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Capital

Listas classificam comércios de MS por lados partidários e incentivam boicotes

Nomes estão sendo espalhados pelo Whatsapp como lugares antipetistas e petistas

Natália Olliver | 01/11/2022 16:55
Parte de uma conversa de um grupo intitulado Patriotas de Coxim
Parte de uma conversa de um grupo intitulado Patriotas de Coxim

Após as eleições deste domingo (30), empresas em Mato Grosso do Sul têm sofrido boicotes e sendo incluídas em listas de estabelecimentos classificados como “petistas” e "antipetistas". A organização está sendo feita no aplicativo de conversa WhatsApp, por grupos de bolsonaristas e contra o atual presidente, que sinalizam, através da listagem, os lugares onde não comprar em determinado município.

Em Campo Grande, empresas de diversos nichos estão enumeradas. Ao todo, até o momento, são 28 locais classificados como “lista de comércios petistas” e 23 locais elencados como antipetistas, o que significa que não aprovam o partido. As listas causaram confusão entre os próprios apoiadores que sugerem boicote, pois alguns estabelecimentos aparecem em ambas listas.

Nesta terça-feira (1º), algumas empresas precisaram se posicionar nas redes sociais e explicar a situação. A padaria Dico, tradicional da Capital, se manifestou dizendo que são um estabelecimento apartidário e mantém esse posicionamento há 50 anos. “A Dico em seus 50 anos de história sempre foi apartidária, respeitando a escolha de todos, desde colaboradores até os nossos clientes”, diz em nota.

Um dos donos da empresa, Marcelo Miranda, contou ao Campo Grande News que ontem, por volta das 16h, chegou um grupo se intitulando petista, começou a xingar os funcionários e falar para os clientes que o local era antipetista. Eles também falaram, segundo o dono, que a padaria não era digna de estar aberta.

Quando chegou hoje cedo fiquei surpreendido com essa nova lista dizendo que nós somos petistas e que era pro pessoal fazer um boicote a várias empresas. É um absurdo essa polarização, esse radicalismo que tem hoje na política. É lamentável. Então, na verdade colocaram a gente nos dois lados, e o que é pior, pedindo um boicote nas duas listas. Nunca vimos uma barbárie como essa”, finalizou.

A nota feita pela Dico é semelhante entre as empresas que constam na listagem. O Bar Lupland se pronunciou alegando que tem sido vítima de uma campanha difamatória intitulada “locais para não comprar em MS - Campo Grande”.

“Há 4 anos, nosso jardim é um espaço que une respeito às diferenças e conforto, além de brindar à amizade. Somos terminantemente contra qualquer tipo de preconceito e sempre nos posicionamos assim. Somos um estabelecimento apartidário e recebemos todos com muito respeito e carinho”, disse em nota.

Mais comércios se pronunciaram frisando que respeitam a decisão eleitoral de todos e que são apartidários. Inclusive, frisaram que já sabem quem são os criadores das listas e tomaram as devidas providências legais.

Interior - Em Coxim, município localizado a 253 quilômetros de Campo Grande, o cenário também se repete. A reportagem teve acesso a alguns grupos partidários que compartilharam uma lista com 21 locais (até o momento) intitulados como “petistas”.  Em um áudio, um dos eleitores bolsonaristas revela espanto em supostamente descobrir que atacadista do município era “petista”.

Outro comenta por áudio que “não pode alimentar essa raça de esquerdista" e que iria até o local para pegar uma declaração do dono a respeito. Um outro apoiador diz “seria até bom ele gravar um vídeo, às vezes foram os próprios esquerdistas que falaram pra prejudicar o cara”.

Em Dourados, município a 251 quilômetros, até o momento, constam 60 estabelecimentos na listagem intitulada: “Lista de Comércio petista em Dourados. Não compre de um comunista”.

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