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Capital

Homem foi armado ao futebol e mudou trajeto antes de matar foragido

Alderi dos Santos foi ouvido em depoimento ao Tribunal do Júri

Jones Mário e Clayton Neves | 19/11/2019 11:30
Encarregado de obras deu sua versão do crime, cometido em dezembro de 2015 (Foto: Marcos Maluf)
Encarregado de obras deu sua versão do crime, cometido em dezembro de 2015 (Foto: Marcos Maluf)

O encarregado de obra Alderi da Conceição dos Santos, 29 anos, acusado de matar o foragido da Colônia Penal, Ivan Marques da Silva, 22, em dezembro de 2015, foi ouvido em julgamento na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande, na manhã desta terça-feira (19). Em seu relato, o homem revelou que saiu armado para jogar futebol e reconheceu que fez caminho mais longo na volta para casa, quando cometeu o homicídio.

Diante de júri formado por seis mulheres e um homem, e do juiz Mário José Esbalqueiro Junior Santos, Santos alega legítima defesa, pois Ivan Silva teria sacado uma arma quando se encontraram. O foragido foi morto com cinco tiros, na Rua Italívio Pereira Martins, Jardim das Meninas. Dois dos disparos atingiram as costas da vítima.

Também ouvidas hoje, duas testemunhas - mãe e filha - corroboram com a versão do acusado, de que Silva também estaria armado. Porém, a dupla afirma que ouviu somente um tiro.

Alderi dos Santos contou que no dia anterior ao crime, um sábado, topou com a vítima e seu irmão em esquina do bairro, a caminho do mercado. Silva teria ameaçado atirar na perna do encarregado de obras, sob incentivos do irmão. O acusado disse que apenas abraçou a filha e continuou andando.

No dia seguinte, Santos lembra que saiu para jogar futebol, de bicicleta. Segundo ele, sentia medo e por isso levou um revólver, que seria herança deixada por um primo ao encarregado de obras. De acordo com o acusado, a arma teria ficado oito anos sobre o guarda-roupa.

Ao voltar para casa depois do jogo, Alderi dos Santos teria encontrado uma “reunião de rapazes usando drogas”. A vítima estaria na roda e, conforme narra o acusado, teria dito: “E agora? Sua filha não está mais aqui com você”.

Alderi dos Santos contou que deixou Campo Grande após o crime (Foto: Marcos Maluf)
Alderi dos Santos contou que deixou Campo Grande após o crime (Foto: Marcos Maluf)

Segundo o encarregado de obras, Silva sacou, apontou arma e puxou o gatilho duas vezes. “Fiquei em choque, paralisado. A arma fez téc, téc. No susto, não tive o que fazer. Saquei e puxei o gatilho. Me apavorei. Vi a morte de perto, porque sabia do histórico dele”, falou.

Ivan Marques da Silva havia sido condenado por homicídio e foi acusado de envolvimento em roubos cometidos na sequência.

O acusado alega que haviam apenas cinco balas no revólver usado para cometer o crime. A perícia encontrou seis cápsulas no local.

Alderi dos Santos assegura que o irmão da vítima o ameaçou de morte em outra oportunidade. O encarregado de obras fala que deixou Campo Grande após o caso. Ele responde ao crime em liberdade.

Em sua versão, Santos defende que Silva teria desenvolvida rixa com ele após o encarregado de obras negar emprego em uma construção no Jardim Marajoara.

O autor do crime teria comentado com colegas de trabalho que não contratou o foragido porque sabia de seu envolvimento com homicídio e roubos. Um dos trabalhadores, segundo ele, teria delatado a conversa à vítima.

Outro lado - Na versão da promotoria, cuja argumentação foi liderada pelo promotor Luiz Antônio Freitas de Almeida, os disparos nas costas de Ivan Silva configurariam excesso de legítima defesa.

A acusação questiona também tese apresentada pela defesa de que Santos nunca havia atirado antes, já que cinco dos seis disparos atingiram a vítima. O encarregado de obras já havia reforçado que atirou com uma das mãos, enquanto segura a bicicleta com a outra.

“É algo que não faz sentido nem parece crível”, argumentou o promotor.

O “trajeto muito maior” feito na volta para casa após o futebol também é ponto controverso para a acusação e indica que o assassinato poderia ter sido premeditado. Alderi da Conceição dos Santos destaca que sempre fazia este caminho.

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