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Capital

Empregada acusa irmã de pecuarista de pagar R$ 50 mil por "susto" em vítima

Há na Justiça várias ações acerca da herança do pai, o produtor rural Ocídio Flores, dono de vasto patrimônio

Dayene Paz | 29/07/2022 12:48
Andreia foi morta em plano armado por empregadas. (Foto: Reprodução das redes sociais)
Andreia foi morta em plano armado por empregadas. (Foto: Reprodução das redes sociais)

Ao confessar o plano frustrado para arrancar dinheiro da patroa, a empregada Lucimara Rosa Neves, de 43 anos, alega que foi procurada pela irmã da pecuarista Andreia Aquino Flores, 38 anos, para "dar um susto" e fazer a vítima assinar um documento. O Campo Grande News apurou que há na Justiça várias ações acerca da herança do pai delas, o produtor rural Ocídio Pavão Flores, morto em 2013 e dono de vasto patrimônio, incluindo imóveis rurais e urbanos, gado, maquinários e empreendimentos.

Andreia foi assassinada no condomínio onde morava, em Campo Grande, nesta quinta-feira (28), após o plano de Lucimara e da filha dela, Jessica Neves Antunes, de 24 anos, dar errado. O objetivo, segundo as autoras, era de tirar R$ 50 mil da vítima. O comparsa Pedro Ben-Hur Ciardulo, apontado como o homem que matou Andréia, receberia R$ 20 mil pelo crime. Ele é procurado pela polícia.

A irmã teria dado carta branca para Lucimara agir. A empregada contou que foi procurada pela irmã de Andreia, que pediu para ela "dar um susto" na vítima, para que assinasse documento que atestava a quitação de uma dívida. Duas semanas antes, Andreia teria rasgado o mesmo documento na "cara da irmã", conforme a funcionária.

Caso conseguisse essa assinatura, a irmã pagaria R$ 50 mil à Lucimara. A empregada alega ter aceito e então planejou um falso assalto, contudo, afirmou que a irmã de Andreia não tinha conhecimento do plano todo.

Lucimara também alegou que não tinha intenção de matar a vítima. Até porque, segundo o relatório policial, Andreia ajudava Lucimara com quantias em dinheiro e mantinha uma relação de confiança com a funcionária, deixando, inclusive, Lucimara usar seu veículo, um Jeep Compass, nas tarefas diárias.

A funcionária trabalhava há cerca de 7 anos com Andréia, mas já era conhecida da família, com passagem pela casa também da irmã, acusada agora de ser a mandante do crime.

Andréia e o pai, pecuarista da região de Ponta Porã. (Foto: Arquivo pessoal)
Andréia e o pai, pecuarista da região de Ponta Porã. (Foto: Arquivo pessoal)

O plano - No dia anterior ao crime, quarta-feira (27), Lucimara procurou o cunhado, Pedro Ben-Hur, e planejou o crime prometendo a quantia de R$ 20 mil ao comparsa. Na quinta-feira (28), as empregadas foram até o atacadista sob pretexto de fazer compras. No local, destravaram o veículo para colocar as compras no porta-malas, quando Pedro entrou no veículo Compass.

Segundo investigadores que tiveram acesso às imagens de câmeras de segurança do estacionamento do atacadista, era impossível que as duas não tivessem visto o homem entrando e sentado no banco traseiro.

Em seguida, o trio seguiu até o condomínio e no trajeto comprou uma arma de brinquedo. Posteriormente, parte dela foi encontrada pela polícia na bolsa de Jessica. Lucimara contou ainda que a filha sabia da encenação de assalto, mas quando o crime foi colocado em ação, tudo saiu do controle e a jovem entrou em desespero.

A tensão fez Andreia reagir e Pedro a esganou até que ela desmaiasse. Ao verem a patroa desacordada, Lucimara e Pedro tentaram jogar água no rosto da vítima para acordá-la, mas sem sucesso, quando perceberam que ela estava morta.

 Em seguida, os três pegaram o corpo e levaram ao andar superior, onde Andreia foi colocada em cima da cama. Para encobrir o crime, eles chegaram a amarrar Andréia depois do assassinato e colocá-la na cama. No entanto, o corpo estava molhado, mas o colchão não, o que levantou suspeita dos investigadores.

Depois, Lucimara pegou o Jeep e levou Pedro até a casa dele, no Bairro Tiradentes, retornando para o condomínio e pedindo socorro.

Foi então que mãe e filha inventaram a história de que foram vítimas de uma dupla de assaltantes para tentar ludibriar a polícia, mas a trama foi esclarecida pela polícia em menos de 24 horas.

Briga por herança - Andreia Aquino vem de família tradicional de Ponta Porã. Filha do casal de produtores rurais Ocídio Pavão Flores e Joana Aquino Flores, donos de vasto patrimônio, incluindo imóveis rurais e urbanos, gados, maquinários e empreendimentos. Dentre as propriedades fazendas nos municípios de Guia Lopes da Laguna e Bela Vista.

O pai morreu em janeiro de 2013 em Dourados em decorrência de infarto sofrido em março de 2012. Ele chegou a ser tratado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, recebeu alta para ser tratado em casa, mas meses tentando recuperação não resistiu. A mãe ainda reside em Ponta Porã e assim como a irmã, Andreia morava em Campo Grande.

Quase 10 anos após a morte de Ocídio, o espólio segue sem ser finalizado. Na Justiça há várias ações acerca da herança. Isso porque Andreia tinha três irmãos, sendo uma por parte de pai e mãe e outros dois, ainda crianças, filhos do pai com outra parceira. A divisão de bens, que inclui desde relógio da marca Rolex de ouro 18 quilates até fazendas avaliadas em milhões, se arrasta há uma década devido à logística da família.

Segundo consta em uma das ações, o patriarca iniciou novo relacionamento em 2005 com mulher residente em Ponta Porã. Da relação nasceram duas crianças, que ainda estavam na primeira infância quando o pai morreu.

A mãe de Andreia ingressou com processo pedindo o divórcio, mas, sem resolução do caso, integra o espólio como viúva. Com a segunda companheira ele mantinha união estável, também de acordo com o que aparece nos autos. Além da judicialização do espólio, Andreia movia ação contra a mãe e a irmã devido à partilha de bens.

O nome da irmã não será divulgado porque até o momento não há provas contra ela.

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