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Capital

Mulher tem receita de ansiolítico em posto e morre no dia seguinte

Maria Engracina da Silva, 50 anos, morreu após sofrer três paradas cardiorrespiratórias; família acredita em erro médico

Kerolyn Araújo e Clayton Neves | 18/09/2019 10:35
Família procurou a polícia e acredita que erro médico levou mulher à morte. (Foto: Henrique Kawaminami)
Família procurou a polícia e acredita que erro médico levou mulher à morte. (Foto: Henrique Kawaminami)

Uma família de Campo Grande procurou a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) da Vila Piratininga nesta quarta-feira (18), para denunciar suspeita de negligência médica que resultou na morte de Maria Engracina da Silva, 50 anos, na última segunda-feira (16). Com parada cardiorrespiratória, a mulher foi medicada com remédio para ansiedade no CRS (Centro Regional de Saúde) do Coophavila e morreu um dia depois.

Ao Campo Grande News, o esposo da vítima, Abel dos Santos Vindoca, 44 anos, relatou que no domingo (15) foi com Maria até o bairro Tijuca, onde comemorariam o aniversário da sogra. No local, a vítima começou a reclamar de dores no peito e foi levada para o CRS do Coophavila por volta das 11h.

Na unidade de saúde, a vítima passou por exame de eletrocardiograma e, segundo o médico, não havia alteração. ''Ele descartou a hipótese de parada-cardiorrespiratória. Disse que era crise de ansiedade e passou remédio para que ela se acalmasse'', contou Abel.

Por volta das 13h, o quadro de Maria piorou e a vítima começou a se debater. ''Ela estava reclamando de dor e o médico falando que era ansiedade, dizendo que ela precisava se acalmar para o remédio fazer efeito'', disse. Às 15h, Maria teve a primeira parada-cardiorrespiratória na frente da família.

''Ela foi reanimada e encaminhada para a sala de emergência. Ficamos por aproximadamente duas horas sem notícias. O médico não falava nada e os enfermeiros diziam que não estavam autorizados a passar informação", explicou. Por volta das 17h a família foi informada de que uma viatura do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) havia sido chamada para transferir a paciente ao Hospital Regional. Nesse intervalo, Maria teve outra parada.

Abel dos Santos Vindoca relatou que a esposa não tinha problemas de saúde. (Foto: Henrique Kawaminami)
Abel dos Santos Vindoca relatou que a esposa não tinha problemas de saúde. (Foto: Henrique Kawaminami)

A paciente deu entrada no hospital às 20h30 e em seguida sofreu a terceira parada-cardiorrespiratória. Segundo Abel, a médica que atendeu Maria no hospital olhou o exame feito no CRS e constatou que ele já apontava início de alteração cardíaca. A vítima morreu às 19h do dia seguinte.

''Durante todo o momento, desde a chegada ao posto até a primeira parada, ela pedia para não morrer porque tinha filho pequeno para criar. É muito sofrimento para a família, ela não estava doente e não tinha problemas de saúde", disse o marido. Abel acredita que o diagnóstico errado e a demora no atendimento resultaram na morte da esposa. ''Eles demoraram muito para socorrê-la. Tiveram a chance de ajudar, mas não fizeram", ressaltou.

Conforme o presidente da Associação de Vítimas de Erros Médicos de Mato Grosso do Sul, Valdemar Morais de Souza, o caso será levado ao MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para ser investigado.

''Posto de saúde é paliativo, não é um local para deixar as pessoas passando mal, morrendo. Se o exame já tinha detectado o mínimo sinal de infarto, ela já deveria ter sido encaminhada para um especialista em hospital. Deixaram a mulher morrer a míngua por falta de atendimento, imprudência e negligência", defendeu.

Ainda segundo o presidente da associação, na terça-feira (17) a família tentou registrar o boletim de ocorrência na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro, mas o policial se recusou, dizendo que a família deveria procurar o CRM (Conselho Regional de Medicina). A DGPC (Delegacia-Geral da Polícia Civil) será notificada sobre o caso.

Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), ao dar entrada na unidade de saúde, Maria foi prontamente atendida, passou por exames e ficou em observação. Diante da evolução repentina do quadro clínico foi solicitada a transferência para unidade hospitalar que foi realizada em um período de 4 horas o que, por sua vez, não caracteriza um tempo excessivo de espera. 

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