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Capital

Creches ficam no papel em bairros onde crianças não têm onde estudar

Aline dos Santos | 12/04/2016 13:22
Ceinf no Vida Nova abriga "noiados" e é alvo de vandalismo. (Foto: Fernando Antunes)
Ceinf no Vida Nova abriga "noiados" e é alvo de vandalismo. (Foto: Fernando Antunes)
Mato avança em obra parada no Vida Nova. (Foto: Fernando Antunes)
Mato avança em obra parada no Vida Nova. (Foto: Fernando Antunes)

Com Ceinfs (Centro de Educação Infantil) de "papel" ou inacabado, a região do bairro Nova Lima tem crianças que vão direto para a escola, sem nunca pôr os pés numa creche. A vaga para Emanuelli, 6 anos, saiu quando a menina já tinha idade escolar. Os irmãos, de 3 anos e seis meses, seguem o mesmo destino. “Não vão para a creche porque não conseguem vaga. A creche fica só na ilusão”, diz Suelen Cruz Cândido, 25 anos.

A família mora no bairro Vida Nova, próximo ao esqueleto de um Ceinf. O portão tem cadeado, mas uma ampla abertura ao lado permite o livre acesso a uma obra tomada pelo lixo e que serve de casa para usuários de drogas, os “noiados” como relatam os moradores. A obra foi depenada e os vândalos levam da fiação às pias.

“Pelo menos quando era campo de futebol isso aqui era limpo”, afirma Suelen. No Nova Lima, vizinho ao Vida Nova, levantamento da prefeitura de Campo Grande, divulgado no ao passado, aponta que duas creches tiveram 0% de execução. As unidades deveriam ficar nas ruas Firmo Cristaldo e Botafogo. Nessas ruas, nenhuma placa indicativa de futura obra.

“Mas faz muita falta, porque a gente precisa. Tem um Ceinf no Nova Lima e um no Oscar [Salazar]. Fiquei dois anos na espera, mas não saiu vaga”, conta a servidora pública Ana Rocha, 48 anos. A longa espera foi para que a neta de 6 anos frequentasse o Ceinf, mas a vaga não saiu e ela entrou direto no ensino fundamental.

Suelen conta que  filhos não conseguem vaga em Ceinf. (Foto: Fernando Antunes)
Suelen conta que filhos não conseguem vaga em Ceinf. (Foto: Fernando Antunes)

Dona de um lava jato no bairro Nova Lima, Cintia Alves do Nascimento, 28 anos, relata que testemunhou a tentativa frustrada para que a sobrinha conseguisse vaga no Ceinf. “Minha cunhada desistiu e teve que pagar para uma pessoa cuidar”, afirma.

Ao todo, são nove creches com 0% de execução na Capital. A situação foi parar na Justiça. A Defensoria Pública pede que a prefeitura finalize 26 Ceinfs. Do total, 16 têm obras paralisadas, um está em fase de construção e nove aguardam ordem de serviço da administração municipal.

O déficit na educação infantil chega a 10.971 vagas na Capital, enquanto os 26 Ceinfs representam mais 6.240 crianças nas creches. Com pedido de liminar, a Defensoria quer que o município seja proibido de efetuar gasto com publicidade até a final conclusão e entrada em operação das escolas de educação infantil.

Conforme o defensor Fábio Rogério Rombi da Silva, o município não tem interesse na finalização das obras porque depois terá de arcar com a contratação de profissionais e manutenção dos prédios. A ação tramita na a Vara da Infância, Juventude e do Idoso desde 8 de março.

Conforme levantamento, rua Firmo Cristaldo, no Nova Lima, tem obra de Ceinf com 0% de execução. (Foto: Fernando Antunes)
Conforme levantamento, rua Firmo Cristaldo, no Nova Lima, tem obra de Ceinf com 0% de execução. (Foto: Fernando Antunes)
Rua Botafogo, no Nova Lima, também está na lista para ter obra de creche. (Foto: Fernando Antunes)
Rua Botafogo, no Nova Lima, também está na lista para ter obra de creche. (Foto: Fernando Antunes)
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