Impotência: ladrões ignoram câmeras e fazem o que querem para roubar
No bairro Vilas Boas, câmeras, cerca elétrica, nada disso impede ação dos bandidos
O clima é de medo entre moradores do bairro Vilas Boas, em Campo Grande, diante dos casos de invasões de residências na região por ladrões. Nem as famílias que tentam se proteger com mais de um equipamento de segurança, conseguem impedir a ação dos criminosos.
Cerca elétrica, alarme, concertina e até câmeras de segurança, são ignorados pelos bandidos. Vídeos de câmeras de segurança a que o Campo Grande News teve acesso mostram o abuso dos ladrões, que provoca a sensação de impotência em quem investe para estar seguro em casa, mas continua sendo vítima.
A situação fica ainda pior devido à falta de iluminação pública de qualidade e ao número de terrenos baldios, na região.
Na rua Antônio Francisco Lisboa, por exemplo, uma residência cercada por terrenos vazios foi alvo da ação de um criminoso, na noite da última quarta-feira (6). Tudo durou apenas cinco minutos, mas os prejuízos foram grandes. Uma janela teve o vidro temperado quebrado, equipamentos de segurança foram danificados e anéis foram furtados.
“A gente não sabe se ele já estava de olho na nossa casa, mas nem mesmo os sensores, a cerca elétrica e quatro câmeras de segurança com monitoramento 24 horas impediram a ação do ladrão”, relata a enfermeira Franciane Magna Batista, 38 anos.
Imagens gravadas pelo circuito de monitoramento registraram a ação e o rosto do suspeito, o que pode ajudar a polícia a identificá-lo.
Pelas imagens a que o Campo Grande News teve acesso, é possível ver o ladrão se aproximando do imóvel em uma motocicleta e observando o movimento. Ele chega a tocar o interfone, possivelmente na tentativa de saber se havia alguém em casa e, em seguida, tenta forçar para abrir o portão. Em seguida, ele se afasta para pegar impulso, e retorna correndo e chutando o portão.
Sem conseguir entrar, ele acaba acessando o imóvel pela lateral, onde havia uma mureta no terreno ao lado. Para acessa o interior, o bandido ainda quebra o vidro de um dos cômodos da casa, onde estavam guardados os anéis roubados. Logo depois, as imagens revelam que, pelo interfone, o suspeito abriu o portão social e saiu tranquilamente pela frente da casa. Veja:
"O prejuízo não é só material, mas também psicológico. Fica a sensação de impunidade, o medo por conta desses terrenos, principalmente o da frente de casa que, além do mato alto, guarda duas carcaças de ônibus que poderiam facilmente esconder uma quadrilha inteira", afirma Franciane.
Na vizinhança, há relatos de uma outra casa em que já foram duas invasões em pouco tempo. As câmeras de segurança também registram o momento.
No mesmo dia, no início da tarde, dois criminosos são filmados pelas câmeras de segurança de outra residência na região. Eles chegam ao local em uma motocicleta e, enquanto um aguarda no veículo, o outro desce, observa a movimentação no imóvel, abaixa para forçar abrir o portão e, como não consegue, chuta o portão na tentativa conseguir entrar. Como não consegue, a dupla acaba indo embora.

Após o ocorrido, os moradores conseguiram contato com proprietários de dois dos terrenos baldios e negociaram a limpeza desses locais por conta própria. "Estamos pagando para limpar os terrenos, mas não sei o que fazer com esse outro, não consigo tirar esses ônibus daqui", reclama a enfermeira.
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Foi assim que Daniel Reis, de 43 anos, encontrou apoio dos moradores da região. Há três meses a residência onde ele mora com a esposa por pouco não foi invadida. "Chegamos em casa e o cadeado estava estourado e o portão semiaberto. Fiquei com medo dele ainda estar em casa, mas acredito que graças ao meu cachorro ele tenha desistido da ação".
Ainda de acordo com ele, um outro morador da região passou por um susto ainda maior. Por duas vezes a casa dele foi invadida e, em uma delas, o filho de 16 anos estava presente. O criminoso entrou, abordou o adolescente, e pediu para que ele "ficasse quieto". Na ocasião, diversos equipamentos foram levados.
"A preocupação é muito grande. Eu pago pela vigilância da rua, mas ele não dá conta de atender todas as ruas. Fica a sensação de pavor. E se minha esposa tivesse chegando em casa sozinha e o bandido estivesse lá dentro? É ruim sentir medo!", conclui Daniel.
O que diz a polícia ?
De acordo com a Polícia Militar, o policiamento na região é feito 24 horas, mas os criminosos aproveitam dos momentos da equipe em outros pontos da região, para invadir imóveis. "O ladrão cuida a rotina do morador, sabe quando ele sai para trabalhar e se aproveita do momento sem policiamento. A equipe não consegue estar em todos os lugares ao mesmo tempo, mas efetuamos ronda o dia todo", justifica o tenente-coronel, Anderson Luiz Avelar, comandante dá área que atende também os bairros Moreninhas e Tiradentes.
Ainda de acordo com o militar, uma viatura, sempre com três policiais e um pelotão de moto estão sempre percorrendo o bairro. "O pelotão deve ser reforçado em breve com a formação dos alunos do curso de sargentos e cabos, o que vai dar apoio para essas regiões", garante.
Foram feitos boletins de ocorrência dos dois casos citados na reportagem, mas a Polícia Civil não informou como estão as investigações para localizar os bandidos, que são facilmente identificáveis pelos vídeos.
O Campo Grande News entrou em contato com a Energisa, concessionária responsável pelo fornecimento de energia, que analisará o que está acontecendo no local. Já a prefeitura do município afirmou que acionará equipes da Semadur (Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) para tentar localizar o proprietário do terreno baldio onde os ônibus estão abandonados. A orientação, ainda, é de que a população entre em contato pelo número 156, em casos assim.