Jovem diz que dorme em frente à unidade de acolhimento, à espera de vaga
Segundo a SAS, o rapaz está abrigado há 15 dias na unidade e foi dormir na rua após um surto psicótico
A cena de um rapaz de 18 anos dormindo em cima de um pedaço de papelão em frente à UAIFA (Unidade de Acolhimento Institucional para Adultos), antigo Cetremi, com os dois cachorros, a Neguinha e o Shrek, chamou atenção na manhã desta quarta-feira (28), em Campo Grande.
Ao ser indagado, o rapaz contou que frequenta a unidade de acolhimento desde setembro, mas resolveu sair para procurar o pai. Quando chegou em casa, não o encontrou e voltou para a instituição, porém como não tem vaga, teve que dormir em frente ao local, afirmando que está há sete dias nesta situação.
Segundo ele, saiu do convívio com os familiares, porque era viciado em jogos de celular e foi uma amiga da igreja que o orientou a procurar a unidade de acolhimento. “Passei o Natal na rua, me alimento de doações. Ontem, ganhei R$ 20 e um pacote de bolacha”, contou.
Sobre a mãe, o rapaz disse que ela foi presa quando ele tinha 12 anos. “A última notícia que tive dela foi pelo Facebook. Ela falou que foi para o interior de São Paulo tratar de uma depressão”. Conforme o jovem, quer voltar para a unidade, porque pretende conseguir um emprego. “O último que eu tive foi há seis meses, era panfleteiro”.
Por meio de nota, a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) informou que o rapaz tem residência fixa na cidade e mora com a família, mas como apresenta quadro de transtorno mental costuma fugir de casa com frequência.
Segundo relatos da família à unidade, o rapaz recusa atendimento do CAPs (Centro de Atenção Psicossocial). "A própria equipe da UAIFA já fez três tentativas de encaminhamento, mas ele não aceita tratamento psiquiátrico. Também já foi ofertada vaga de emprego via Proinc (Programa Assistencial de Inclusão Profissional), porém devido à instabilidade emocional dele, não foi possível concretizar o processo".
Quanto ao jovem estar dormindo em frente à instituição, a SAS explicou que ele está acolhido na UAIFA há 15 dias, mas teve um surto e, por decisão própria, saiu, permanecendo do lado externo.
Apesar da insistência da equipe, ele se recusou a retornar para o interior da unidade e só voltou depois que falou com a equipe do Campo Grande News e da abordagem da psicóloga, porém o rapaz continua rejeitando o encaminhamento para o CAPs, segundo a SAS.
Rede de acolhimento - A Rede de Assistência Social do município conta com quatro unidades de acolhimento para pessoas em situação de rua. Juntas, as unidades contam com média de 270 vagas destinadas à população em situação de rua.
Ainda de acordo com a SAS, as equipes de abordagem da Política de Assistência Social fazem a oferta dos serviços à pessoa em situação de rua, que tem por opção aceitar ou não o acolhimento. As recusas de atendimento são um direito garantido pela Constituição Federal.
Serviços - Quem encontrar alguém em situação de rua pode acionar as equipes do Seas (Serviço Especializado em Abordagem Social), pelos números (67) 99660-6359 e (67) 99660-1469. O serviço faz a abordagem e encaminha esses moradores, caso aceitem, às unidades de acolhimento ou ao Centro POP (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua), localizado na Rua Joel Dibo, nº 255, no Centro. O telefone do Centro POP é 3314-4450.
