Fala de pai sobre pensão fez polícia considerar bebê vítima de feminicídio
A morte de Sophie, com apenas 10 meses, entra para a triste estatística como a 14ª vítima de feminicídio
Antes mesmo de completar o primeiro ano de vida, a pequena Sophie Eugênia Borges, de apenas 10 meses, entrou para a triste estatística como a 14ª vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul em 2025. A caracterização do crime pela condição de mulher se deu pelo desprezo demonstrado por João Augusto Borges, pai da criança e autor confesso do assassinato, ao afirmar que não queria “sustentar duas mulheres”.
RESUMO
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Em Campo Grande, João Augusto Borges foi preso após confessar o assassinato da esposa Vanessa Eugênia Medeiros, 23 anos, e da filha Sophie Eugênia, de 10 meses. O crime, caracterizado como duplo feminicídio, ocorreu na tarde de segunda-feira (26), quando o autor matou as vítimas por esganadura durante seu intervalo de almoço. O suspeito alegou não querer "sustentar duas mulheres" como motivação para o crime. Após os assassinatos, João incinerou os corpos em uma área de mata no bairro Indubrasil. A polícia descartou surto psiquiátrico e trata o caso como premeditado, já que testemunhas relataram ameaças anteriores do autor contra as vítimas.
João foi preso na manhã de terça-feira (27) após matar e incinerar os corpos da esposa, Vanessa Eugênia Medeiros, de 23 anos, e da filha. Segundo o delegado responsável pela investigação, Rodolfo Daltro, o homem será indiciado por duplo feminicídio.
Por definição, feminicídio é o assassinato de uma mulher em razão de sua condição de gênero, geralmente associado a contextos de violência doméstica, abuso ou discriminação. A brutalidade do crime, cometido pelo próprio pai contra uma bebê, gerou comoção até entre os profissionais mais experientes da DHPP (Delegacia Especializada de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa).
De acordo com Daltro, ao ser questionado sobre a motivação do crime, João disse que estava cansado do relacionamento e não aceitava a ideia de sustentar duas mulheres. Esse desprezo, inclusive pela filha ainda bebê, reforçou a tipificação do crime como feminicídio.
O caso – Na tarde de segunda-feira (26), em Campo Grande, João matou a esposa e a filha por esganadura, utilizando a técnica conhecida como "mata-leão", durante o intervalo de almoço do trabalho. Ele era estoquista em uma distribuidora de bebidas e, após o crime, voltou normalmente ao serviço.
À noite, comprou gasolina em um posto e ateou fogo aos corpos, que foram deixados em uma área de mata no bairro Indubrasil. Os restos mortais foram encontrados em chamas por volta das 23h.
João foi preso no dia seguinte, ao tentar registrar o desaparecimento de Vanessa e Sophie. Durante o depoimento, confessou os assassinatos. A polícia trata o crime como premeditado. Uma testemunha relatou à delegacia que, dois meses antes, o homem já havia manifestado a intenção de matar a esposa e a filha — mas, por parecer absurdo, o relato não foi levado a sério na época.
O delegado Rodolfo Daltro classificou João como extremamente frio e sem qualquer arrependimento. A possibilidade de surto psiquiátrico foi descartada.
O crime, investigado como duplo feminicídio, chocou pela violência e insensibilidade do autor, que, segundo os investigadores, narrou o ocorrido com indiferença e naturalidade.
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