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Capital

Família de Mayara presta depoimento e pede para não ver assassino

A primeira audiência do caso aconteceu na tarde desta quarta-feira (7) no Fórum de Campo Grande

Geisy Garnes | 07/03/2018 18:29
Mayara foi morta aos 18 anos (Foto: Facebook)
Mayara foi morta aos 18 anos (Foto: Facebook)

Foi sem a presença de Roberson Batista da Silva, o Robinho, que a justiça ouviu, na tarde desta quarta-feira (7) as testemunhas de acusação sobre o assassinato de Mayara Fontoura Holsback, morta a golpes de tesoura aos 18 anos. O pedido partiu da família da jovem, que mesmo cinco meses após o crime, se recusou a ver o assassino.

Motivados pela dor e pelo sentimento de revolta, a mãe, o pai, as duas irmãs e um amigo de Mayara, recusaram a presença de Robinho durante a primeira audiência sobre o caso. Nas quase duas horas de depoimento, o suspeito permaneceu em uma sala separado, algemado e escoltado por policiais militares. “A primeira vez que vi ele, ele matou minha filha”, lamentou a mãe da vítima, Ana Fontoura.

Na sala de audiência da 1ª Vara do Tribunal do Júri, as cinco testemunhas detalharam a vida da jovem, o relacionamento dela com Robinho e os conflitos entre o casal durante os quase dois anos de namoro. Juiz, promotor e advogado de defesa, conduziram as perguntas e montaram, mais uma vez, um panorama do crime.

Em cada depoimento, os familiares de Mayara lembraram que ela conheceu Robinho em 2015, quando tinha 16 anos. Pouco tempo depois os dois resolveram morar juntos e a jovem se mudou para o apartamento do então namorado, na Avenida Afonso Pena. Dois meses depois, o suspeito, que na época estava com um mandado de prisão em aberto por tentativa de feminicídio, foi parado em uma blitz e voltou para a cadeia.

Mayara tentou esconder o motivo da prisão, convenceu os pais a emancipá-la e passou a visitar o namorado no presídio. Segundo a família, foi só após o episódio que eles passaram a conhecer quem de fato Robinho era. “Antes ele tratava ela igual uma princesa”, contou a irmã da vítima, Ana Carla Fontoura Dias.

Os meses que o suspeito passou preso se tornaram, segundo as testemunhas, tormento para todos. A situação se agravou em janeiro de 2017, quando Mayara deixou o apartamento em que morava com Robinho, terminou o relacionamento e se mudou para o Universitário, onde morava com o irmão.

“Ele passou dois meses sem saber onde a minha irmã estava, só minha mãe e meu irmão sabiam, pensei que ela tinha ido embora de Campo Grande”, lembrou Viviane Fontoura Holsback. Na data, Robinho tentou localizar a vítima e quando descobriu a casa em que ela estava morando, através da compra em um cartão de débito, passou a fazer ameaças a toda a família.

“Ele pagou um amigo dele para jogar pedra na casa do meu irmão, mandou mensagem falando que se não matasse a Mayara ia jogar soda no rosto dela, para ninguém mais olhar para ela”, lembrou Viviane. Robinho foi descrito como ciumento, possessivo e alguém que não aceitava o fim do relacionamento com Mayara.

Família de Mayara aguardando audiência (Foto: Saul Schramm)
Família de Mayara aguardando audiência (Foto: Saul Schramm)

Motivação - Ao contrário da versão da família, para a polícia Robinho alegou legítima defesa, falou que estava sendo ameaçado pela jovem, que usou cocaína e ingeriu bebidas alcoólicas com a vítima minutos antes do homicídio e reforçou ainda que Mayara trabalhava como garota de programa.

Os depoimentos desta tarde apontaram uma nova motivação para o crime: a de que Robinho não aceitava o fim do relacionamento. Aos poucos, os depoimentos confirmaram que Mayara era garota de programa e que nos meses que estava separada do suspeito, passou a se relacionar com outra pessoa. “Ela queria largar o Robinho para ficar com ele”, contou a mãe da jovem.

Robinho teria aumentado as ameaças nessa época. “Ele sabia com o que ela trabalhava, sabia de tudo da vida dela”, contou Viviane. A irmã de Mayara detalhou que no último ano, foi a vítima quem bancou o namorado dentro do presídio, e que ele chegou a enviar mensagens a ela alegando que “pouparia a vida de Mayara porque ela foi mulher de contar a verdade”.

Durante a audiência, a defesa de Robinho reforçou ainda o alto padrão de vida que o casal tinha e também o fato de mesmo preso o suspeito sustentar as despesas da vítima. Em nenhum momento, a família da jovem soube dizer com o que suspeito trabalhava.

Nova audiência - Duas testemunhas de acusação, o irmão com quem Mayara morava e a suposta proprietária de uma casa de prostituição, não compareceram a audiência e devem ser ouvidas no dia 9 de abril, quando foi agendado os depoimentos das testemunhas de defesa e também do próprio suspeito.

Robinho responde por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio. O crime aconteceu no dia 15 de setembro do ano passado, quando Mayara foi morta por Robinho a golpes de tesoura, no dia em que ele deixou a prisão.

Segundo a perícia, Mayara foi atingida por três golpes, todos no pescoço, todos fatais. Um na traqueia e outros dois na artéria carótida. Para a polícia o suspeito afirma que agiu em legítima defesa, mas não havia sinais de luta no local, nem sujidade, ou qualquer outra substância de baixo da unha da vítima que indique que a vítima reagiu.

Robinho ficou foragido por 51 dias, se apresentou na Deam no dia 6 de novembro e hoje cumpre pena no Instituto Penal de Campo Grande. Ele é indiciado por feminicídio com outras três qualificadores, motivo torpe, que dificultou a defesa da vítima e meio cruel.

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