Empresas não sabem quanto tempo vão aguentar pagando transporte a funcionários
Com greve dos motoristas pelo segundo dia, jeito é bancar corridas por app para evitar faltas
Gerente de uma unidade da rede Gazin, na Rua 14 de Julho, Robiano Eloir Pereira, de 44 anos, conta que cerca de 15 funcionários da loja dependem diariamente do transporte público, que há dois dias deixa o trabalhador de Campo Grande na mão. Para esse grupo, a empresa passou a arcar com o custo das corridas por aplicativo. “Pelo menos na minha loja, a gente fez isso para que não tivesse impacto. A gente depende do colaborador para atender o cliente, manter o setor organizado e realizar as vendas”, justifica.
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A greve dos motoristas do transporte público em Campo Grande tem levado empresários a adotarem alternativas para garantir a presença dos funcionários no trabalho. Mesmo após determinação judicial para retorno de 70% da frota, o sindicato manteve a paralisação integral pelo segundo dia consecutivo. Para contornar a situação, empresas estão arcando com custos de corridas por aplicativo. Os valores variam entre R$ 30 e R$ 80 por viagem, dependendo da distância e condições climáticas. Empresários relatam preocupação com os custos prolongados e impactos nos negócios, enquanto aguardam resolução do impasse.
Segundo Robiano, dos cerca de 50 funcionários da unidade, alguns não conseguem arcar com o valor das corridas, o que torna o custeio pela empresa essencial. Em dias de tempo firme, quando é possível utilizar aplicativos de moto, o gasto ficou em torno de R$ 100, como ocorreu ontem. Já nesta terça-feira (16), com chuva, os funcionários precisaram usar carros, e a despesa variou entre R$ 200 e R$ 300.

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Para ele, a paralisação do transporte público gera impactos que vão além da logística interna. “Essa última semana, até por conta do tempo chuvoso, o movimento deu uma caída. A greve de ônibus também pesa muito. A gente espera que isso melhore para que nos próximos dias seja possível ter um bom resultado”, relata.
Com a greve dos motoristas do transporte público desde segunda-feira, vários empregadores da Capital têm de colocar a mão no bolso para garantir a presença dos funcionários no trabalho.
Empresária há 38 anos, Leni Fernandes, de 64, adotou a mesma estratégia em seus quatro empreendimentos: Inel Classic – Ótica e Joalheria, Badulaque Acessórios, Prata e Cia e Casablanca Adega e Bistrô.
O lado menos pior é que, segundo Leni, das 52 pessoas que trabalham em suas lojas, apenas seis precisaram do serviço pago pela empresa nesta terça-feira. “Grande parte dos funcionários tem veículo próprio. Para quem não tem, estamos pagando Uber. Não faltou ninguém por conta da greve”, afirma.
Apesar de ser a única alternativa no momento, a empresária demonstra preocupação com o tempo indefinido da paralisação. “Alguns dias a gente consegue absorver o custo, mas vamos aguardar que a situação se resolva da melhor forma possível”, diz. Ela conta que, desde a semana passada, acompanha as negociações com os motoristas para se preparar para o deslocamento dos funcionários.
Para evitar atrasos, os próprios empregados solicitam as corridas pelo celular e enviam o link para pagamento via Pix a um responsável da loja. Dessa forma, mais de um funcionário consegue se deslocar ao mesmo tempo. Segundo Leni, a agilidade é necessária porque o tempo de aceitação das corridas aumentou nos últimos dois dias. Além da demora, os valores também subiram entre ontem e hoje.
Nova rotina - No Assaí Atacadista da Avenida Cônsul Assaf Trad, a administradora Ana Lúcia Jacoby, de 55 anos, relata que a unidade também adotou a mesma medida. Para reduzir atrasos, ela passou a chegar à empresa às 5h para iniciar as solicitações das corridas. Os primeiros funcionários entram às 6h, o que exige a chamada de várias viagens simultaneamente. Por isso, houve atrasos nesta terça-feira por causa da chuva.
Somente entre a manhã e o início da tarde de hoje, foram cerca de 50 corridas solicitadas. Além da logística, Ana também demonstra preocupação com o impacto financeiro. “Estou rezando para essa greve acabar logo. Um ou dois dias tudo bem, mas é uma despesa muito grande”, afirma.
Segundo ela, a média de cada viagem gira em torno de R$ 30. No entanto, nesta terça-feira, uma corrida do bairro Aero Rancho até o atacadista chegou a custar cerca de R$ 80.
Até o momento da publicação desta matéria, a frota de ônibus segue parada por decisão dos motoristas do transporte público da Capital.



