Funcionários do asilo São João Bosco entram em greve por falta de salário

Pelo menos 100 profissionais da Associação Recanto São João Bosco – cuidadores de idosos, copeiros, cozinheiros, responsáveis pela alimentação especial, lavanderia, limpeza, e serviços gerais – deram início na manhã desta quarta-feira (15) a uma paralisação por tempo indeterminado devido a falta de pagamento dos salários.

A greve também atinge os 25 profissionais que atuam como enfermeiros auxiliares e técnicos. De acordo com a presidente do Senalba (Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional no Estado de Mato Grosso do Sul), Maria Joana Barreto Pereira, a categoria não recebe desde fevereiro, além do 13º de alguns servidores que também não foi pago.

Em março, os profissionais já haviam se mobilizado na tentativa de esclarecer os atrasos, porém, segundo Maria Joana, nenhum representante da diretoria do recanto, que é administrado pela Arquidiocese da Capital, se manifestou. “Ontem tentamos conversar com a Sônia (vice-presidente), mas não fomos recebidos”, ressalta.

De acordo com a categoria, a direção da entidade alega que os pagamentos não foram efetuados porque a instituição não recebeu o repasse da prefeitura, enviado mensalmente ao recanto através da SAS (Secretaria de Assistência Social do Município). No entanto, Maria Joana explica que nesta terça-feira conversou com representantes da SAS que explicaram que o repasse foi cortado devido a falta de prestação de contas do Recanto.

Segundo a presidente do sindicato, a diretoria do Recanto assumiu há um ano e desde então os atrasos salariais se tornaram constantes. Além disso a categoria reclama da falta de organização da administração “Eles não são transparentes quanto às contas. Não sabemos o valor desse repasse e eles não mostram os gastos”, enfatiza.

Já o presidente do sindicato de Enfermagem, Lázaro Santana afirma que o valor do repasse é de pelo menos R$ 50 mil e seria destinado ao pagamento dos salários. A categoria vai manter 30% do corpo de enfermeiros trabalhando para garantir o atendimento básico dos 90 idosos que moram no Recanto São João Bosco.

Os representantes dos dois sindicatos também afirmam que os depósitos de FGTS não estão sendo feitos e que não há critério para o pagamento dos vencimentos, já que quando os vencimentos são liberados, sempre com atraso, nem todos os funcionários são beneficiados.

O funcionário da lavanderia Michael Wellington, que trabalha na entidade há um ano, diz que recebeu o salário de fevereiro apenas na semana passada. Ele também critica a gestão da nova diretoria, afirmando que sempre faltam materiais de limpeza na entidade e que não há uma preocupação em organizar as roupas dos idosos, que são higienizadas sem os cuidados adequados. “Eles misturam as roupas dos doentes com as dos idosos saudáveis”, diz.

Procurada pela reportagem do Campo Grande News, a direção do Recanto se manifestou através de nota publicada no site da Arquidiocese. O texto, assinado pela vice-diretora Sônia Antunes Minder ressalta que o Recanto e a prefeitura “estão evidenciando esforços para a realização dos repasses, mas ainda esbarram em ajustes orçamentários”.

A direção alega que a entidade atende 30 idosos com alto grau de dependência, exigindo um investimento elevado, com novas contratações de enfermeiros por exigências do Coren (Conselho Regional de Enfermagem)

A nota também afirma que a maioria dos funcionários já recebeu os salários referentes aos meses de janeiro e fevereiro de 2015. O repasse para o pagamento referente ao mês de março e as demais pendências serão regularizadas após a liberação da próxima parcela dos convênios com a Secretaria de Assistência Social do município, o que deve ocorrer na próxima sexta-feira.