Falta até adrenalina para reanimar pacientes do Samu, denuncia Defensoria
Órgão dá 24h para prefeitura explicar desabastecimento de medicamentos essenciais

A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul quer saber como a Prefeitura de Campo Grande está se preparando para situação de emergência no final do ano. O órgão estabeleceu 24 horas para o município se manifestar.
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A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul alertou sobre o desabastecimento crítico de medicamentos e insumos básicos em Campo Grande. A situação é especialmente grave pela falta de adrenalina, medicamento essencial para casos de parada cardíaca e atendimentos do SAMU. O Conselho Regional de Medicina identificou, em vistorias recentes, a ausência de medicamentos essenciais e materiais básicos nas unidades de urgência e emergência. A Defensoria deu prazo de 24 horas para a Prefeitura apresentar um plano de contingência, especialmente considerando as emergências do fim de ano.
De acordo com a coordenadora do NAS (Núcleo de Atenção à Saúde), defensora pública Eni Maria Sezerino Diniz, “Campo Grande enfrenta cenário de iminente colapso”, diante do desabastecimento de medicamentos e insumos básicos, tanto na atenção primária quanto nos serviços de urgência e emergência, segundo ela.
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Denúncias apuradas pelo NAS, segundo a defensora, dão conta de que o município não tem estoque de adrenalina, por exemplo. A medicação é imprescindível para salvar vidas de pacientes em parada cardíaca. A substância também é essencial para os atendimentos do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
“O aumento expressivo na busca por medicamentos, muitos deles de atenção básica que não são de alto custo, evidencia que a rede pública não está conseguindo dar conta das demandas essenciais da população. As unidades de pronto atendimento e os Centros Regionais de Saúde estão completamente desabastecidos de insumos básicos, medicamentos e materiais necessários para assistência”, afirma Eni Maria Diniz.
Médico ouvido pela reportagem na condição de anonimato afirma que dias atrás faltava morfina na rede. O analgésico potente é um dos únicos eficazes para dores agudas. Sobre a adrenalina, ele explica que “a droga é fundamental na área de emergência, principalmente para atendimentos em paradas cardiorrespiratórias”.
Outro servidor do Samu fala em caos. Somente 9 das 14 ambulâncias estão disponíveis e, além disso, faltam várias outras medicações. “Não dispomos de transamin, manitol, morfina, dipirona, atropina, bicarbonato, gluconato de cálcio, medicações fundamentais para o atendimento de emergência. A Vigilância Sanitária fecharia uma clínica particular se não tivesse estas medicações no carrinho de emergência”, detalha.
O segundo entrevistado afirma ainda que equipamentos do Samu estão obsoletos. “Operamos com respiradores velhos e monitores/cardioversores também velhos, com fios remendados pelos funcionários. Outro ponto seria tubo orotraqueal, que não dispomos as medidas adequadas”.
Nesta semana, o CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul) realizou vistorias em unidades de urgência e emergência e identificou cenário de desabastecimento de medicamentos essenciais e insumos básicos nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e nos CRSs (Centros Regionais de Saúde) da Capital.
O CRM-MS realizou diversas fiscalizações ao longo do último período e constatou baixo estoque e, em alguns casos, a completa ausência de remédios indispensáveis ao funcionamento dos plantões. Entre os insumos em falta estão luvas, lençóis, cânulas e outros materiais básicos para o atendimento seguro.
A defensora afirma ainda que o NAS tem percebido alta significativa na taxa de ocupação hospitalar. “Quando a atenção básica não funciona, o sistema inteiro sofre. E é isso que estamos constatando: a rede não está conseguindo fazer frente às necessidades da população”.

A Defensoria Pública expediu ofício nesta quinta-feira à Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) e aos órgãos de vigilância, solicitando informações sobre o planejamento municipal para enfrentamento do desabastecimento. A instituição deu 24 horas para que a administração responda com dados e plano de contingência.
“Não se trata de construir agora um planejamento novo. Um plano já deveria existir, pois a aquisição de medicamentos não ocorre da noite para o dia. Basta informar. Caso não haja resposta ou se o que for apresentado não for minimamente aceitável, a Defensoria irá avaliar medidas jurídicas emergenciais, inclusive acionando o Ministério Público”, explicou a defensora.
A Defensoria Pública instaurou um procedimento administrativo para acompanhar a situação.
Outro lado - A Prefeitura de Campo Grande, por sua vez, informou que “o abastecimento da adrenalina está regular, tanto nas unidades 24 horas quanto no Samu”.
“Quanto ao abastecimento geral, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) destaca que, após amplo trabalho administrativo envolvendo licitações e ajustes orçamentários, cerca de 60 empenhos de medicamentos foram emitidos nos últimos dias, representando mais de R$ 5 milhões em investimentos. Entre comprimidos, frascos e ampolas, aproximadamente 32 milhões de unidades estão com as entregas em curso para serem concluídas nos próximos dias, suprindo toda a rede municipal”, completou em nota.
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