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Capital

Em clima de medo, escolas investem em botão de emergência e curso antiterrorismo

Muitas das medidas são em resposta aos pais, já que pânico se espalhou após massacre em creche de SC

Anahi Zurutuza | 11/04/2023 19:47
Escola Biovilla agora tem botões do pânico em pontos estratégicos; alarme aciona protocolo de segurança. (Foto: Direto das Ruas)
Escola Biovilla agora tem botões do pânico em pontos estratégicos; alarme aciona protocolo de segurança. (Foto: Direto das Ruas)

Com o medo instalado, escolas particulares de Campo Grande também tiveram de dar resposta rápida aos pais de alunos e estão investindo em novas medidas de segurança, que vão desde a instalação de botão de emergência até a busca por treinamento antiterrorismo. A ideia agora é saber como agir em caso de invasão como a que houve em Blumenau (SC) no dia 5, mesmo que não haja nenhuma evidência de que algo parecido possa voltar a acontecer e pânico tenha se espalhado com falsos anúncios de novos atentados viralizados pelas redes sociais.

Na Escola Biovilla, localizada no Bairro Rita Vieira, tecnologia e segurança sempre foram aliados. Além de câmeras de segurança em todos os ambientes e software usado para o controle da saída dos alunos, neste ano, as portas foram trocadas e novo sistema automatizado foi instalado para controlar quem entra e quem sai do prédio. “O controle é feito através de senhas e cartões de liberação de acesso. Então, só entra quem realmente está autorizado”, explica o diretor Bruno Buytendorp.

Câmeras de segurança monitoram todos os ambientes do colégio no Rita Vieira. (Foto: Direto das Ruas)
Câmeras de segurança monitoram todos os ambientes do colégio no Rita Vieira. (Foto: Direto das Ruas)

O responsável pelos cerca de 300 alunos conta ainda que, na semana passada mesmo, contratou mais um serviço da empresa que faz a segurança monitorada da escola e botões do pânico foram instalados em pontos estratégicos. Além de emitir alarme sonoro capaz de avisar professores, funcionários e a vizinhança que algo não está bem, o botão avisa a central de monitoramento, que envia equipe imediatamente para o local e chama a polícia.

“Faltava uma comunicação instantânea da recepção com a área interna da escola e nossa com o exterior. Sou muito ligado à tecnologia, por isso, logo depois do que aconteceu, fui atrás dessa providência. Para tranquilizar os pais dos nossos alunos também”, afirma Bruno.

O diretor detalha ainda que a orientação para a equipe caso o botão seja acionado é recolher as crianças do pátio, fechar as salas de aula e cortinas até que haja um aviso de que está tudo bem.

Funcionários do Colégio Adventista durante treinamento de evacuação, em 2019. (Foto: Campo Grande News/Arquivo)
Funcionários do Colégio Adventista durante treinamento de evacuação, em 2019. (Foto: Campo Grande News/Arquivo)

Treinamento – Na Capital, o CAJE (Colégio Adventista Jardim dos Estados) é unidade de ensino privada com expertise no enfrentamento a possíveis invasões ou ataques. Depois que em 2018, aluno de 9 anos entrou armado e se feriu em sala de aula, além da preocupação despertada com o ataque registrado em Suzano (SP), em 2019, a escola treinou funcionários e alunos para evacuação antiterrorismo.

Nos últimos dias, o colégio tem se preocupado mais em conversar com estudantes e pais para conter o pânico. Apesar disso, série de novas medidas estão sendo discutidas e devem ser adotadas nas oito unidades da Educação Adventista de Mato Grosso do Sul, conforme a assessoria de imprensa.

Reação – Audie Salgueiro, presidente do Sinepe (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Mato Grosso do Sul), explica que já teve reuniões com os secretários de Educação e Segurança do Estado, mas que o momento é de buscar conhecimento e especialistas no assunto, antes de agir. “Estamos acostumados a ver esse tipo de coisa no exterior, então nos pegou desprevenidos um ataque dessa magnitude aqui no Brasil”, comenta.

O representante das escolas particulares do Estado afirma que em breve terá protocolo a oferecer. “O Governo do Estado já se colocou à disposição, porque eles têm um programa que já está desenvolvido nesse sentido [treinamentos antipânico] e temos amanhã uma reunião com uma empresa de segurança privada”.

Equipe da Guarda Civil Metropolitana em frente à escola municipal na tarde de ontem. (Foto: Alex Machado)
Equipe da Guarda Civil Metropolitana em frente à escola municipal na tarde de ontem. (Foto: Alex Machado)

Na rede pública – Para tranquilizar pais, alunos, professores e funcionários, a Prefeitura de Campo Grande anunciou nesta terça-feira (11) uma série de providências para reforçar a segurança nas 205 unidades da Reme (Rede Municipal de Ensino) – 106 creches e 99 colégios para estudantes do ensino fundamental. Dentre elas, estão o reforço da ronda escolar e a implantação de canal direto de comunicação das unidades com a Guarda Civil Metropolitana, o popular botão do pânico.

O Governo de Mato Grosso do Sul anunciará novo plano de segurança para as escolas da rede estadual nesta quarta-feira (12).

O cenário – Desde a semana passada, quando o Brasil testemunhou massacre em creche de Blumenau (SC), o medo do “efeito contágio” – ou seja, que novas escolas sejam alvo de ataques sangrentos – se espalha, a cada dia com mais rapidez.

Na semana passada, a PM (Polícia Militar) recebeu seis chamados para ocorrências em escolas de Campo Grande. Chegou a haver revista de alunos, mas as ameaças não passavam de trotes. Nesta segunda-feira (10), chegaram ao Campo Grande News dez denúncias de “atentados” em colégios da rede municipal e estadual da Capital – nos bairros Universitário, Recanto dos Rouxinóis, Pioneiros, Centro Oeste, Aero Rancho, Caiçara, Guanandi, Coophavilla 2 e Lar do Trabalhador. A maior parte delas, feitas pelos pais dos alunos e que também eram alarmes falsos.

Efeito contágio – O Campo Grande News optou por não detalhar as supostas ameaças e nem expor as escolas que tiveram problemas para não contribuir com o “efeito contágio”.

Na semana passada, veículos de comunicação de todo o Brasil anunciaram mudanças nos protocolos de cobertura de ataques em escolas, baseados em recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Ao exibir imagens e contar a história do agressor, a mídia pode favorecer a proliferação de ataques a escolas e creches, por exemplo. O que esses assassinos buscam, dizem estudos, é a notoriedade instantânea, sem se importar com as consequências.

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