ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
MAIO, SÁBADO  17    CAMPO GRANDE 25º

Capital

No velório da mãe, Thiago descreve sensação: "Um choque, como bicuda na costela"

Rosa Maria Figueiredo, 41 anos, morreu ao ser atingida por condutor embriagado e que furou sinal vermelho

Silvia Frias e Bruna Marques | 01/04/2022 10:38
No velório da mãe, Thiago descreve sensação: "Um choque, como bicuda na costela"
No cruzamento da Avenida Salgado Filho, o capacete e destroços da moto. (Foto/Arquivo: Henrique Kawaminami)

“Foi um choque, como se fosse uma bicuda na costela, você não consegue ficar em pé”, descreveu o chapeiro Thiago Ferreira, 21 anos, sobre o que sentiu ao ver o corpo da mãe, Rosa Maria Figueiredo Ferreira, 41 anos, na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Leblon.

A comerciante morreu ao ser atingida pelo estudante de Agronomia Enelton Fernandes de Andrade Junior, 21 anos, na madrugada de quinta-feira (31), no cruzamento da Avenida Salgado Filho e Rua Guia Lopes. Teste de alcoolemia indicou embriaguez do condutor.

Hoje, o corpo de Rosa Maria está sendo velado na Pax Pró Vida, na Vila Planalto, e será sepultado às 13h30, no Cemitério Parque de Campo Grande, no Pioneiros. A família não permitiu imagens e no velório, apenas o caçula quis falar com a imprensa.

No velório da mãe, Thiago descreve sensação: "Um choque, como bicuda na costela"
O corpo de Rosa Maria está sendo velado na Pax Pró Vida. (Foto: Henrique Kawaminami)

O acidente aconteceu às 2h, quando Rosa Maria saiu para fazer a última entrega de açaí. Thiago era o único dos três filhos que ainda morava com ela. Naquela noite, explicou, Rosa Maria tinha pendente serviço de delivery do produto, na Avenida Tiradentes.

No caminho, a moto em que ela estava foi atingida pela Renault Logan conduzida pelo estudante, que tinha furado o sinal vermelho.

Thiago também trabalhava até tarde e naquela madrugada, por volta das 3h40, estranhou não encontrar a mãe em casa, na Vila Glória. “Sempre que eu chegava ela já lá, dormindo ou ainda fazendo alguma coisa”. O rapaz ligou no celular da mãe, sem resposta.

Quando estava no banho, o celular tocou, indicando ser o número da mãe. Mas a voz que o chamou era masculina. Um policial militar se identificou e perguntou se a mulher era funcionária de Thiago. “Não é minha mãe, aconteceu alguma coisa?”, respondeu.

O policial disse que ela tinha sofrido acidente. “Foi grave?”, perguntou Thiago. A resposta afirmativa do PM o assustou.

O militar o orientou a ir até a UPA Leblon, para onde Rosa Maria havia sido levada e onde poderia buscar os pertences dela. Na unidade de saúde, a recepcionista pediu para que o rapaz aguardasse.

Desesperado, foi até o pátio e encontrou os socorristas próximos da ambulância e perguntou se eles tinham transportado a vítima de acidente na Avenida Salgado Filho.

Thiago se recorda que houve breve silêncio antes da pergunta: “Você é da família?”. Ao responder que era filho, os socorristas chamaram o chefe da equipe que informou a morte de Rosa Maria ainda na ambulância. “Ele estava até meio travado para dar a notícia, porque não é notícia fácil de se dar.”

O médico da UPA foi chamado e autorizou a entrada do rapaz para reconhecer o corpo da mãe.

Thiago diz que a mãe tinha sonho que estava em construção. Há três anos, quando começou o delivery de açaí, vendia um potinho de três quilos. Agora, já comercializa cerca de 30 quilos por noite. “Ela tinha muitos planos, tudo que ela fazia tinha começo, meio e fim”, disse.

Agora, o filho diz que irá levar adiante o sonho da mãe. “Agora, vou terminar o que ela começou, ela tinha sonho de abrir comércio do açaí.”

Sobre o condutor, o rapaz disse esperar que ele fique preso. “Um verme bateu nela, não vou falar de pena de morto, porque isso só cabe a Deus, mas espero justiça”.

À polícia, o estudante confessou que voltava da casa de amigos, onde havia bebido tequila. Hoje, em audiência de custódia, a Justiça de Campo Grande arbitrou fiança de 10 salários mínimos, cerca de R$ 12 mil, para liberar Enelvo Andrade Júnior. O juiz plantonista determinou, ainda, medidas cautelares, como recolhimento domiciliar noturno e suspensão da CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

Nos siga no Google Notícias