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Capital

Com duas agências, morador das Moreninhas tenta resolver problemas no Centro

Flávia Lima | 15/10/2015 12:39
Agência do Bradesco nas Moreninhas tinha movimento tranquilo na manhã desta quinta-feira. (Foto:Fernando Antunes)
Agência do Bradesco nas Moreninhas tinha movimento tranquilo na manhã desta quinta-feira. (Foto:Fernando Antunes)
Lotéricas registram grande movimento no início da manhã. (Foto:Fernando Antunes)
Lotéricas registram grande movimento no início da manhã. (Foto:Fernando Antunes)

Se a greve dos bancários está atrapalhando a vida de quem mora na região central de Campo Grande, onde a concentração de agências bancárias e postos de atendimento é maior, imagine para quem reside em uma região que, apesar de ser populosa, conta apenas com duas agências bancárias e duas lotéricas.

Com pouco mais de 22 mil habitantes e distante 15 quilômetros do Centro, a região das Moreninhas fica atrás apenas do Aero Rancho em número de habitantes. Mas apesar do crescimento econômico pelo qual o bairro vem passando nas últimas décadas, a chegada das agências do Banco do Brasil e do Bradesco é recente.

No entanto, com a greve dos bancários, que nesta quinta-feira (15) entra em seu 11º dia, a população enfrenta as mesmas dificuldades dos habitantes dos demais bairros da Capital, com o agravante de não ter opção de buscar outras unidades próximas quando, por exemplo, não encontram cédulas nos caixas.

As longas filas formadas nas duas únicas lotéricas também desanimam quem tem contas a pagar ou realizar saques pela Caixa Econômica Federal. Para alguns, a saída tem sido pedir a parentes e amigos, que costumam ir ao centro da cidade com frequência, para realizar os serviços.

Foi o que fez a dona de casa Maria Aparecida Monteiro, que este mês pediu aos filhos para irem até a região central efetuar o pagamento de boletos. Porém, ela ainda depende da reabertura das agências para dar baixa no cartão que pertencia ao ex-marido, cliente do Banco do Brasil.

Na tentativa de sacar R$ 13 mil referentes a venda de um veículo, o comerciante Rick Tavares também recorreu a uma agência do Santander, no Centro da Capital, mas não obteve sucesso. "Fui ontem (quarta-feira) com um amigo, mas o jeito foi realizar quatro transferências para a minha conta porque o valor permitido pela operação, excedia o limite diário", diz.

O pedreiro João Claro dos Santos e o autônomo Nilson Ferraz receberam um cartão de débito novo do Bradesco, mas não conseguiram desbloquear na agência das Moreninhas. Ao saber que a agência do banco localizada no shopping Norte Sul Plaza estaria realizando o serviço, os dois, que desconheciam o endereço, cogitavam ir até o local na tentativa de solucionar o problema. "Precisamos sacar o dinheiro com urgência", afirma Nilson.

Já os que preferem resolver as questões bancárias no próprio bairro também não estão livres de contratempos, como a falta de dinheiro nos caixas eletrônicos.O problema aconteceu com o motorista Johnny Mendes, que não conseguiu realizar o saque na agência do Bradesco e recorreu a uma casa lotérica, mas devido ao limite estabelecido pelo agente, precisou ir quatro vezes ao local para obter a quantia total.

Segundo integrantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores) que estavam na agência na manhã desta quinta-feira, os caixas estão sendo reabastecidos, mas a gerente da unidade preferiu não dar entrevistas não confirmou a informação.

Na agência do Banco do Brasil, que fechou as portas nesta quarta-feira, segundo a população, a dificuldade em realizar saques também pode ser constatada já no feriado. "Não tinha dinheiro e fiquei sem onde recorrer", conta.
Para a educadora Adalgisa de Abreu, a greve não interferiu em sua rotina. Ela diz que como na região há apenas duas lotéricas, o movimento é sempre intenso, por isso continua buscando o local para efetuar o pagamento de boletos e realizar saques. "Procuro ir em horários mais tranquilos e meus saques são sempre de baixo valor", destaca.

Os aposentados Francisco Joaquim de Souza e Diomedes Quintana também buscam as lotéricas em períodos de menor movimento. "Prefiro pegar minha aposentadoria nos caixas internos, mas uso os eletrônicos na hora da emergência ", afirma Francisco.

Além das duas agências e duas lotéricas, o bairro também conta com agentes bancários autorizados, alternativa que não tem ajudado muito, já que, segundo o responsável por um posto de atendimento do Bradesco, o sistema utilizado por esses comerciantes foi bloqueado pela central dos bancos, o que impede a realização de operações.

"Lá no centro tem postos funcionando por causa da demanda. Aqui, como o movimento é menor, fui obrigado a fazer uma greve forçada", conta Rick Tavares, responsável pelo posto e o mesmo comerciante que tentou sacar os R$ 13 mil no Santander.

No local também funciona um loja de móveis, que também pertence a Rick, mas que nos últimos dias não tem gerado muito lucro. "O pessoal está sem grana, com dificuldade de realizar saque de valores elevados, o que dificulta o pagamento à vista", revela.

O comerciante diz que não gosta de trabalhar com depósitos de cheques por não confiar no serviço. "Já ouvi dizer que muito cheque some dos caixas eletrônicos e tenho medo de ficar no prejuízo". afirma. Sem o repasse financeiro pelos serviços realizados no posto autorizado, ele se mostra preocupado com a continuidade da greve, que segue indefinida.

Ele diz que os repasses não são muito significativos, mas contribuem com a renda de seu comércio. Para cada saque efetuado, por exemplo, ele ganha R$ 0,45. Na semana de pagamento de benefícios a aposentados, ele chega a efetuar 600 saques. "É um ganho extra que estou perdendo", reclama.

O autônomo Nilson Ferraz não conseguiu desbloquear o cartão e tentaria realizar o serviço em agência de shopping. (Foto:Fernando Antunes)
O autônomo Nilson Ferraz não conseguiu desbloquear o cartão e tentaria realizar o serviço em agência de shopping. (Foto:Fernando Antunes)
Responsável por um posto de atendimento bancário, Rick Tavares reclama da "greve forçada". (Foto:Fernando Antunes)
Responsável por um posto de atendimento bancário, Rick Tavares reclama da "greve forçada". (Foto:Fernando Antunes)

Greve- A mobilização, que segue paralisação nacional, fechou mais de 95% das agências na Capital. Apenas unidades que oferecem serviços restritos e específicos, como a do shopping Norte Sul Plaza, estão abertas. Das 170 agências que forma a base de atuação do sindicato da categoria em Campo Grande, 143 estão fechadas.

Os bancários reivindicam reajuste salarial de 16%, incluindo reposição da inflação mais 5,7% de aumento real, além de vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche de R$ 788,00 ao mês.

Também consta na pauta, melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral. A categoria também pleiteia mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações.

Na base de Dourados o movimento também segue forte. De acordo com balanço divulgado nesta quarta-feira (14), o quadro de paralisação seguiu inalterado com praticamente 100% de adesão dos trabalhadores.

São 49 agências paradas em 12 municípios. A base é composta por 50 unidades espalhadas por 13 cidades. Destes, apenas uma agência do Banco do Brasil, em Juty, ainda mantém as portas abertas.

Na agência do Banco do Brasil, apenas funcionários terceirizados realizam serviço de compensação. (Foto:Marcos Ermínio)
Na agência do Banco do Brasil, apenas funcionários terceirizados realizam serviço de compensação. (Foto:Marcos Ermínio)
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