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Capital

Diversão da molecada nos bairros da cidade, pipa no céu pode ser fatal

No bairro Paulo Coelho Machado, pipa com cerol cortou o pescoço de um cavalo

Kerolyn Araújo | 24/12/2018 11:48
Aos domingos à tarde, 'pipeiros' costumam se reunir em área no bairro Paulo Coelho Machado. (Foto: Marina Pacheco)
Aos domingos à tarde, 'pipeiros' costumam se reunir em área no bairro Paulo Coelho Machado. (Foto: Marina Pacheco)

Pipas no céu são fáceis de encontrar em bairros de Campo Grande, principalmenre nas regiões mais periféricas, e fazem a festa da gurizada. Durante os próximos dois meses, época de férias escolares, a disputa por um espacinho nas alturas aumenta. Mas, o que parece ser só mais uma brincadeira de criança, pode ser fatal.

No bairro Paulo Coelho Machado, na região do Jóquei Clube, as tardes de domingo são marcadas por pipas no céu. Crianças, adolescentes e adultos se reúnem em um espaço na rua Delegado Alfredo Hardman onde fazem uma competição: ganha o 'pipeiro' que manter o 'papagaio' por mais tempo no alto. O problema é que, para isso, muitos usam cerol e até mesmo a linha chilena, que tem venda proibida em Mato Grosso do Sul, para derrubar as pipas dos adversários.

Gurizada invade até o matagal em busca das pipas. (Foto: Marina Pacheco)
Gurizada invade até o matagal em busca das pipas. (Foto: Marina Pacheco)
Linha na pipa de menino pode ser fatal. (Foto: Marina Pacheco)
Linha na pipa de menino pode ser fatal. (Foto: Marina Pacheco)

O menino *Rodrigo, 14 anos, aproveita o período de férias para frequentar o local na companhia dos amigos. Ele explicou que a brincadeira foi barrada pela polícia no bairro por algumas semanas, após uma linha de pipa com cerol cortar o pescoço de um cavalo que estava na região. ''Mas vocês usam cerol?'', perguntou a equipe de reportagem. Com um sorriso sem graça e meio sem jeito, ele mostrou a rabiola da pipa. ''É linha chilena", disse.

Proibição - Apesar de continuar nos céus de Campo Grande, o cerol, que é feito artesanalmente com uma mistura de vidro moído e cola, continua sendo usado.

A Lei n° 3.436, de 19 de novembro de 2007 proíbe a utilização de cerol ou qualquer outro tipo de material cortante nas linhas de pipas ou similares. A legislação prevê multa para quem descumprir a lei. No caso do infrator ser menor de idade, quem responde são os pais ou responsáveis.

No final do ano passado, a Lei n° 5.111, de autoria do deputado Paulo Siufi (MDB), proibiu a venda da linha chilena no Estado.

Arara com a asa sagrando na caixa onde foi colocada para o transporte até o Cras (Foto: Polícia Municipal/Divulgação)
Arara com a asa sagrando na caixa onde foi colocada para o transporte até o Cras (Foto: Polícia Municipal/Divulgação)

Vítimas - Campo Grande e várias cidades do interior do Estado já registraram vários acidentes com motociclistas vítimas dos dois materiais. Porém, não é apenas os humanos que sofrem com a situação.

Em agosto de 2017, uma arara Canindé, também conhecida como “barriga amarela”, foi resgatada pela Polícia Municipal no Jardim Itália. Ela estava em uma árvore e parte de uma das asas havia sido cortada por uma linha com cerol.

Fiscalização - A Polícia Municipal de Campo Grande disse ao Campo Grande News que a fiscalização contra pipa com cerol ou linha chilena é constante.

Anualmente, em época de férias escolares, a Polícia Municipal faz operação contra o uso de cerol e linha chilena nas sete regiões da cidade.

Denúncias sobre o uso dos produtos podem ser feitas por meio do 153.

*Rodrigo é um nome fictício para preservar a identidade do adolescente.

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