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Capital

Empresa misteriosa e denunciada por corrupção deve vencer licitação

Lidiane Kober | 10/07/2014 17:45
De acordo com o projeto, a esquina da Afonso Pena com a Rua 14 de Julho será uma das monitoradas (Foto: Marcelo Victor)
De acordo com o projeto, a esquina da Afonso Pena com a Rua 14 de Julho será uma das monitoradas (Foto: Marcelo Victor)

Empresa misteriosa e denunciada por corrupção em Tocantins deve vencer a licitação 56/2013 para compra de câmeras de segurança e instalação no Centro de Campo Grande. A Globaltask Gestão e Tecnologia S/A afirma experiência de mais de 10 anos e a implantação de projetos no interior de São Paulo, no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul.

Em três dias de busca, o Campo Grande News conseguiu poucas informações sobre o histórico da empresa. Na internet, consta site da Globaltask, mas com poucos dados e com um telefone de contato inexistente. Registro público, datado de 28 de dezembro de 2010, informa capital de R$ 100 mil e a transformação da mesma em S/A (Sociedade Anônima).

Na época, Fabio Marcelo de Pauli detinha 95% da empresa e seu sócio, Alexandre Ferreira da Costa, o restante. No mesmo período, o engenheiro de telecomunicações, Demétrio Elias Eleftherion, entrou na Globaltask e assumiu a presidência da sociedade, cargo que ocupa até hoje.

Ele é natural de Bragança Paulista (SP), onde também é proprietário da Tercno Bike, que vende bicicletas. Questionado sobre quem é o dono da provável vencedora da licitação do videomonitoramento, Demétrio, enrolou, frisou ser sociedade anônima e não revelou nomes dos proprietários.

O fato é que na época que foi declarada S/A, a Globaltask tinha proprietários, no caso Fábio Marcelo e Alexandre. Hoje, porém, ambos não estão mais na empresa. “Eles venderam”, comentou Demétrio, sem informar quem a comprou.

Também na época que foi criada, a Globaltask informou sede em Campo Grande, na Rua Euclides da Cunha, número 1360 - Sala 06. Hoje, no endereço, ela não funciona mais. “Nos mudamos para Cuiabá, lá há mais isenções de impostos para empresas do setor de informática”, justificou o presidente da S/A.

Enquanto declarava sede em Mato Grosso do Sul, a empresa acabou envolvida em escândalo de corrupção no Tocantins em projeto para instalação de internet banda larga gratuita para sete municípios do Estado. O serviço seria oferecido pela Universidade Federal do Tocantins (UFT).

De acordo com denúncia de empresários à Anatel (Agência de Telecomunicações), houve flagrante desrespeito às determinações constitucionais e legais no Edital n. 30/2010 da UFT que beneficiou a Globaltask. Eles entendem que a o processo tirou a chance de 19 empresas tocantinenses, prestadoras de serviço de comunicação multimídia devidamente autorizadas pela Anatel, de participar do certame em razão das “exigências estapafúrdias”.

“O projeto passou por todos os órgãos de fiscalização e não acharam nada”, frisou o presidente da Globaltask. Indagado, então, sobre projetos de renome desenvolvidos pela empresa, Demétrio disse, inicialmente, não se lembrar de um em especial, diante de vários realizados.

Após insistência da reportagem, citou um exemplo. "Estamos implantando em várias cidades do interior de São Paulo, como em Hortolândia, infovias, que interligam pontos  e garantem o compartilhamento de dados entre escola, postos de saúde e prefeitura. Ao mesmo tempo, desenvolvemos sistema de internet gratuita", relatou. Em Mato Grosso do Sul, ele não soube especificar um trabalho.

Demétrio disse que a empresa tem experiência para atuar em “toda a parte digital”, com serviços de monitoramento, infraestrutura de sistema, de inteligência e de redes. Atualmente, segundo ele, a Globaltask tem cerca de 10 funcionários.

Licitação polêmica - A licitação 56/2013 para compra de câmeras de segurança que serão instaladas no Centro de Campo Grande teve nova etapa na segunda-feira (7), após seguidos questionamentos. A empresa Globaltask Gestão e Tecnologia S/A foi declarada habilitada para fornecer os equipamentos.

Porém, a Num do Brasil Comércio de Material Eletrônico Ltda cogitou apresentar recurso por não concordar com o parecer técnico do IMTI (Instituto Municipal de Tecnologia da Informação), que desclassificou a proposta. A Globaltask apresentou preço de R$ 868.530,26. A proposta é R$ 1,74 abaixo do teto da licitação: R$ 868.532,00

A primeira licitação foi lançada em maio do ano passado. No entanto, o procedimento foi suspenso após questionamentos das empresas participantes. Denúncias também foram feitas à Justiça e ao TCE (Tribunal de Contas do Estado), que interrompeu a licitação.

O processo só foi reaberto em setembro de 2013. A prefeitura tem previsão de instalar as câmeras ainda neste segundo semestre. Os equipamentos serão colocados em pontos com maiores índices de criminalidade, como cruzamento da Afonso Pena com a 14 de Julho, rua 15 de Novembro e entorno do Camelódromo e Feira Central.

Representante da Globaltask e da Num do Brasil apresentaram proposta para disputar a licitação (Foto: Marcos Ermínio)
Representante da Globaltask e da Num do Brasil apresentaram proposta para disputar a licitação (Foto: Marcos Ermínio)
O objetivo do projeto é reduzir a criminalidade no centro da cidade (Foto: Marcelo Victor)
O objetivo do projeto é reduzir a criminalidade no centro da cidade (Foto: Marcelo Victor)
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