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Capital

Denúncia de salões de beleza alerta para uso de equipamento de proteção

Clientes relataram que cabeleireiros não estavam usando máscara, luvas e óculos durante procedimento químicos.

Anahi Gurgel | 02/05/2017 06:25
Denúncia de salões de beleza alerta para uso de equipamento de proteção
Na tarde desta sexta-feira (28), cabeleireiro realizava procedimento com produtos químicos em salão de beleza, que possui sistema de exaustão, conforme exige a lei. (Foto: Marcos Ermínio)

Proprietários de dois estabelecimentos de Campo Grande foram denunciados por não exigirem de seus funcionários o uso de EPI (Equipamentos de Proteção Individual) durante procedimentos com produtos químicos, como alisamento, coloração e descoloração.

Durante a realização desses serviços estéticos é obrigatório o uso de máscaras, luvas e óculos para não expor os profissinais aos componente químicos, conforme resolução n° 196, da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), que dispõe sobre o regulamento técnico para o funcionamento do serviço de estética e de embelezamento, e ainda norma regulamentora nº 6, do Ministério do Trabalho, que estabelece regras à proteção desses funcionários. 

As queixas foram levadas ao Sindiprocab (Sindicato dos Proprietários e Salões de Barbeiros, Cabeleireiros e Esteticistas Autônomos de Mato Grosso do Sul) que, anualmente, recebe cerca de 60 denúncias de estabelecimentos que não incentivam o uso de EPIs dos profissionais.

“Quando recebemos denúncias, tentamos primeiro o diálogo com o proprietário ou administrador do negócio, explicando sobre a importância do uso de equipamentos de proteção. Se não tiver solução, solicitamos suporte da Vigilância Sanitária”, afirma a presidente da entidade, Lucimar Roza.

Ela acredita que pelo menos três mortes de cabeleireiros da Capital, que aconteceram em 2016 e 2017, estariam relacionadas à exposição das vítimas com componentes tóxicos. “Soube que eles trabalhavam em lugares fechados e faziam serviços estéticos com uso de química sem proteção nas mãos, nariz, boca e olhos”, relata. “É praticamente um crime o empresário não cobrar isso dos seus funcionários”, pontua.

Denúncia de salões de beleza alerta para uso de equipamento de proteção
Cliente fazendo escova progressiva em salão de estética na região central da cidade, nesta sexta-feira (28). (Foto: Marcos Ermínio)

No centro de Campo Grande, equipe de reportagem visitou alguns salões de beleza para verificar o uso de EPI.

Em um deles, localizado em centro comercial da Avenida Afonso Pena, foi feito investimento em 2 exaustores portáteis próprios para procedimentos de alisamento de cabelos.

“Como o local é pequeno e fechado, sem janelas, ligamos os aparelhos toda vez que usamos secador e chapinha, que exalam a fumaça muito forte do produto”, disse a sócia-proprietária, Ivani Aparecida Cenali, 56.

Em outra empresa, a aposta também foi no sistema de exaustão, que custou aproximadamente R$ 32 mil. “As clientes começaram a reclamar muito, porque ficavam quase 20 profissionais fazendo química ao mesmo tempo e era uma fumaça terrível, de arder os olhos. Agora os dois equipamentos instalados renovam o ar e deixam o ambiente fresco”, disse a empresária Rosiane Soto Lopes, 31.

Ela afirma que a Vigilância Sanitária faz vistoria no local a cada 3 meses e que acha essa fiscalização importante para garantir a segurança de clientes e funcionários. “Também comprei uma autoclave, que me foi exigido”, disse.

Em nenhum dos salões os funcionários usavam máscaras.

De acordo com a assessoria de imprensa da Vigilância Sanitária, as vistorias são realizadas pelo Sefis (Serviço de Fiscalização de Estabelecimentos de Interesse à Saúde), setor responsável por fiscalizar o cumprimento da regulamentação.

"Todas essas ações são programadas a partir de um mapeamento dos salões, que são fiscalizados diariamente", informou. No entanto, a assessoria não repassou outras informações solicitadas pelo Campo Grande News, entre elas o número de estabelecimentos na Capital notificados nos últimos anos e punições aos proprietários.  

Denúncia de salões de beleza alerta para uso de equipamento de proteção
Exaustor próprio para procedimentos estéticos foi adquirido para amenizar fumaça química em salão de beleza de Campo Grande. (Foto: Marcos Ermínio).

Campanha de conscientização – No mês de junho, o Sindiprocab vai iniciar uma campanha de prevenção à saúde de cabeleireiros e esteticistas em Campo Grande.

O objetivo é conscientizar empresários, profissionais e consumidores sobre os riscos de não se usar equipamentos de proteção.

“Queremos atingir principalmente salões de estética que ficam em lugares fechados, como apartamentos e galerias comerciais, sem nenhuma ventilação, apenas com ar condicionado. Ficam lá dezenas de profissionais, respirando químicas de procedimentos como coloração, descoloração, escova progressiva, esmaltação, unhas em gel, que muitas vezes são realizados no mesmo ambiente”, explica a presidente. 

Denúncia de salões de beleza alerta para uso de equipamento de proteção
Sistema de exaustão foi instalado em estabelecimento de estética no centro da Capital, para renovar ar durante alisamentos, coloração e descoloração. (Foto: Marcos Ermínio)

A campanha terá parceria com o órgão fiscalizador e profissionais da área médica para que informações sobre as doenças que o contato direto com produtos tóxicos pode provocar.

De acordo com Lucimar, muitos problemas de saúde são comuns em pessoas que atuam nesse ramo, como dores na coluna, descolamento de retina, dermatites, complicações respiratórias e alergias que causam coriza, ressecamento na garganta e olhos avermelhados.

“Eu mesma adquiri uma catarara invertida em 2007 que, segundo o oftalmologista, foi adquirida pelo contato com produtos químicos”, conta.

Atualmente, existem 15 mil estabelecimentos de estética em Campo Grande e 32 mil profissionais registrados, entre cabeleireiros, depiladores, maquiadores, pedicures, manicures e designers.

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