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Capital

Motoentregadores fazem "buzinaço" em prédio de cliente acusado de racismo

Motoqueiro que trabalha para aplicativo procurou a polícia após ser chamado de "preto" e "enrolado"

Kerolyn Araújo e Bruna Marques | 30/10/2020 11:25



Cerca de 30 motoentregadores se uniram na manhã desta sexta-feira (30) em frente ao condomínio Spazzio Classic, na Rua 14 de Julho, na região central de Campo Grande, e fizeram um "buzinaço" em forma de protesto contra o ataque racista que Edimar de Oliveira Peres de Souza, 29 anos, diz ter sofrido de um morador.

Edimar, que trabalha com entregas por aplicativo, procurou a Polícia Civil na tarde de ontem (29) após ser chamado de "preto" e "enrolado" pelo cliente quando chegou para entregar comida.

Segundo o motoentregador, o atraso ocorreu porque o colega que entregaria o pedido teve o pneu da motocicleta furado no caminho. "Eu fiz a minha rota e em seguida fui socorrer o meu colega. Como o pedido dele era o que mais estava atrasado, sai do local e fui direto para casa dele. Demorei uns 5 minutos até chegar lá", lembra. O entregador diz que assim que chegou começou a ser ofendido.


Edimar de Oliveira Peres de Souza, 29 anos, denunciou à polícia caso de racismo. (Foto: Henrique Kawaminami)
Edimar de Oliveira Peres de Souza, 29 anos, denunciou à polícia caso de racismo. (Foto: Henrique Kawaminami)

A vítima, que trabalha há 10 anos como motoentregador, nunca tinha passado por situação parecida. "Isso nunca aconteceu. Sempre tratei todos os clientes bem", lamentou.

A maioria dos motoentregadores que participaram do "buzinaço" não conheciam Edimar e fizeram o protesto por empatia. "Estou completamente emocionado. São meus irmãos de motoentrega, que estão na luta todos os dias, arriscam no trânsito, trabalham debaixo de chuva e sol. Estou muito agradecido por eles terem vindo", disse.

Lucas de Oliveira, 31 anos, trabalha com entregas desde o início do ano e foi prestar apoio ao colega de profissão mesmo sem conhece-lo. "Mandaram o caso em um grupo e eu vim apoiar. Somos um só. Mexeu com um, mexeu com todos. Temos que defender nossa classe", comentou.

Veja o vídeo gravado por testemunha:


Ao Campo Grande News, o síndico do condomínio, Reginaldo Nantes da Silva, 39 anos, disse que conversou com Edimar e que em relação as questões administrativas do condomínio, ele seguirá o que prevê o regimento interno do residencial. O síndico, porém, não explicou quais seriam as penalidades. O morador do condomínio também não foi chamado.

No último dia 25, cliente de uma hamburgueria de Goiânia (GO) proibiu que um motoentregador entrasse no condomínio de luxo por ser negro. Pelo chat do Ifood, ele chamou a vítima de macaco. O caso teve repercussão nacional.


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