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Capital

“Estou no escuro”, diz Fahd Jamil sobre morte do filho que é mistério há 10 anos

“Fuad” se defendeu de acusação de mandar executar PM para vingar morte de filho “Danielito”

Anahi Zurutuza | 17/06/2021 10:59
Fahd Jamil falou em audiência por videoconferência, acompanhado do advogado de defesa, Gustavo Badaró (Foto: Reprodução)
Fahd Jamil falou em audiência por videoconferência, acompanhado do advogado de defesa, Gustavo Badaró (Foto: Reprodução)

Em interrogatório que durou cerca de uma hora nesta manhã, Fahd Jamil Georges, de 80 anos, se defendeu da denúncia de ser um dos mandantes do assassinado do sargento aposentado da PM (Polícia Militar), Ilson Figueiredo, 62 anos, crime investigado na Operação Omertà. A força-tarefa atribui o homicídio à vingança pela morte de Daniel Alvarez George, o “Danielito”, filho de “Fuad” que sumiu em maio de 2011, aos 43 anos, e foi dado como morto em janeiro de 2020.

Quase todas as perguntas foram respondidas com variações da frase “não sei”, mas ao ser perguntado especificamente sobre a acusação, o réu, que tem fama de ter sido o “Rei da Fronteira”, disse que se tratar de “mais uma” mentira contada a seu respeito. “Pode mandar investigar, não sei dizer... É mais uma acusação mentirosa, falsa, como várias outras que fazem em meu nome”.

Fahd Jamil também foi questionado sobre o desparecimento do filho e sustentou que o mistério o atormenta há dez anos. Disse não saber qual motivo alguém teria para assassinar Daniel. “Já me perguntei 500 vezes”.

O “Rei da Fronteira” relatou que pediu ajuda para a polícia à época e travou investigação particular em busca do paradeiro do filho, mas nunca descobriu o que realmente aconteceu, por isso, não pode dizer que tem suspeita sobre quem seria o executor de “Danielito”. “Concreta, concreta mesmo, eu não tenho nenhuma. Falaram de várias pessoas, mas não quero estar acusando ou suspeitando, porque posso estar acusando um inocente. Não tenho. Infelizmente, estou no escuro”.

Juiz Aluízio Pereira do Santos conduziu interrogatório (Foto: Reprodução)
Juiz Aluízio Pereira do Santos conduziu interrogatório (Foto: Reprodução)

O juiz Aluízio Pereira do Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, perguntou se “Fuad” já chegou a desconfiar que Claudio Rodrigues de Souza, vulgo “Meia Água”, Alberto Aparecido Roberto Nogueira, o“Betão”, e Ilson Figueiredo tivessem envolvimento no assassinato de seu filho. Como discorre a acusação no processo, “as suspeitas acerca da autoria do crime recaem” sobre os três, executados em 2015, 2016 e 2018, respectivamente, de maneira semelhante. O réu respondeu que sequer conhecia essas pessoas. “Não posso afirmar que mataram meu filho”.

Georges é réu junto com o compadre, Jamil Name, o afilhado, Jamilzinho, e o filho, Flavio Correa Jamil Georges. A acusação envolve ainda Melciades Aldana, conhecido como “Mariscal” e apontado como chefe de segurança da família de Fahd, o ex-guarda civil Marcelo Rios, tido como de gerente da organização criminosa da qual os Name são apontados como líderes e que teria sido o responsável por contratar os executores da execução do PM, e Juanil Miranda, apontado como um dos pistoleiros contratados.

Sobre sua relação com “Mariscal”, Georges disse apenas que ele já havia sido funcionário de “Danielito”, que trabalhava como motorista de “Flavinho” e diariamente almoçava em sua casa, em Ponta Porã. “Funcionário do meu filho. Fazia companhia dos meus funcionários lá da casa, mas ele nunca me serviu para nada, absolutamente nada”.

Alvo da Omertà, Fahd Jamil é réu em mais de um processo pelos crimes de organização criminosa, tráfico de arma de fogo, obstrução de Justiça, corrupção e homicídio. Após dez meses foragido, ele se entregou à polícia na manhã de 19 de maio deste ano, no Aeroporto Santa Maria, em Campo Grande. Chegou de avião.

Ele passou 51 dias preso na carceragem do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) e deixou o local, no dia 9 deste mês, para cumprir prisão domiciliar em um apartamento da Capital.

O Kia Stporge onde estava o sargento da PM, Ilson Martins Figueiredo, quando foi executado (Foto: Campo Grande News/Arquivo)
O Kia Stporge onde estava o sargento da PM, Ilson Martins Figueiredo, quando foi executado (Foto: Campo Grande News/Arquivo)

A morte de Figueiredo - llson Figueiredo foi fuzilado na Avenida Guairucurus, em Campo Grande, em 11 de junho de 2018. O carro do policial militar aposentado, que tinha cargo de chefe da segurança na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, um Kia Sportage, foi interceptado por outro veículo onde estava o atirador, uma picape Fiat Toro vermelha. Foram disparados mais de 30 tiros de fuzil AK-47.

O utilitário foi encontrado incendiado minutos depois em estrada vicinal, na saída para São Paulo, próximo à BR-163.

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