Golpista deixou rastro de prejuízos e provocou até separação de casal em MS
Vítimas perderam economias, sofreram humilhações em aeroportos e viram viagens e relações ruírem nos golpes
RESUMO
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Um grupo criminoso liderado por Andrews Crislley de Carvalho Reis foi preso após causar prejuízos financeiros e emocionais a dezenas de vítimas em diversos estados brasileiros. A quadrilha, que movimentou 10 milhões de reais em três anos, aplicava golpes na venda de pacotes de viagens, deixando um rastro de passagens não emitidas e sonhos frustrados. Os prejuízos ultrapassaram 30 mil reais apenas nos casos documentados pelo Ministério Público em Mato Grosso do Sul. Entre as consequências mais graves, destaca-se a separação de um casal de noivos após problemas com passagens internacionais e casos de pessoas retiradas de aeronaves momentos antes do embarque.
A prisão de Andrews Crislley de Carvalho Reis e do núcleo familiar que o acompanhava expõe, com números e detalhes, a dimensão dos prejuízos causados pelo grupo ao longo de quase uma década. Os casos analisados pelo Campo Grande News mostram vítimas que perderam economias inteiras, tiveram viagens canceladas no aeroporto e até um casal que teve a relação destruída pela pressão e pelo estresse criado pelos golpes.
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O processo mais robusto, que reúne depoimentos de várias vítimas em Mato Grosso do Sul, detalha valores que retratam não apenas o impacto financeiro, mas a repetição do método aplicado pela quadrilha. Somando apenas os prejuízos mínimos calculados pelo Ministério Público para parte dos clientes enganados, o rombo ultrapassa trinta mil reais. O valor real é maior porque muitos gastos extras não puderam ser comprovados ou não foram anexados aos autos.
Entre os episódios mais marcantes revelados nos autos está o de um casal que comprou pacotes internacionais e conseguiu apenas parte das passagens emitidas. O restante nunca saiu, o que gerou atrasos, despesas inesperadas e dias de desgaste emocional durante a viagem. Segundo o processo, a frustração acumulada terminou na separação dos noivos. Em outro caso, uma vítima foi retirada de dentro do avião, já sentada para embarcar, depois que a passagem emitida por Andrews foi cancelada minutos antes da decolagem. As duas situações mostram que o golpe ultrapassou o financeiro e atingiu diretamente a vida familiar, emocional e psicológica das pessoas enganadas.
Os impactos emocionais aparecem com força nos depoimentos. Há vítimas que descrevem vergonha profunda, sensação de humilhação em aeroportos, frustração por perder momentos planejados por anos e até crises financeiras posteriores à viagem perdida. Algumas guardam até hoje conversas, áudios e comprovantes esperando alguma forma de justiça.
Entre os casos apurados, há pessoas que perderam seis mil e setecentos reais ao comprar pacotes que nunca saíram do papel. Outro cliente acumulou prejuízo de cinco mil e novecentos reais após adquirir passagens nacionais e internacionais que não foram emitidas. Em uma das situações mais graves, um contratante desembolsou dez mil e seiscentos reais para viagens que não existiam, sendo obrigado a assumir hospedagens, transporte e despesas de retorno depois de descobrir que havia sido enganado.
O golpe - A estratégia que sustentava o esquema era sempre a mesma. No início, a quadrilha emitia algumas passagens para gerar credibilidade e criar uma imagem falsa de profissionalismo. Clientes satisfeitos indicavam amigos, parentes e colegas de trabalho, ampliando a lista de vítimas. Depois disso, os golpistas sumiam. Mensagens eram ignoradas, ligações eram bloqueadas e o dinheiro era pulverizado entre diversas contas para dificultar o rastreamento.
Nos processos cíveis, também há relatos de famílias que programaram viagens há meses e ficaram impedidas de embarcar porque, mesmo após pagamentos e remarcações, as passagens nunca foram emitidas. O estresse causado pela situação levou pessoas a registrarem boletim de ocorrência, cancelarem hospedagens já pagas e recorrerem à Justiça depois de meses tentando contato. Os casos acontecem há mais de dez anos.
Prisões - A Operação Viagem de Papel, deflagrada pela Polícia Civil de Goiás com apoio das equipes de Mato Grosso do Sul, prendeu Andrews Crislley de Carvalho Reis, a esposa Evelin Gomes Barbosa, o cunhado Everton Gomes Barbosa, Matheus Sarmento Garcia e Lauriana Sabio da Silva. A investigação aponta que o grupo movimentou dez milhões de reais em três anos, mas atuava havia quase uma década, atingindo vítimas em vários estados, inclusive artistas e ex-jogadores de futebol.
As prisões encerram um ciclo de fraudes que se repetiu por anos, protegido por acordos informais e retiradas de queixas que impediam responsabilizações anteriores. Agora, a quadrilha responderá também por associação criminosa e lavagem de dinheiro, crimes que não dependem mais da representação das vítimas e que podem, pela primeira vez, resultar em punição efetiva.
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