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Capital

Para quem vai morar longe, comidas e parques estão guardados na memória

Sobá, mandioca amarela, chipa e Parque das Nações Indígenas estão na lembrança de quem foi morar em outra cidade

Richelieu de Carlo | 26/08/2017 13:08
Maior cartão postal de Campo Grande, Parque das Nações Indígenas deixa saudade em quem vai embora. (Foto: Eliel de Oliveira)
Maior cartão postal de Campo Grande, Parque das Nações Indígenas deixa saudade em quem vai embora. (Foto: Eliel de Oliveira)

Em seus 118 anos de história, Campo Grande ficou conhecida por proporcionar a seus moradores uma boa qualidade de vida, embora alguns de seus cidadãos tenham que abrir mão desse benefício para trabalhar em outros lugares do País, deixando para trás familiares e amigos.

Não são apenas as pessoas que deixam saudade. Lugares, comidas e hábitos também fazem falta. Aliás, quando dizem que falta à Capital sul-mato-grossense uma identidade cultural, quem foi pra longe mostra que isso é somente um engano.

A psicóloga Dorvany Alves, 47 anos, teve de deixar Campo Grande para assumir uma posição executiva nos recursos humanos de uma empresa em Manaus, no Amazonas, onde está há três meses. Ela diz sentir saudade da mandioca amarela, “mas o que mais todo sul mato-grossense sente falta é do sobá”.

Estas duas iguarias e a chipa formam o trio da culinária da Capital que ela teve de abrir mão ao morar em outra cidade, como aconteceu quando viveu por cinco anos em Goiás. “Toda vez que voltava pra Campão, primeira coisa depois de encontrar a família era comer sobá”.

Dorvany se diz “mandioqueira”, mas tem que ser a amarela, já que a manauara “é branca e não cozinha”.

Agora, tem que se contentar em ficar a centenas de quilômetros de distância da dupla “mandioca amarelinha com shoyu”, que para ela é igual a “vida”.

Já a chipa traz um aspecto familiar e um gostinho de infância. "Quando meu pai nos levava à escola e passava no Mercadão para a gente comer antes, era a glória porque não tínhamos grana pra ir sempre, então quando ele ia, era como café da manhã", conta Dorvany.

Sobá é iguaria que mais faz falta. (Foto: Marcos Ermínio)
Sobá é iguaria que mais faz falta. (Foto: Marcos Ermínio)

O jornalista Carlos Henrique Braga, 31 anos, é outro que foi embora e teve que tirar a mandioca amarela do cardápio. “A daqui é péssima e cara”, diz sobre a mandioca de Joinville, cidade catarinense onde mora há pouco mais de três anos. “A branca é dura, não é igual. A amarela tem uma manteiga natural e derrete na boca”, compara.

Fora do campo gastronômico, Carlos diz sentir falta dos “tais parques lineares” de Campo Grande. “Uma coisa legal daí são as pistas de caminhada, aqui são ruins”, se queixa. Questionado se fazia uso destes locais, é sincero ao dizer que não, “mas gostava de ver as pessoas caminhando”, justifica rindo.

Há 8 anos longe, Vagner Cesar Maciel, 29 anos, se mudou para Gaspar, em Santa Catarina, para assumir um cargo de servidor público. O Parque das Nações Indígenas é do que mais sente falta, por causa de sua concha acústica e lagoa, que lhe transmitia “tranquilidade e calma”.

“O bom da concha era poder curtir os shows de MPB com os amigos e a família”, justifica. Ele também diz sentir falta do sobá, pois acha “a cara de Campo Grande”. “Me remete à mistura de pessoas e ao jeito sossegado do campo-grandense”, explica Vagner.

A saudade não bate apenas em quem foi morar em outra cidade, mas também em quem reside na Capital, mas tem que passar meses fora, como é o caso de Leticia Martines, 29 anos, que decidiu se dedicar ao casal de filhos, um menino de quatro anos e uma menina de dois.

Dorvany Alves saiu de Campo Grande para desbravar outras cidades. "Há muitos mundos por aí". (Foto: Reprodução/Facebook)
Dorvany Alves saiu de Campo Grande para desbravar outras cidades. "Há muitos mundos por aí". (Foto: Reprodução/Facebook)

Para não ficar longe do marido, piloto, tem que que ficar meses em outra capital, o Rio de Janeiro. “Quando eu fico fora daqui sinto falta de sobá e tereré”, diz. “Também sinto muita falta do Parque das Nações. Tanto para as crianças, quanto para mim”.

“O parque é um conjunto ideal. Eu consigo caminhar, as crianças amam os parquinhos, damos comida para os peixes, patos e pássaros, caçamos capivaras, ideal para brincar de caça ao tesouro e no final saímos com a energia carregada pela natureza”, relata Letícia.

“Esse contato com a natureza é o melhor remédio para qualquer pessoa. Um parque limpo, grande e mesmo cheio dá para aproveitar”, prossegue.

“O sobá também é um conjunto perfeito. Macarrão, uma sopa muito bem temperada, carne que amo, salsinha que amo e ovo que amo! Mas o melhor de todos os ingredientes com certeza é o caldo. O maior atrativo”, diz a campo-grandense sobre o campeão em deixar saudade em quem teve que sair pelo mundo afora.

Letícia Martines com a família no Parque das Nações Indígenas. (Foto: Reprodução/Facebook)
Letícia Martines com a família no Parque das Nações Indígenas. (Foto: Reprodução/Facebook)
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