisaria falar com seu advogado.

Questionado sobre ter parentes trabalhando no táxi ele afirmou que além da esposa, possui também dois filhos e sobrinhos atuando. No entanto, nem ele e nem a esposa atuam mais como taxistas, se valendo apenas de motoristas autônomos, os chamados curiangos.

Maria Helena chegou a mencionar em seu depoimento que comprou o primeiro carro em 1995 mas que não se recordava de quanto tempo tinha dirigido o veículo antes de terceirizar o serviço para um motorista auxiliar.

Durante as oitivas, Benevides não soube detalhar negociação feita com o cunhado que recebeu dele uma transferência. "Sua esposa também trabalha nesse ramo e o senhor preferiu fazer a doação para o cunhado?", questionou o presidente da CPI, Vereador Vinicius Siqueira (DEM).

Durante a sessão, os membros da CPI decidiram, por votação, convocar para a próxima fase de oitivas, o diretor presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Janine de Lima Bruno, o presidente do Sintáxi (Sindicato dos Taxistas de Campo Grande), Bernardo Quartin Barrios e o presidente do Sindmototaxi, Dorvair Boaventura, conhecido pelo apelido de Caburé.

Denúncia - Durante o recesso parlamentar, o vereador Delegado Wellington (PSDB) chegou a encaminhar à CPI, denúncia de fraude tributária nas permissões. No entanto, durante a reunião de hoje, o presidente da Comissão deixou claro que este não era o foco das investigações e pediu ao Apoio Legislativo que encaminhasse os documentos ao MPE (Ministério Público Estadual) para as devidas providências.

Durante a semana o presidente da CPI apresentou à Casa o requerimento para a prorrogação dos trabalhos da Comissão em 90 dias. O prazo irá a votação durante sessão da próxima terça-feira (8).

As próximas oitivas ainda não foram marcadas.

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