Em reunião para pedir cabeça do chefe da Sesai, índios denunciam caos
Um órgão com orçamento em torno de R$ 50 milhões, mas com estrutura precária, que penaliza 75 mil índios em Mato Grosso do Sul. O cenário do Dsei/MS (Distrito Sanitário Especial Indígena) foi mostrado por lideranças e MPF (Ministério Público Federal) ao secretário-substituto da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), Fernando Rodrigues da Rocha, que participa de reunião nesta terça-feira em Campo Grande.
Além da falta do básico para atendimento em saúde, todos cobram a exoneração do chefe do órgão no Estado, Nelson Olazar. Com exibição de vídeo e relatos, foi traçada uma realidade de falta de medicamentos, equipamentos estragados, postos de saúde com rachaduras que ameaçam a estrutura e ambulância sem a menor condição de fazer transporte de pacientes.
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Coordenador do Condise (Conselho Distrital), Fernando Souza declarou que já levou às denúncias ao comando da Sesai em Brasília. “Nós somos ameaçados, qualquer funcionário que abrir a boca vai para a rua”, disse.
Souza reclamou do distanciamento das autoridades, que permanecem nos gabinetes e distante da vida real do povo que atendem. “A questão não pode mais ser vista como um processo de transição, caso atípico ou é mais um índio. Não há diálogo mais em relação à permanência do Nelson”, afirmou.
O procurador Ricardo Pael Ardenghi, que atua em Ponta Porã, mostrou fotos de postos em Paranhos. Um não tinha energia, outro é provisório. “Se chove, ficam 15, 20 dias sem atendimento. Uma ambulância para seis comunidades. O problema da saúde no Mato Grosso do Sul não é privilégio de uma ou outra etnia”, salientou.
Alvo das reclamações, que já levou, inclusive, a ocupação do Dsei em campo Grande, Nelson Olazar declarou que não responde a nenhum processo por denúncia sobre sua gestão. Ele está no cargo há sete anos.
Já Fernando da Rocha sinalizou que veio disposto a dialogar e que, uma eventual exoneração, não deve ser anunciada hoje.