Dobrando quarteirão, fila de bazar tem briga e família que chegou meia-noite

Bastou anunciar produtos a partir de R$ 10,00 no bazar da AMA (Associação de Pais e Amigos do Autista de Campo Grande) para a fila se formar desde a meia-noite. Quem passa pela Avenida Bandeirantes, na manhã deste sábado (7), se depara com a cena de uma fila quilométrica que vira o quarteirão e vai até a Rua 26 de Agosto.
Apesar de estar todo mundo de máscara, se vê que o distanciamento não é respeitado. A fila tem de tudo, inclusive, aglomeração, briga por preferencial e até "formação de quadrilha" de uma família que fez questão de passar a noite esperando para comprar produtos.
O bazar abriu as portas às 8h e estava previsto para fechar às 17h, isso se ainda tiver produto a ser vendido até lá. Com mercadorias apreendidas pela Receita Federal, estão sendo vendidos celulares, sons automotivos, brinquedos, eletrodomésticos, roupas de inverno, garrafas térmicas, perfumes e tapetes.
O preço é para lá de convidativo, vai de R$ 10,00 até R$ 350,00 e é o que explica o tamanho da fila. Nora de Souza, de 59 anos, chegou a enfrentar o fim da fila, lá atras, quando, segundo ela, foi alertada de que poderia ir para a "fila preferencial".
"Eu já estava no fim da fila, quando me incentivaram a vir para cá entrar na fila preferencial. Só que, quando eu cheguei aqui, questionaram. Eu tenho um filho autista, não posso deixá-lo muito tempo sozinho. Precisavam ter organizado melhor, na Pestalozzi, toda vez que tem bazar fazem a fila preferencial", argumenta.
À espera de chegar sua vez na fila preferencial formada por conta própria entre os clientes, Nora queria comprar casacos e brinquedos.
A organização não conseguiu nem parar para conversar com o Campo Grande News, devido a tamanha movimentação.
A "quadrilha" formada por uma família e um amigo foi quem chegou à meia-noite para comprar. Os primeiros da fila vieram cada um de uma região: Rita Vieira, Paulo Coelho Machado e Jardim Colibri.

"Como é sábado, a gente pensou de chegar 2h da manhã, mas minha mãe resolveu que chegaríamos meia-noite. Ela que é a chefe da quadrilha do bazar", brinca Thales Carvalho, de 18 anos.
Vendedor ambulante, ele estava de olho em casacos e como eram os primeiros da fila, conseguiam visualizar peças e preços. "Vamos levar, pelo menos, colchão inflável e casacos", diz Thales.
Podóloga, Fernanda Bittencourt, de 41 anos, chegou 5h30 da manhã na fila e já ficou do meio para o final. Na lista de compras dela, estão casacos de inverno. "Não concordo com fila preferencial, isso só serve para banco, essas coisas. Aqui no bazar, entra quem chega primeiro", descreve.
Toda a renda adquirida com a venda dos produtos será revertida para o custeio das despesas da AMA, que, atualmente, atende 113 crianças, adolescentes e adultos com transtorno do espectro do autismo, conhecido como TEA.
O bazar estava previsto para terminar às 17h, mas pode ser que as peças se esgotem antes. A AMA fica na Avenida Bandeirantes, 215, no Bairro Amambaí.