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Capital

Defesa diz que lutador estava “possuído” quando matou engenheiro

Julgamento começou por volta das 8h; expectativa é que o veredicto saia até o final da tarde

Luana Rodrigues e Adriano Fernandes | 27/04/2017 17:17
Advogado Juliano Quelho, com bíblia nas mãos. (Foto: Adriano Fernandes)
Advogado Juliano Quelho, com bíblia nas mãos. (Foto: Adriano Fernandes)

Com a bíblia nas mãos e a ajuda de um pastor, a defesa de Rafael Martinelli Queiroz, 29 anos, tenta provar no Tribunal do Júri que o lutador de jiu-jitsu espancou até a morte o engenheiro Paulo Cézar de Oliveira, 49 anos, porque estava “possuído por um demônio”. O acusado está sendo julgado desde a manhã desta quinta-feira (27), no Fórum de Campo Grande.

Pela manhã, o teólogo e pastor Mauro Luiz Ferreira da Silva, prestou depoimento a pedido do advogado de defesa, Juliano Quelho, e levantou a hipótese de que Rafael estaria envolvido por forças sobrenaturais no momento em que cometeu o crime. Tanto o pastor, quanto o advogado, que usou a palavra no período da tarde, fizeram citações a bíblia para sustentar a versão de possessão demoníaca do réu.

“Se a carta de Chico Xavier já foi usada em julgamento, porque a Bíblia também não serve? Era nítido que ele estava descontrolado, falando sozinho e sem camiseta. Peço a absolvição de Rafael, porque ele não era capaz de reagir ao que ele estava fazendo, que tenham piedade, clemência desse homem, cadeia não vai resolver o problema dele. Caso não seja possível uma absolvição, que ele seja encaminhado, no mínimo, para um clínica psiquiátrica”, disse o advogado aos jurados.

A promotora Livia Carla Guadanhim Bariani, por sua vez, argumentou aos jurados que esta hipótese envolvendo questões religiosas é irrelevante. “O MPE(Ministério Público Estadual) não aceita a alegação de que uma pessoa que saiu enfurecida por um corredor, destruiu câmeras de segurança, arrombou três portas, até achar uma vítima que ele matou a cadeiradas, não tinha a mínima consciência do que estava fazendo, isso é absurdo”, considera a promotora.

A acusação afirmou que concorda com o laudo técnico que apontou transtorno psicológico borderline no réu, mas criticou o uso do argumento de ele estivesse possuído. “Não foi o destino ou demônio que fez Rafael matar Paulo, ele (o acusado) tinha a mínima consciência do que estava fazendo”, disse.

Júri - O lutador é de Valparaíso (SP) e veio a Campo Grande para participar de um evento de lutas realizado no Círculo Militar. Porém, não competiu na noite de sábado (18 de abril), como era previsto, e foi para o hotel, na avenida Afonso Pena, por volta das 22h.

Queiroz foi até o quarto 221, onde estava hospedado com a namorada de 24 anos quando teve início uma discussão envolvendo traição. Ele bateu na mulher que, amedrontada, fugiu pelos corredores e pediu socorro na recepção. Ela estava gestante.

Ao sair enfurecido do quarto, Queiroz destruiu tudo o que encontrou pela frente, até se deparar com o engenheiro Paulo Cézar que havia acabado de abrir a porta de seu apartamento, o 216, para ver o que estava acontecendo. A vítima, que era de Batatais (SP), foi morta espancada e a cadeiradas.

O júri é composto por sete pessoas, sendo cinco mulheres e dois homens. No banco dos réus, o lutador que está visivelmente mais gordo, só participou do início do júri. Ele não acompanha os depoimentos. Rafael tem quase dois metros de altura e na época pesava 140 quilos. Já a vítima pesava cerca de 70 quilos e tinha 1,68 metro de altura.

Muito abalada, a família de Rafael acompanha o júri. A casa está lotada, principalmente de acadêmicos de Direito. O réu aguardou o julgamento preso em cela especial do Instituto Penal.

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