Golpistas da Capital fizeram vítimas em todo o país e faturaram R$ 10 milhões
Esquema tinha à frente o dono de agência, Andrews Crislley, preso junto com a esposa, o cunhado e comparsas
A Polícia Civil de Goiás revelou, nesta quarta-feira (26), que uma quadrilha sediada em Campo Grande movimentou R$ 10 milhões em três anos aplicando golpes com falsos pacotes de viagens. O esquema, investigado na Operação Viagem de Papel, tinha à frente o dono de uma agência da Capital, Andrews Crislley de Carvalho Reis, de 38 anos, preso junto com a esposa, o cunhado e outros comparsas.
RESUMO
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Uma quadrilha sediada em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, movimentou R$ 10 milhões em três anos com golpes de falsos pacotes de viagens. O esquema era liderado por Andrews Crislley de Carvalho Reis, de 38 anos, dono de uma agência de turismo, que foi preso junto com familiares e comparsas. O grupo conquistava a confiança das vítimas realizando algumas viagens legítimas inicialmente, principalmente em trechos nacionais. Posteriormente, ao vender pacotes mais caros, desapareciam com o dinheiro. A operação incluía preços abaixo do mercado e pagamentos via Pix para contas de terceiros. Cinco pessoas foram presas e R$ 300 mil em bens foram bloqueados.
Apesar de um vasto histórico criminal e até um episódio em que chegou a ser sequestrado após tentar enganar um policial militar, Andrews continuou atuando no mercado do turismo, expandindo o golpe para vários estados e atraindo até artistas e ex-jogadores de futebol.
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Para conquistar a confiança das vítimas, a quadrilha usava uma estratégia infalível: algumas viagens aconteciam de verdade. Os primeiros pacotes eram emitidos, geralmente trechos nacionais, o que fazia com que clientes satisfeitos indicassem o serviço para amigos, grupos religiosos, agremiações e clubes. Várias dessas pessoas, inclusive algumas conhecidas nacionalmente, chegaram a ser usadas como “garotos-propaganda” por acreditarem que o negócio era legítimo - até se tornarem vítimas também.
Segundo o delegado de Goiás, Thiago de Oliveira, com o tempo, depois de criar confiança, os criminosos fechavam pacotes mais caros e sumiam. Só com um pacote vendido para o Japão, por R$ 90 mil, a família enganada nunca mais teve resposta.
O golpe “profissional” incluía preços muito abaixo do mercado, justificados por um suposto esquema de milhas e descontos especiais. Pagamentos eram feitos via Pix para contas de terceiros e, quando chegava a hora da emissão dos bilhetes, começavam as desculpas, bloqueios e desaparecimentos. Depois disso, vinha a chamada “pulverização” do dinheiro, distribuindo as transferências entre várias contas para evitar rastreamento.

Sequestro - Andrews já era conhecido pela polícia. Em julho de 2017, em Dourados, ele e um funcionário foram sequestrados por um policial militar e o sogro dele, após o PM pagar R$ 2,5 mil por passagens que nunca foram emitidas.
Os dois foram mantidos sob a mira de armas em um apartamento, gerando uma ocorrência que terminou com o policial autuado por crime militar. Mesmo assim, Andrews não interrompeu as fraudes. Pelo contrário: ampliou o esquema nos anos seguintes.
Como funcionava - Nos processos analisados pela reportagem, Andrews e comparsas, como Matheus Sarmento Garcia, ofereciam pacotes com pagamento integral antecipado. Apresentavam preços promocionais e alegavam flexibilidade total para emissão. No início, até entregavam algumas passagens. Depois, não mais.
Em vários casos, reservas eram emitidas somente no dia do voo e canceladas imediatamente, fazendo vítimas serem retiradas de dentro do avião. Em outros, os clientes eram obrigados a comprar novas passagens - muito mais caras - às pressas. Casais tiveram viagens arruinadas e até relacionamentos desfeitos por causa do estresse provocado pelas fraudes.
Apesar do grande volume de queixas, Andrews escapava da condenação porque o estelionato dependia de representação das vítimas. Ele fazia acordos, devolvia parte do dinheiro, convencia as pessoas a retirarem as denúncias - e seguia aplicando golpes.
Agora, porém, responderá por associação criminosa e lavagem de dinheiro, crimes que não dependem de representação, e será processado criminalmente.
Investigação - Andrews usava a empresa On Tur, em seu nome, para aplicar os golpes. Seu braço direito era o cunhado, Everton Gomes Barbosa, responsável por receber parte dos valores. A esposa, Evelin Gomes Barbosa, também tem histórico de práticas semelhantes e já foi proprietária de outra agência, posteriormente inativada.
O grupo atuava havia quase 10 anos, mantendo dezenas de vítimas em Mato Grosso do Sul e em vários estados do país.
Durante a operação desta quarta-feira, foram presos: Andrews Crislley de Carvalho Reis; a esposa, Evelin Gomes Barbosa; o cunhado, Everton Gomes Barbosa; Matheus Sarmento Garcia e Lauriana Sabio da Silva. Também houve bloqueio de R$ 300 mil em bens relacionados ao esquema.
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