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Capital

Dupla carbonizada foi julgada em tribunal do crime após trocar cocaína por gesso

Além de dupla morta, outras três pessoas foram condenadas durante "tribunal", mas conseguiram fugir

Por Dayene Paz e Antonio Bispo | 18/12/2023 13:04
Polícia Civil divulgou foto dos procurados pela execução de Thiago e Marcelo. (Foto: Divulgação)
Polícia Civil divulgou foto dos procurados pela execução de Thiago e Marcelo. (Foto: Divulgação)

Encontrados carbonizados dentro de um carro, no dia 24 de julho, em Campo Grande, Thiago Brumatti Palermo, 30 anos, e Marcelo dos Santos Vieira, 45, foram vítimas do chamado "tribunal do crime" do PCC (Primeiro Comando da Capital) após trocarem 40 quilos de cocaína por gesso. Além deles, outros três homens também foram condenados à morte naquela data e conseguiram escapar.

Os corpos de Brumatti e Vieira estavam dentro de um Ford Fiesta, na Avenida Wilsom Paes de Barros, que tem continuação com a Avenida General Carlos Alberto de Lima, no Bairro São Conrado, passando pelos fundos do aeroporto e ligando ao Bairro Nova Campo Grande. A região é conhecida como um trilheiro e até local de desova.

Após a localização das vítimas, a DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa) passou a investigar as circunstâncias do caso. Diligências foram feitas, inclusive, em outros dois estados - Paraná e São Paulo - e descobriu uma organização criminosa voltada ao tráfico de drogas. Thiago e Marcelo integravam esse grupo.

"O grupo pegava a droga na fronteira, armazenava em Campo Grande e posteriormente o entorpecente seguia em um carro para São Paulo", explicou o delegado responsável pela investigação, Carlos Delano, durante coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (18).

O delegado disse que Thiago e Marcelo eram os responsáveis por armazenar essa droga em uma casa alugada no Jardim Los Angeles. "Eles tinham o papel de colocar a droga no carro e entregar preparado para a pessoa que fosse levar para SP".

Delegado Carlos Delano durante coletiva de imprensa sobre o caso. (Foto: Divulgação)
Delegado Carlos Delano durante coletiva de imprensa sobre o caso. (Foto: Divulgação)

Mas, o que acabou na sentença de morte foi quando os dois tentaram ludibriar a quadrilha. "Trocaram 40 quilos de cocaína, de uma carga que passava de 100 quilos, por placas de gesso", revela Delano. Marcelo precisava vender a droga e então pediu ajuda para outros dois homens, que não sabiam que a carga havia sido trocada.

Furto - Esses dois homens descobriram onde a droga estava, foram até o imóvel no Los Angeles e furtaram os mais de 100 quilos de cocaína com o gesso. "Os donos da droga passaram a procurar pelos dois, que estavam jurados de morte", explica o delegado. Vendo o cerco fechando, a dupla que furtou a droga entrou em contato com uma liderança do PCC em São Paulo e pediu ajuda para intermediar a devolução da cocaína.

Foi quando os donos da carga descobriram que parte da droga era gesso. "Falaram que não poderiam devolver toda a carga que foi furtada, porque parte dela era gesso. Foi quando o dono descobriu que havia sido enganado por Marcelo e Thiago", fala Delano. A dupla e os ladrões da carga, então, passariam pelo tribunal do crime do PCC.

O julgamento - No dia 22 de julho, os criminosos buscaram Thiago e o levaram para um imóvel no Jardim Itamaracá. Já durante a tarde, chegaram Marcelo e os ladrões da carga. "Nesse tempo, um dos líderes desconfiou de mais um homem que estava no local, que ele tivesse envolvimento com Thiago e Marcelo. Esse homem também foi julgado", explica o delegado.

Na madrugada de sábado para domingo, os cinco foram levados para outra casa, no Bairro São Conrado, e ao longo do dia foram julgados. "Domingo à noite, Thiago foi morto estrangulado com uma corda e colocado no porta-malas de um carro. Os dois que furtaram a droga foram amarrados e também colocados no porta-malas. Já Marcelo foi deixado no banco de trás do mesmo carro, com pés e mãos amarradas, mas vivo", conta.

O delegado explica que na sequência, eles foram levados para uma estrada e o carro foi incendiado. "Os dois que estavam amarrados no porta-malas conseguiram se desamarrar e sair antes de serem queimados". A polícia não revelou a quem o carro queimado pertencia.

Carro incendiado, onde vítimas foram localizadas. (Foto: Direto das Ruas)
Carro incendiado, onde vítimas foram localizadas. (Foto: Direto das Ruas)

Já o quinto julgado foi levado em outro carro para o local onde seria morto. "No meio do caminho, ele desconfiou que pudesse ser morto, entrou em luta com os dois e foi esfaqueado diversas vezes. Ele pulou do carro em movimento e saiu correndo pelas ruas do Bairro Aero Rancho", detalha.

O homem procurou socorro na unidade de saúde do bairro, foi levado para a Santa Casa e sobreviveu. Ele também foi indiciado.

A investigação levantou que um dos homens que escapou do porta-malas fugiu para o Paraná. Ele, que sofria de doença renal e precisava de diálise, não conseguiu atendimento a tempo e morreu naquele estado. O segundo que fugiu do carro em chamas foi identificado, chegou a ser preso e agora responde em liberdade.

Identificação - A DHPP chegou à identificação de nove pessoas envolvidas no crime, que foram indiciadas. Até o momento, três foram presas: um homem de 25 anos, no estado de SP; um homem de 35 anos, dono da casa no São Conrado onde ocorreu o julgamento; e um terceiro de 20 anos, motorista do carro que levava a vítima que foi esfaqueada diversas vezes.

Agora, a polícia procura: Diogo Guilherme da Silva Firmino, de 27 anos, que participou do julgamento no São Conrado; Cristiago Nunes Dutra, de 37 anos, dono da primeira casa no Itamaracá e um dos líderes do grupo que envia droga para São Paulo; Cleber Laureano Rodrigues Medeiros, 48 anos, liderança do PCC em SP, que foi procurado pelos ladrões da cocaína; e Cézar Augusto Rocha Gonçalves, 22, que desferiu as facadas no homem dentro do carro.

Cleber e Cézar têm passagens criminais pelo crime de furto. A vítima queimada no carro, Marcelo, não tinha ficha criminal. Já Thiago Brumatti tinha passagem por tráfico de drogas na Bahia. A Polícia Civil acredita que há mais pessoas envolvidas no julgamento do PCC e continua a investigação.

Os nove indiciados responderão por homicídio qualificado, homicídio tentado, destruição de cadáver, tráfico de drogas e envolvimento em organização criminosa.

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