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Ninguém acreditou que a pandemia duraria um ano, imagine dois...

Neste domingo (14), o primeiro caso de coronavírus registrado em Campo Grande completa um ano

Aletheya Alves | 14/03/2021 08:11
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Em 14 março de 2020, quando o primeiro caso de coronavírus foi registrado em Mato Grosso do Sul, ninguém acreditava que a pandemia completaria um ano. Mas completou e não parece nem perto de acabar. Ironicamente, passados 365 dias, entre sobe e desce, a curva da doença avança para o alto, como nunca.

Nesses 12 meses, a covid começou rasteira, mas foi mostrando poder mês a mês. Desde 2020, quando um homem vindo de Londres abriu as estatísticas em Campo Grande, no mesmo dia em que uma jovem foi diagnosticada depois de festa formatura na Valley, a doença matou em média quase 10 pessoas por dia e infectou 530 a cada 24 horas.

Entramos a partir de amanhã no 2º ano da pandemia aqui no Estado, entre os primeiros do País em superlotação de hospitais, com temor que o início da vacinação só conseguiu amenizar.

Andando pelo Centro, só a máscara lembra que enfrentamos a pior fase da pandemia. Nem a medição de temperatura, que há um ano era cena obrigatória, ainda é vista pelo comércio de rua.

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A máscara do palhaço Putuco nunca fez parte “natural” da fantasia, mas substituta forçada no lugar do rosto pintado. Com as máscaras sendo mais importantes do que peças de roupa, o último ano fez um giro na mente de todo mundo.

Quem dá vida a Putuco, Júlio César Franco Virgini, de 38 anos, conta que tinha esperança do coronavírus ser personagem passageiro, mas viu o calendário mostrar o completo contrário. “Devido à irresponsabilidade das pessoas, acabou que a pandemia se espalhou pelo país inteiro. Estamos vivendo momentos de calamidade, pior do que o ano passado”.

Depois de passar 60 dias em casa no início da pandemia, Júlio voltou para as ruas munido do nariz de palhaço costurado na máscara e borrifador de álcool combinando com as cores da roupa. Hoje, ele relata que a alegria dos dias atuais não chega nem perto do que era antes.

Nossa profissão é para agradar as crianças, sentimos falta da criança ser espontânea. Muitas vezes eles abraçam e a gente precisa explicar que não pode, nos adaptamos aos poucos, Júlio explica.

Repetindo a torcida de 2020 para que o vírus não faça aniversário, a doméstica Regina Francisca de Azevedo, 37 anos, diz que continua tentando não pensar no pior. “Eu ainda tô crendo que vai acabar. Com fé que vai passar. As pessoas olham para a gente e pensam que a gente é o próprio vírus”, diz.

Logo nos primeiros meses do coronavírus, Regina saiu do serviço para cuidar dos filhos. Pouco tempo depois retornou ao trabalho por necessidade, “tudo está muito caro, nada está muito bom e precisa melhorar”.

 Regina Francisca de Azevedo, 37 anos, diz que não quer pensar no pior para os dias futuros. (Foto: Paulo Francis)
 Regina Francisca de Azevedo, 37 anos, diz que não quer pensar no pior para os dias futuros. (Foto: Paulo Francis)

Esperança mais próxima? - Enquanto começava a aproveitar a aposentadoria em Cuiabá, Marcelo Paes de Arruda, 57 anos, levou um susto com a covid-19. “Eu estava passando 15 dias lá, essa foi a última viagem. Hoje tô feliz de trazer pelo menos minha mãe para tomar a  segunda dose, a minha primeira ainda deve demorar”.

Com a mãe de 80 anos no banco do passageiro, Marcelo relata que esse não era o ideal imaginado para 2020 e 2021. “Eu queria estar viajando, aproveitando, mas a gente precisou deixar tudo de lado. Com ela vacinando a gente fica pelo menos mais tranquilo”, diz.

Marli e Alice Valério após segunda dose de vacinação na sexta-feira (12). (Foto: Aletheya Alves)
Marli e Alice Valério após segunda dose de vacinação na sexta-feira (12). (Foto: Aletheya Alves)

Sorrindo com o comprovante de vacinação da mãe, Marli Valério, de 47 anos, diz que já até se acostumou com o novo real. “Minha sorte é que tenho ficado em casa, então não posso reclamar porque estamos protegidas”.

Também dizendo que já nem sente mais falta de passear, a mãe de Marli, Alice Valério, de 80 anos, não conseguiu conter a risada ao dizer que estava tomando a segunda dose. Pela reação, o costume com isolamento realmente não parece a melhor ideia.

Lojas vazias - Com o cenário ainda mais crítico em 2021, a gerente de loja Mayara de Arruda, 30 anos, diz que o primeiro ano da pandemia foi complexo, mas ainda conseguiu ser melhor do que nos últimos meses.

Há três anos trabalhando no Aero Rancho, ela conta que o cotidiano sem coronavírus era composto por muita gente entrando e saindo da loja. “Hoje você vê pouca gente por aqui, é só olhar as lojas e ver que tá tudo vazio. Aqui mesmo a gente precisou reduzir funcionário quase pela metade, não teve jeito”, explica.

Gerente de loja, Mayara de Arruda, 30 anos, diz que pandemia reduziu em três vezes as vendas. (Foto: Paulo Francis)
Gerente de loja, Mayara de Arruda, 30 anos, diz que pandemia reduziu em três vezes as vendas. (Foto: Paulo Francis)

Com medo de um lockdown real, Mayara explica que se com as portas abertas já está difícil, com tudo fechado não há o que imaginar. “As vendas aqui estão três vezes menores, a gente não consegue comparar. Como é uma loja popular, as pessoas sempre vinham aqui independente do dia de salário”.

Quem tentou empreender durante a pandemia e reverter a situação conta que também foi surpreendido pela permanência da doença. Comerciante, Willian Lima, de 33 anos, explica que abriu uma loja crendo que em janeiro tudo estaria melhor, mas que a realidade tem sido bem diferente.

“Janeiro e fevereiro foram bem complicados. Eu sou motorista de aplicativo e nas ruas também está muito difícil, mas a gente espera que a vida possa voltar ao normal logo”, Willian completa.

Willian Lima, de 33 anos, abriu loja durante a pandemia pensando que a doença seria passageira. (Foto: Paulo Francis)
Willian Lima, de 33 anos, abriu loja durante a pandemia pensando que a doença seria passageira. (Foto: Paulo Francis)


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