Coleta deixa de atender 600 grandes geradores de lixo a partir de hoje
Prefeitura ainda não esclareceu sobre multas a estabelecimentos que deixarem sacolas acumular
Com o fim da última prorrogação por 30 dias, estabelecimentos que produzem mais de 200 litros ou 50 quilos de lixo por dia não terão mais os resíduos recolhidos pela concessionária Solurb em Campo Grande a partir de hoje (1º). Por enquanto, não há sacolas acumuladas nos bairros onde a reportagem passou: Vila Morumbi, Chácara Cachoeira e Vila Cruzeiro.
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A partir de hoje (1º), estabelecimentos que produzem mais de 200 litros ou 50 quilos de lixo por dia em Campo Grande não terão mais os resíduos recolhidos pela concessionária Solurb. A medida, resultado de uma ação do Ministério Público Estadual, afeta entre 300 e 600 locais. Comerciantes, como Reginaldo Barros e Alex Wastowski, já buscam alternativas, mas criticam o aumento de custos. A Prefeitura e a Solurb ainda não se pronunciaram sobre multas por acúmulo de lixo ou notificações aos afetados.
Há cinco anos dono da churrascaria Rei do Churrasco, na Vila Morumbi, Reginaldo Barros desaprova a interrupção. "Isso vai prejudicar muitos comerciantes locais, já que temos cerca de 18 restaurantes e outros estabelecimentos aqui [no bairro]. A prefeitura já cobra por isso através dos impostos, então deveriam manter o padrão atual", afirma.
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O proprietário afirma que já contrata uma empresa só para levar o lixo reciclável. "Eu que faço a separação do lixo. Vidros e papelão eu já nem mandava para a Solurb", descreve.
Alex Wastowski também é dono de churrascaria há cinco anos, a Nativas, que fica no Bairro Chácara Cachoeira. Ele se adiantou contratando empresa para recolher o lixo há um mês, apesar de a concessionária ter firmado acordo para prorrogar o serviço gratuito até o fim de agosto. "Ficou mais caro para mim, mas é um serviço melhor. Eu acredito que vou gastar uns 20% a mais do que eu gastava. Fui atrás disso desde que eu recebi um comunicado. Imagina uma semana de lixo acumulado?", falou.
Uma vantagem para Alex é que a empresa contratada compra as latas de alumínio e papelão recolhidos. "Então abate um pouco do custo", acrescenta.
Já Marcos Antônio Pinheiro, proprietário do restaurante Tempero & Sabor, no Bairro Cruzeiro, não recebeu comunicado da Solurb sobre a interrupção da coleta. Ele acredita que é porque o estabelecimento não atinge a quantidade limite de lixo. Está contando que a coleta continue sendo feita gratuitamente.
"A gente já gera emprego, gera tudo que o município precisa. Pagamos nossos impostos, temos que pagar mais outro agora para tirar o nosso lixo? Complicado", reclamou Marcos.
Multa - O Campo Grande News questionou a Prefeitura de Campo Grande se multas por acúmulo de sacolas nas calçadas começarão a ser aplicadas de imediato. Não houve retorno até a publicação desta matéria.
A Solurb também foi procurada para confirmar se notificou todos os afetados que não vai mais prestar o serviço. A concessionária disse que se manifestará após consulta ao gerente da empresa.
Interrupção - A medida é desdobramento de uma ação movida pelo MPMS (Ministério Público Estadual) em 2023, que apontou irregularidade na atuação da Solurb fora do contrato de concessão firmado com a Prefeitura de Campo Grande. O pedido de interrupção foi feito após anos de investigações sobre o contrato.
Na época, foi questionado se a atuação da Solurb no setor privado violaria os princípios da modicidade tarifária e da legalidade, já que as receitas obtidas com os contratos empresariais não são revertidas em benefício da população nem resultam na redução da tarifa pública paga pelo município. A apuração do MP apontou que a Solurb faturou mais de R$ 9 milhões com esses contratos entre 2019 e 2021.
Segundo informações já apresentadas pela concessionária, entre 300 e 600 estabelecimentos da Capital se enquadram como grandes geradores de resíduos e serão afetados.
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