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Capital

Grupo vai ao Centro aprender sobre acessibilidade para melhorar ruas da Capital

Dados também serão usados na requalificação das ruas transversais à Rua 14 de Julho que fazem parte também do Reviva Campo Grande

Mirian Machado | 01/08/2019 11:21
Participantes do curso de mobilidade usaram cadeiras de rodas, bengalas, e vendas (Foto: Mirian Machado)
Participantes do curso de mobilidade usaram cadeiras de rodas, bengalas, e vendas (Foto: Mirian Machado)

O Curso de Mobilidade e Acessibilidade realizado pelo ITDP (Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento) levou comerciantes, acadêmicos, funcionários públicos e voluntários à praça Ary Coelho Nesta manhã (1º) para sentir na pele o que passam os deficientes visuais e físicos quando o assunto é acessibilidade nas ruas e calçadas de Campo Grande.

O grupo usou vendas e bengalas para entender como é e o que falta na acessibilidade para deficientes visuais e como é ser guiado pelo piso tátil, por exemplo. Houve também cadeiras de rodas e mães com carrinhos de bebês para observar os obstáculos pelo caminho.

Conforme lembra a gerente de transporte ativo do ITDP Danielle Hoppe, as cidades normalmente são projetadas para carros e não para pessoas. “Os desenhos, os projetos sempre são feitos com base nos veículos, velocidade, mas esquecem de que todo mundo é pedestre. Até mesmo se você for sair de carro, seu trajeto até a porta do carro é a pé. O que queremos é projetar uma cidade para pessoas, uma mobilidade na escala humana”, explica.

Ainda segundo Danielle, Campo Grande tem potencial para melhorar, mas  há muito espaço para os carros, “Mesmo que reduzisse algo no trânsito não afetaria”, diz. “A ideia de levar o assunto da deficiência física e visual é porque adequando o projeto para melhorar a vida e o ir e vir dessas pessoas, consequentemente o restante da população se adequará com mais facilidade”, conclui.

Biólogo e representante dos voluntários da Bike Anjo Campão, José Julian Sepulveda, 30 anos, participou do curso. Vendado e com bengala, ele andou pelas calçadas da praça Ary Coelho e disse que sentiu diferença entre a calçada ali e a nova calçada na Rua 14 de Julho. “Aqui [calçada da praça], não consegui diferenciar muito o piso tátil da calçada a diferença a gente sente mais pisando, não da pra saber onde é o piso tátil. Já na Rua 14 consegui ver essa diferença com a bengala. Gostei muito do curso, foi muito proveitoso, não só na questão aqui da mobilidade, mas também o voluntariado, pra sabermos o que podemos fazer por eles”, conta.

José anda de bicicleta há 27 anos e disse que a cidade na questão de bicicleta é inacessível, principalmente na região central. Além da falta de segurança para deixar as bicicletas estacionadas, há também a questão de ter que dividir as ruas com os carros e motos. “Até para desmontar a bike para andar na calçada seria ruim, por conta do fluxo de pessoas. Acho que uma solução seria uma ciclorota, pintar uma fixa sinalizando os motoristas que ali deve ser compartilhado com ciclistas. Não custaria muito e não mexeria na infraestrutura”, explica.

Danielle vendando participante no grupo durante curso (Foto: Divulgação)
Danielle vendando participante no grupo durante curso (Foto: Divulgação)
Grupo reunido para coletar dados de pedestres e veículos na região central (Foto: Mirian Machado)
Grupo reunido para coletar dados de pedestres e veículos na região central (Foto: Mirian Machado)

A advogada Rita de Cassia Luz, tem baixa visão e enxerga um pouco de cores, ela acredita que as cores fortes a ajudaria muito na acessibilidade, como por exemplo, as do piso tátil. “A estrutura no chão também é um obstáculo para tropeçar. Mas a acessibilidade e mobilidade entra a questão do respeito também, dos próprios pedestres”, fala.

Sobre as ruas do Centro e a Rua 14 de Julho, ela afirma que a diferença é grande e que com a nova reforma já se sente pertencente. “Ter um ambiente preparado para a gente é muito bom, a gente se sente pertencente. O dia hoje foi muito produtivo”, afirma.

Catiana Sabadim, coordenadora do projeto Reviva Campo Grande, explicou que a Rua 14 de Julho é totalmente acessível e foi planejada dentro das normas. “Mas o que queremos agora é não seja apenas dentro das normas, mas sim repensar os espaços para atender todos os públicos”, explica.

O objetivo é também usar esses dados na requalificação das ruas transversais à Rua 14 de Julho que fazem parte também do Reviva Campo Grande. “A capacitação com o ITDP serve para tratar a mobilidade ativa, tratar a cidade na escala humana, a necessidade de repensar espaços públicos entendendo a limitação de alguns grupos, como mulheres, crianças, pessoas com deficiência. A cidade é para as pessoas e não para carros”, afirma.

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