Família planejava festa de 1 ano de Sophie quando soube de feminicídio em MS
Sophie Eugênia Borges, de dez meses, e Vanessa Eugênia Medeiros foram encontrados carbonizadas
A poucos dias de celebrar o primeiro aniversário da filha, Sophie Eugênia Borges, a jovem Vanessa Eugênia Medeiros, de 21 anos, foi morta de forma cruel junto com a bebê, em Campo Grande. Os corpos foram encontrados carbonizados em uma área de vegetação na noite de segunda-feira (26), e o companheiro de Vanessa, João Augusto Borges, também de 21 anos, foi preso em flagrante. O caso é investigado como duplo feminicídio.
RESUMO
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A irmã da vítima, Wesla Kênia Lima Eugênia, de 27 anos, que mora em Chapadão do Sul e é madrinha da bebê, conversou com o Campo Grande News e revelou que a família está em choque. “É difícil de acreditar. Faltava dois meses para o aniversário da Sophie. Estávamos planejando uma festa com o tema Branca de Neve. A Vanessa ia usar meu vestido de casamento, para combinar com a roupinha da neném. Estava tudo encaminhado”, contou, emocionada.
Vanessa havia se mudado para Campo Grande com o sonho de fazer faculdade. Encontrou João na cidade, começaram a namorar, foram morar juntos e logo veio a gravidez. “Ela estava feliz com tudo. Nunca contou nada de ruim. Uma vez, no fim do ano, nos disse que encontrou mensagens dele com uma colega de trabalho, em que a mulher dizia para ele se separar. Eles discutiram, mas depois seguiram normalmente. Ela nunca disse que ele era agressivo", contou.
Mesmo morando em outra cidade, Wesla conta que sempre deixou claro à irmã que ela teria para onde ir se precisasse. “Eu dizia pra ela: ‘Se acontecer qualquer coisa, me avisa. Mando dinheiro, você pega um ônibus e vem. Aqui você e a Sophie vão estar seguras. Ficam comigo, com meu filho. Vocês duas iam brincar juntas’. A gente sempre tentou mostrar que ela tinha apoio", disse ela.
A jovem diz que, até o último contato, Vanessa aparentava estar bem. “A última vez que falei com ela de verdade foi no dia 16. Depois só trocamos mensagens com vídeos e fotos. No domingo mesmo ela mandou foto da Sophie para a nossa mãe. Estavam passeando, tudo aparentemente normal", disse.
Diferente do que João se aparentava nas redes sociais e para a família de Vanessa, como um pai amoroso, o rapaz se mostrou "frio e calculista", com o que fez durante a noite desta segunda-feira (26). Na manhã de hoje, João entrou em contato com a cunhada, afirmando que Vanessa tinha desaparecido.
“Ele me mandou três áudios dizendo que ela tinha saído na noite anterior para um grupo de mães e não voltou. Disse que ela tinha deixado o celular em casa, mas que ele viu que o aparelho estava online. Depois admitiu que estava com o celular dela", detalhou.
Wesla orientou que ele fosse até a delegacia registrar o boletim de desaparecimento, e durante as mensagens, João disse que não sabia o que fazer. “Ele falou como se nada tivesse acontecido".
A família teve a confirmação do crime somente após João ser detido pela DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). A justificativa dada por ele para o assassinato foi absurda: não queria pagar pensão alimentícia.
Agora, a família de Vanessa e Sophie tenta organizar o traslado dos corpos para Chapadão do Sul e cobra justiça.
Caso - Era por volta das 23h, quando equipes da Polícia Militar, foram acionadas para atender um incêndio em área de vegetação na Rua Desembargador Ernesto Borges. No local, encontraram os corpos das vítimas em chamas.
De acordo com o delegado Mateus Crovador, que atendeu a ocorrência, os corpos estavam em uma área isolada no fim de uma rua sem saída. “Ao chegarmos, nos deparamos com a vegetação em chamas. Os corpos estavam visíveis, uma mulher e uma criança carbonizados. Já temos uma linha de investigação e estamos analisando imagens da região”, afirmou.
João foi preso enquanto registrava o desaparecimento das vítimas na 6ª Delegacia de Polícia Civil. Equipe da DHPP (Delegacia Especializada de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa) foi ao local e fez a captura. Na gravação, o rapaz diz que estava cansado e não existia mais “química” entre ele e a companheira. Com isso, ele não queria pagar pensão. “Eu cansei, sinceramente eu cansei do relacionamento e não queria pagar pensão”, diz João.
Um policial interrompe e pergunta: “você matou sua filha para não pagar pensão?” e João rebate: “não foi para não pagar pensão, foi causa de influência de uma mulher do trabalho”. Novamente o servidor questiona se essa pessoa pediu para ele matar a criança, mas o autor nega. O vídeo termina aos 39 segundos.
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