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Capital

“Pegava meu dinheiro e me batia”, diz réu em júri do assassinato de agente

Depois de 6 anos, quatro acusados de matar agente penitenciário são julgados nesta quarta-feira

Viviane Oliveira e Bruna Marques | 24/02/2021 12:08
Robson enquanto era ouvido pelo juiz Aluízio e corpo de jurados nesta manhã, na 2ª Vara do Tribunal do Júri   (Foto: Henrique Kawaminami) 
Robson enquanto era ouvido pelo juiz Aluízio e corpo de jurados nesta manhã, na 2ª Vara do Tribunal do Júri   (Foto: Henrique Kawaminami)

São julgados desde as 8h desta quarta-feira (24), na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande, os quatro acusados de executar há 6 anos o agente penitenciário Carlos Augusto Queiroz de Mendonça, 44 anos. Segundo a denúncia do MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) o grupo faz parte da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

O crime aconteceu no dia 11 de fevereiro de 2015, por volta das 5h45, dentro do Estabelecimento Penal de Regime Aberto e Casa do Albergado, localizado na Rua Américo Marques, na Vila Sobrinho. Dois dos réus estão presos em outro estado e foram ouvidos por videoconferência. Os outros dois, internos de penitenciárias da Capital, foram ouvidos no Tribunal do Júri.

Os acusados são: Robson Silva dos Santos de Souza, 28 anos, o Robinho; Marcelo Silva Gonçalves, 39 anos, o Buguinho; Rafael de Oliveira Batista, 27 anos, o Lobinho; e Rafael Pimentel Duarte de Souza, 27 anos, o Espeto.

Depoimento - Ao juiz Aluízio Pereira dos Santos, Robson, preso na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, disse por videoconferência que foi o autor dos disparos, agiu sozinho e matou porque na época era extorquido e humilhado pelo servidor.

Segundo relatos dele, quando cumpria pena no estabelecimento, as agressões começaram depois que foi pego pelo agente tentando entrar com celular.  Robson é fichado por vários crimes, inclusive por quatro assaltos. “Na época trabalhava durante o dia e só ia para o albergue dormir”. “Ele queria que eu pagasse de R$ 50 a R$ 100. Me ameaçava dizendo que iria voltar para o Presídio de Segurança Máxima, me humilhava”, disse.

Robson, o Robinho, durante julgamento por videoconferência nesta manhã (Foto: Hernique Kawaminami) 
Robson, o Robinho, durante julgamento por videoconferência nesta manhã (Foto: Hernique Kawaminami)

Conforme o preso, o estopim foi quando emprestou dinheiro de agiota para pagar pensão alimentícia para o filho e acabou obrigado a dar R$ 200 para o agente. A arma utilizada para matar o agente, disse, foi comprada de um "fulano" no Dom Antônio Barbosa, 4 meses antes do crime.

No dia da execução, contou, havia saído da penitenciária, conseguido carona com outro colega do presídio para ir trabalhar, mas ao voltar para pegar algo dentro do albergue, se deparou com o agente mexendo no computador. “Fiquei cego. Atirei da porta, não sei falar a distância. Não falei nada. Já tinha pedido para ele parar de pegar meu dinheiro e parar de me bater”. Afirmou ainda que os outros denunciados não têm nada a ver com o crime. Negou também pertencer a facção criminosa.

Denúncia - Para o Ministério Público, a situação é bem diferente do que foi falado em depoimento pelo réu. Segundo a denúncia, todos têm participação no crime e fazem parte da facção.“Conforme devidamente comprovado nos autos, todos os denunciados fazem parte da facção denominada PCC, sendo que cada um teve participação individualizada na prática criminosa”.

Ainda de acordo com a denúncia, Robson, na função de “primo leal” dentro da facção criminosa, foi o responsável por executar a vítima dentro do estabelecimento penal, sendo que esta “missão” lhe foi passada pelo colega da organização, identificado como Marcelo. O resultado do julgamento será divulgado no período da tarde.

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