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Capital

Empresário morre em delegacia e família alega negligência

Caso aconteceu na madrugada desta sexta-feira (2), após voz de prisão por embriaguez ao volante

Por Gustavo Bonotto | 02/05/2025 20:30
Empresário morre em delegacia e família alega negligência
Veículo conduzido por empresário, no momento da voz de prisão. (Foto: Direto das Ruas)

Preso por embriaguez ao volante após um acidente em Campo Grande, o empresário e arquiteto aposentado Antônio Cesar Trombini, de 60 anos, morreu em cela comum enquanto aguardava para ser apresentado à audiência de custódia. Agora, a família alega negligência por parte da Polícia Civil, afirmando que ele bateu a cabeça durante a colisão, passou mal ainda na delegacia, mas não recebeu atendimento médico — mesmo após pedidos da filha e do irmão, que é médico.

Segundo o boletim de ocorrência, o acidente ocorreu na noite de quinta-feira (1º), na Rua Arthur Jorge, em Campo Grande. Antônio conduzia uma caminhonete Volkswagen Amarok quando colidiu com um Hyundai Creta, dirigido por um homem que saiu ileso, e que tinha como passageira uma mulher que sofreu um corte na cabeça, considerado leve.

O filho dela, policial civil, foi ao local e deu voz de prisão ao empresário. No documento de registro, a Polícia Civil afirma que Antônio apresentava sinais visíveis de embriaguez, como fala arrastada e hálito etílico, e que o teste do bafômetro apontou 0,9 mg/L — valor que configura crime de trânsito.

Na Depac Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), situada no Bairro Tiradentes, Antônio declarou ser hipertenso e fazer uso de remédios controlados. Como houve lesão na outra condutora, o caso seguiu para audiência de custódia, prevista para ocorrer no dia seguinte. Antônio permaneceu detido durante toda a madrugada.

O boletim de ocorrência também relata que, antes de sua morte, Antônio teve acesso ao advogado, momento em que recebeu os medicamentos que estavam com ele no bolso, incluindo remédios para pressão arterial. A família alega que, após receber os medicamentos, ele não foi adequadamente monitorado e não recebeu suporte médico adequado, o que agravou seu quadro de saúde.

Empresário morre em delegacia e família alega negligência
Antônio (direita), ao lado de figuras políticas como ex-vice governador, Murilo Zauith, e a ex-deputada federal, Rose Modesto. (Foto: Direto das Ruas)

O outro lado — Por telefone, a ex-esposa dele, Sandra Roncatti — que é mãe de uma filha do empresário —  afirma que a situação foi mal conduzida desde o início. Segundo ela, Antônio teve um traumatismo craniano na batida e deveria ter sido atendido ainda no local do acidente. “O bombeiro não pôde socorrer, o policial já colocou ele na viatura e levou direto para o Cepol. Na delegacia, ninguém deixou o irmão dele entrar, mesmo sendo médico. Ele morreu porque bateu a cabeça, não por doença”, declarou Sandra ao Campo Grande News.

A família diz que o parecer do Ministério Público, recomendando a soltura, já havia sido emitido. Mesmo assim, segundo eles, a liberação não ocorreu a tempo. “A filha dele passou a madrugada tentando conseguir a soltura. Já havia laudo médico sobre as comorbidades. Quando finalmente foram liberá-lo, ele já tinha morrido”, acrescenta Sandra.

A ex-companheira do empresário também levantou outra questão que considera arbitrária. “Esse mesmo filho da mulher que se colocou como policial, que deu voz de prisão, ele entrou na caminhonete, pegou todos os pertences dele e levou por conta, sendo que ele não poderia entrar na caminhonete sem um mandato”, caracteriza.

Por fim, Sandra destaca que a Polícia Civil informou a apuração do caso pela Corregedoria-Geral. "Um agente que estava no plantão foi identificado pela família como quem teria negado a entrada do irmão médico e o atendimento será apurado", explica.

A causa oficial da morte ainda não foi informada pelo Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), mas a família afirma que o atestado de óbito aponta traumatismo craniano.

O velório de Antônio está previsto para este sábado (3), em horário e local a confirmar. Além de arquiteto, ele era proprietário de um restaurante na Rua 14 de Julho e bastante conhecido no setor empresarial da Capital.

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