ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 25º

Capital

Jovem que matou no trânsito chora no júri e diz que falava ao celular

Viviane Oliveira e Guilherme Henri | 06/05/2016 11:14
Richard chorou durante julgamento e disse que até hoje tem medo de sair de casa. (Foto: Guilherme Henri)
Richard chorou durante julgamento e disse que até hoje tem medo de sair de casa. (Foto: Guilherme Henri)

Durante júri popular nesta sexta-feira (6), o estudante Richard Ildivan Gomide Lima, chorou e disse que falava ao celular no momento em que atingiu e matou no trânsito o segurança Davi Del Vale Antunes, 31 anos.

O caso aconteceu há quase quatro anos. Na madrugada do dia 31 de maio de 2012, o motociclista estava parado no semáforo, na avenida Afonso Pena, em frente ao Shopping Campo Grande, quando foi atingido pelo Punto conduzido por Richard.

Com o impacto da batida, Davi, que voltava para a casa após o trabalho em um bar, foi parar a 38 metros do local do acidente e a motocicleta a 57 metros. O segurança morreu na hora. O rapaz chegou a fugir do local, mas parou a cerca de 250 metros com problemas no carro. Ele foi preso em flagrante.

Segundo o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, o julgamento havia sido marcado 5 meses após o crime, mas foi adiado por causa da discussão na época sobre homicídio culposo e doloso, após mudança no CTB (Código de Trânsito Brasileiro).

Em depoimento, o estudante assumiu que durante à noite, do dia da tragédia, consumiu uma taça de champanhe e, no momento do acidente discutia por telefone com a namorada. “Eu não vi o semáforo e nem o motociclista, porque estava falando ao celular”, lamenta.

O rapaz, que ficou 5 meses preso, chorou durante o relato. Ele falou que faz acompanhamento psicológico há 2 anos e depois que foi solto ficou com medo de sair de casa devido a repercussão que teve o caso na época.

“Meu sonho é me formar e seguir a vida, colocando um ponto final nessa história. Durmo e acordo pensando nisso. Vou carregar esse erro pelo resto da vida”, diz. Richard cursa o último semestre de Direito. O rapaz é julgado por homicídio doloso, quando há intenção de matar, omissão de socorro e fuga do local.

Aos 31 anos, Davi morreu em acidente de trânsito. (Foto: Arquivo Pessoal)
Aos 31 anos, Davi morreu em acidente de trânsito. (Foto: Arquivo Pessoal)
Acidente foi em cruzamento com semáforo na avenida Afonso Pena. Os  sapatos da vítima que ficaram na via. (Foto: Arquivo)
Acidente foi em cruzamento com semáforo na avenida Afonso Pena. Os sapatos da vítima que ficaram na via. (Foto: Arquivo)

Emocionada, a vendedora Lays Mariane Oliveira da Silva, 27 anos, esposa da vítima, clama por justiça. “Acredito na justiça Divina e espero que a dos homens também seja feita. Foram quatro anos de muita dor. Hoje, nosso filho tem 5 anos e sempre pergunta porque o pai dele morreu e eu não tenho resposta”, conta.

A mulher afirma ainda que não teve ajuda financeira por parte de Richard. Atualmente, tramita na Justiça, uma ação civil pública em que a família da vítima pede meio milhão de reais para o acusado. Segundo o rapaz, a família dele ofereceu metade do valor, mas Lays não aceitou e o processo ainda corre.

Durante o julgamento, nenhuma testemunha será ouvida. Conforme o promotor do caso, João Meneguini, o advogado José Roberto Rodrigues da Rosa, defesa do acusado, conseguiu uma grande vitória que foi tirar a qualificadora do acidente, o que poderia ter agravado a pena. "Mesmo assim vou pedir a condenação do réu", afirma o promotor. 

Nos siga no Google Notícias