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Capital

"Ela tinha muitos sonhos", diz filho de enfermeira levada pela covid-19

Vítima da doença causada pelo novo coronavírus, Dirce morreu no hospital que trabalhou por 41 anos

Marcos Rivany | 15/01/2021 18:10
Filho acompanhado da mãe, Dirce Barbosa, vítima da covid. (Foto: Arquivo Pessoal)
Filho acompanhado da mãe, Dirce Barbosa, vítima da covid. (Foto: Arquivo Pessoal)

Emocionado e com a voz trêmula de quem suspirava a dor da tristeza de perder a mãe, Douglas Barbosa de Oliveira, de 42 anos, contou a história da pessoa que “era tudo” na vida dele e que de uma hora para outra perdeu a batalha contra a covid.  O ‘ringue’ foi a cama de um leito de UTI do hospital que ela trabalhou por 41 anos.

Dirce Carvalho Barbosa tinha 65 anos. Ela morreu na última quarta-feira (13).

Em quase 10 minutos, o relato que mais serviu como desabafo trouxe o olhar de quem perdeu uma parte de si. “Minha mãe era meu pai, meu irmão, meu companheiro. Lá em casa era só eu e minha mãe”, lembrou o filho único da mãe que era única pra ele.

Dirce foi internada no dia 7 de dezembro, dias depois, o vizinho de leito foi o filho. Os dois ficaram entubados. Na história emocionante, o que parecia ser uma despedida, segundo Douglas.

Depois de alguns dias internados, ela acordou, me viu e a gente conversou bastante. Agradeci por tudo, de ser um homem digno que ela me ensinou. Parecia que ela queria me ver, pra poder descansar. Depois eu fui pra enfermaria e ela começou a arruinar, pra eu não ver”, contou Douglas.

A força do filho foi justamente ver os gestos que mãe fazia já que não podia falar, por causa da traqueostomia. “Quando eu vi ela falando comigo, eu tive um combustível a mais para ajudar ela e infelizmente a gente fica triste agora”, afirmou.

Dirce na comemoração do último Natal dela, em 2019. (Foto: Arquivo Pessoal)
Dirce na comemoração do último Natal dela, em 2019. (Foto: Arquivo Pessoal)

Dirce e o filho tinham o mesmo sentimento de cuidado um com o outro e na porta do estado mais crítico da doença que já levou mais de 2.600 pessoas no Estado, o pedido era o mesmo, só mudava a pessoa.

“Cuida do meu filho”, disse a mãe à parentes antes de ser internada.

“Cuida da minha mãe”, disse Douglas a enfermeira responsável por ela.

Trinta e sete dias de luta. Dirce ficou internada por esse período, na Santa Casa de Campo Grande, local onde ela trabalhava desde 1979, como enfermeira.

A resposta do conforto vai chegar pelo tempo para Douglas, como ele mesmo colocou. Agora os sonhos da mãe se tornaram objetivos para ele. “A gente só fica triste assim pela maneira que ela foi, porque tinha muitos sonhos para realizar. Ela descansou e está bem. Eu vou fazer de tudo para realizar os sonhos delas”, concluiu

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