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Capital

Jovem, atleta e saudável, Altier descobriu a força da covid após 1 mês na UTI

O enfermeiro admite que não acreditava que ficaria em estado tão grave

Lucia Morel | 22/04/2021 07:14
Jovem, atleta e saudável, Altier descobriu a força da covid após 1 mês na UTI
Altier, antes da covid-19. (Foto: Arquivo pessoal)

Ter 34 anos, praticar esportes e não ter comorbidades não livraram o enfermeiro Altier Silva Damaceno de desenvolver a forma mais grave da covid-19. Foram 55 dias internado, 33 deles em UTI (Unidade de Terapia Intensiva), respirando por aparelhos e praticamente desenganado.

Lembrar disso hoje para ele é motivo de choro, já que em alguns momentos ele se recorda que quase morreu, mas voltou. Ele precisou inclusive passar pelo procedimento de traqueostomia, que é quando a respiração passa a ser feita através de tubo acoplado à traquéia.

“A gente fica com medo de pegar de novo. Tem vezes que eu fico mais tranquilo, dá uma esquecida e eu até me acho uma pessoa muito forte, mas me bate um medo, muitas vezes até choro quando lembro que quase morri”, destaca.

Ele ficou internado entre os dias 4 de setembro do ano passado e 22 de outubro, em estado de saúde que julgaram, muitas vezes, irreversível. “Antes da pandemia sempre tive uma vida ativa, com muito contato com as pessoas e obviamente não esperava passar por essa doença dessa forma”, analisou.

Jovem, atleta e saudável, Altier descobriu a força da covid após 1 mês na UTI
O enfermeiro, dias depois de sair da intubação. (Foto: Arquivo pessoal)

Não fumante, praticante de exercícios físicos e natação e sem outras doenças prévias, Altier é a prova de que a covid-19 não escolhe público alvo. “Foi bem milagroso o que aconteceu comigo. Colegas de profissão me contaram que eu fiquei muito grave e cheguei a momentos de apenas 35% de saturação. É muito baixo”, sustenta.

Nesse nível de oxigenação sanguínea há risco de sequelas neurológicas caso a pessoa a supere. No caso do enfermeiro, ele não teve nada.

“Havia risco de sequela neurológica grave, podia não falar mais, disseram isso pra minha família. Mas em um mês de fisioterapia consegui recuperar bem, porque perdi muita massa muscular e estava muito fraco”, contou.

Fé – Altier sempre se considerou uma pessoa bastante racional apesar de ter fé. Mas depois da experiência com a internação por covid, ele afirma que sua visão sobre isso mudou. “Eu via as orações chegando até mim”, afirmou.

No período em que ficou sedado e desacordado, o enfermeiro lembra de sonhos e num deles, ele recebia com as mãos letras que formavam as palavras ditas em orações por várias pessoas e que rogavam pela vida dele.

“Depois dessa experiência eu consigo afirmar que há algo a mais aí em cima que a gente tem que respeitar. No meu estado de sedação, eu enxergava as orações chegando em feixes de letras iluminadas quem eu pegava nas mãos e me faziam acordar no sonho”, relata.

Jovem, atleta e saudável, Altier descobriu a força da covid após 1 mês na UTI
Com colegas de profissão, já na enfermaria. (Foto: Arquivo pessoal)

Ele lembra também de ter estado em um local muito pacífico e tranquilo, mas que ao invés de gostar de lá, o desejo era de voltar para a vida que tinha. “O que está acontecendo comigo? Não posso morrer!”, ouvia ele nas visões e sonhos. “Eram as orações que me faziam querer voltar. Eu não me entregava”, sustenta.

Para ele, tanto como profissional de saúde quanto por ser jovem, a medida necessária é se cuidar, mesmo sendo difícil. “É complicado ficar só em casa, sem poder sair, mas precisa. Não tem jeito”, ensina.

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