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Capital

Justiça começa a ouvir testemunhas de fraude que envolve ex-secretário

Segundo o MPF , um fazenda de André Luiz Cance foi vendida apenas para evitar o sequestro do imóvel determinado pelo justiça

Geisy Garnes | 22/10/2019 17:11
ex-secretário estadual adjunto de Fazenda, André Luiz Cance deixando audiência nesta tarde (Foto: Geisy Garnes)
ex-secretário estadual adjunto de Fazenda, André Luiz Cance deixando audiência nesta tarde (Foto: Geisy Garnes)

Foram ouvidas nesta terça-feira (22) as primeiras testemunhas do caso de fraude na venda de uma propriedade rural do ex-secretário estadual adjunto de Fazenda, André Luiz Cance. Conforme o MPF (Ministério Público Federal) a Fazenda Angico foi repassada para o nome de André Joliace de Araújo e do pai dele, Orocídio de Araújo, para evitar o sequestro do imóvel determinado em processo da Operação Lama Asfáltica.

O sequestro da Fazenda Angico foi pedido em abril de 2016, com base nas investigações feitas na 2ª fase da Operação Lama Asfáltica (Fazendas de Lama) e aceito em maio pela 3ª Vara da Justiça Federal.

No entanto, em novembro de 2017, durante a 5ª fase da Operação Lama Asfáltica (Papiros de Lama), foram apreendidos dois recibos de compra e venda da propriedade rural na casa de André Luiz Cance.

Nos recibos, constam como data de assinatura da escritura 2 de maio de 2016, oito dias antes da deflagração da 2ª fase da operação. Também foi identificado grande desconto aos compradores, cerca de R$ 912 mil, além de pagamentos em dinheiro, atípicos, com valores entre R$ 50 mil e R$ 546 mil.

André Joliace de Araújo com advogado ao fim da audiência (Foto: Geisy Garnes)
André Joliace de Araújo com advogado ao fim da audiência (Foto: Geisy Garnes)
Orocídio de Araújo deixando a Justiça Federal nesta tarde (Foto: Geisy Garnes)
Orocídio de Araújo deixando a Justiça Federal nesta tarde (Foto: Geisy Garnes)

Nesta tarde, seis testemunhas convocadas pela defesa dos três envolvidos no processo afirmaram diante do juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara da Justiça Federal, que a venda da fazenda ocorreu em 2013. Vizinhos da propriedade, funcionários e até o responsável pela intermediação do negócio, prestaram depoimento.

Em audiência as testemunhas que a fazenda foi repartida em duas, a menor parte – aproximadamente 15 hectares – ficou com André Joliace de Araújo, que aproveitou as instalações para criar cavalos. O resto da propriedade – quase 70 hectares – foi adquirido por Orocídio, que segundo vizinhos, cria gado.

O principal depoimento foi feito pelo intermediário do negócio. Ele explicou ao juiz que também trabalha cria cavalos e conhece os dois Andrés (Cance e Juliace) de longa data, de eventos de esportes equinos.

Ele lembrou que em 2013 ajudou Juliace a procurar uma propriedade que pudesse ser transformada em haras na região da Chácara das Mansões, na saída de cidade para São Paulo. Levando em consideração o tamanho e as necessidades para a criação dos animais (como pasto e estrutura) resolveu falar com Cance, que já trabalhava com cavalos, mas não estava vendendo a fazenda.

“Ele falou que ia estudar a proposta e depois falava”, lembrou. Cance decidiu vender a

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 propriedade e em um primeiro momento fez negócio com André Joliace. Dias depois, Orocídio de Araújo também encontrou em contato e comprou o resto da fazenda.

A testemunha contou que toda a área era avaliada em aproximadamente R$ 3 milhões e que o pagamento foi dividido em parcelas que durariam cerca de quatro anos. A entrada de R$ 200 mil, no entanto, foi feita com dinheiro em espécies e dois veículos.

O intermediário foi o responsável por entregar os valores para Cance em pelo menos três ocasiões. Em troca recebeu um caminhonete negociada na venda do imóvel, que estava em nome de outro filho de Orocídio, como comissão. Depois disso, alega ter parado de ajudar os dois amigos.

Ele explicou ainda que os descontos eram feitos por Cance a cada antecipação de parcela e que a ideia partiu de Orocídio. Outras testemunhas confirmaram para a defesa que os novos donos fizeram várias melhorias na propriedade ao longo dos anos e que o ex-secretário estadual adjunto de Fazenda não frequentava o local.

Uma nova audiência foi marcada para fevereiro de 2020, quando serão ouvidas outras cinco testemunhas e os réus do processo.

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