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Capital

Homem que feriu mulher após reclamar de "short curto" vai a júri

Vítima de violência doméstica, a mulher foi agredida por estar com um short “muito curto”

Bruna Pasche | 09/11/2018 11:50
Promotor Douglas Oldegardo em júri (Foto: Bruna Pasche)
Promotor Douglas Oldegardo em júri (Foto: Bruna Pasche)

Paulo Benites da Silva foi a júri popular na manhã desta sexta-feira (09), por ter esfaqueado a ex-mulher, Elaine Cristina Silva, em março de 2015. Ele foi pronunciado por tentativa de homicídio, no entanto, o juiz responsável pelo caso entendeu que se tratava de lesão corporal. O Ministério Público recorreu e o Tribunal mandou o caso a júri popular. Ele não compareceu para dar depoimento.

Paulo desferiu seis facadas contra a ex-mulher no dia 3 de março, porque se irritou por ela ter saído de short de casa, coisa que ele não permitia. Elaine foi atingida com duas facadas no pescoço, uma no ombro, uma no braço, uma nas costas e uma na lateral do seio. Uma das facadas perfurou o pulmão, onde foi preciso retirar 500 ml de sangue, além de ficar uma semana internada.

Em depoimento, a vítima contou que no dia do crime, saiu para buscar a filha na escola e que quando chegou, os dois discutiram porque segundo Paulo, era roupa de ficar em casa. Em seguida deitou no sofá com a criança quando foi atingida pelas facadas.

“Minha filha gritava pra ele parar. Depois ele saiu correndo e trancou a gente em casa. Meu filho de seis anos pulou o muro pra chamar a dona da casa que morava na frente pra vir abrir a casa e pedir socorro. Já tinha sido agredida fisicamente e com ameaças e não registrei boletim, mas nunca pensei que ele pudesse fazer isso”, relembrando o histórico de violência.

De acordo com o juiz responsável, Aluízio Pereira dos Santos, como Paulo parou voluntariamente a violência, podia ter matado, mas não o fez, ele entendeu que se trata de lesão corporal e não tentativa de homicídio. No entanto, o MP recorreu da sentença e o Tribunal mandou para júri popular. Sobre o não comparecimento do réu, o juiz explicou que para a lei, não comparecer é a mesma coisa que ir e não se manifestar.

O promotor Douglas Oldegardo defendeu a tentativa de homicídio por motivo fútil e recurso que dificultou defesa da vítima, por ter atingido Elaine por várias vezes, além de negar socorro e a trancar em casa.

“Paulo era um elemento ciumento, altamente machista, praticante de violência doméstica, agressivo em casa, extremamente opressor com sua mulher, não permitia que sua esposa saísse de casa de short ou legging, pra ele era uma imoralidade. Ela saiu de legging de manhã e short à tarde e foi por isso o motivo do crime. Ela era uma vítima típica de violência doméstica, já era assim, e vai continuar assim se não o punirmos hoje”, sustentou o promotor.

Paulo foi preso em flagrante no dia do crime, mas ganhou liberdade dois meses depois, tendo apenas como pena o recolhimento noturno.

Vítima levou facadas na lateral das costas. (Foto: Reprodução do processo)
Vítima levou facadas na lateral das costas. (Foto: Reprodução do processo)
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