ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
SETEMBRO, TERÇA  09    CAMPO GRANDE 33º

Capital

Justiça mantém condenação por condições degradantes em base da Guarda Municipal

Caso é referente à segurança no Porto Seco da Capital, mas TJ reduziu indenização de R$ 50 mil para R$ 30 mil

Por Ângela Kempfer | 09/09/2025 09:07
Justiça mantém condenação por condições degradantes em base da Guarda Municipal
Porto Seco, em Campo Grande, depredado pelo tempo (Foto: Arquivo)

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul manteve a condenação da Prefeitura de Campo Grande por ter obrigado guardas civis a trabalhar em condições precárias em um contêiner instalado no Terminal Intermodal, conhecido como Porto Seco, mas reduziu o valor da indenização de R$ 50 mil para R$ 30 mil. A decisão foi tomada pela 5ª Câmara Cível em recurso apresentado pelo Município.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A Justiça de Mato Grosso do Sul manteve a condenação da Prefeitura de Campo Grande por submeter guardas municipais a condições precárias de trabalho no Terminal Intermodal Porto Seco. A indenização, inicialmente fixada em R$ 50 mil, foi reduzida para R$ 30 mil pela 5ª Câmara Cível. O caso, denunciado pelo Sindicato dos Guardas Municipais em 2021, revelou que os servidores trabalhavam em um contêiner sem estrutura básica, como banheiro e bebedouro. O Porto Seco, obra que custou R$ 30 milhões aos cofres públicos, nunca funcionou como terminal de cargas e acabou abandonado, sendo utilizado apenas como base da Guarda Municipal.

A ação foi movida em 2021 pelo Sindicato dos Guardas Municipais, que denunciou que os servidores permaneciam em um posto sem banheiro, geladeira, pia, bebedouro ou qualquer estrutura de apoio. O caso levou à desativação do ponto fixo ainda naquele ano e à inclusão do Porto Seco apenas nas rondas da Guarda.

Em 2024, o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, reconheceu o dano moral coletivo e condenou a Prefeitura ao pagamento de R$ 50 mil, a serem destinados a um fundo em favor da categoria. À época, o magistrado destacou que o laudo pericial comprovou a ausência de condições mínimas de higiene, conforto e segurança no posto de trabalho, em desconformidade com as normas do Ministério do Trabalho.

No julgamento do recurso, os desembargadores confirmaram a responsabilidade do Município, mas entenderam que o valor deveria ser reduzido. Segundo o relator, desembargador Geraldo de Almeida Santiago, a exposição durou cerca de seis meses e o posto foi desativado após a denúncia, o que justifica a diminuição da indenização para R$ 30 mil.

A verba, conforme previsto em lei, não será repassada individualmente aos guardas, mas destinada ao fundo de proteção e desenvolvimento da categoria.

O Porto Seco, que custou R$ 30 milhões aos cofres públicos, nunca entrou em funcionamento como terminal de cargas. O espaço foi abandonado, depredado e virou ponto de encontro de motociclistas, simbolizando um fracasso de planejamento logístico da Capital. Por isso, a Prefeitura decidiu montar uma base da Guarda lá.

O projeto começou a ser defendido ainda na época em que André Puccinelli (MDB) era prefeito da capital, com a ideia de aproveitar a logística da região, onde passa uma linha férrea e há acesso rápido a rodovias com destino a São Paulo, Sidrolândia e Corumbá.

Com diversas paralisações no meio do caminho, o terminal ficou em obras de setembro de 2007 a 9 de dezembro de 2020. Antes da conclusão, o Município corria o risco de ter que devolver ao Ministério dos Transportes o dinheiro investido.