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Capital

Preso na Omertà ostentava armas e dinheiro em celular com mais de 80 mil imagens

Extração de dados do delefone de "Deives", alvo da "Armagedon", 3ª fase da operação, revelou negociações

Marta Ferreira | 06/11/2020 16:29
Galeria de imagens de celular apreendido na Omertà 3 mostra inúmeras fotos de armas. (Foto: Reprodução de Processo)
Galeria de imagens de celular apreendido na Omertà 3 mostra inúmeras fotos de armas. (Foto: Reprodução de Processo)

Em meio a mais de 80 mil imagens de um celular, fotos de armas, muitas armas, e de dinheiro, bastante dinheiro. Nos diálogos do WhattsApp, negociações de armamento pesado, como fuzis, por valores entre R$ 15 e 40 mil, com origem na fronteira com o Paraguai.

É o que a extração de dados encontrou no aparelho apreendido com Davison Ferreira de Farias Campos, de 32 anos, segundo relatório anexado nesta quinta-feira (5) a ação penal derivada da Operação Omertà na 1ª Vara Criminal em Campo Grande. “Deivis”, como é chamado, está preso desde junho deste ano, quando foi deflagrada a terceira fase da ação contra milícias armadas atuantes em Campo Grande e em Ponta Porã, cidade gêmea de Pedro Juan Caballero, no Paraguai.

Para a força-tarefa responsável pela Operação, o conteúdo obtido no aparelho de telefone apreendido com “Deivis” contém provas do quanto a organização criminosa alvo da ação é perigosa, evidenciado pelo acesso fácil a material bélico demonstrado por esse réu.

Facção e preço - Em um dos diálogos, de abril de 2020, em grupo de WhatsApp chamado “Amizades Leais”, Davison está falando com interlocutora do Rio de Janeiro, que se interessa por um uma arma de fogo modelo Parafal, calibre 5.56. Segundo o conteúdo obtido, ela pergunta se haveria imagens da munição do fuzil.

Aqui não é rio, mas é campão e 1533”, responde  traficante de armas, junto com fotografia na qual aparece de posse de fuzil.

Esse número é referência ao PCC, pois equivalem à ordem das letras iniciais da facção no alfabeto. Não há mais detalhamento sobre eventual participação do criminoso nas ações da facção, que domina as prisões em Mato Grosso do Sul.

 Na mensagem captada, Davison informa na sequência que as munições para o modelo específico estão em falta, porém diz ter muitos outros tipos, bem como armamentos de outros calibres para negociar.

Davison em foto encontrada no celular, com um fuzil em punho. (Foto: Reprodução de processo)
Davison em foto encontrada no celular, com um fuzil em punho. (Foto: Reprodução de processo)

 Conforme o relatório, o denunciado explica “que teria facilidade de acesso a esses armamentos de uso restrito ou não”. De acordo com os diálogos, compraria “lá em baixo”, referindo-se à cidade de Ponta Porã.

 Venderia, afirma na conversa por escrito, para qualquer região do Brasil. Para o Rio de Janeiro RJ os valores iram de R$15 a R$ 40 mil.

Cabe destacar, que a maioria desses diálogos foi apagada pelo usuário do dispositivo , anota o documento do Gaeco”.   Parte dessas mensagens a análise técnica conseguiu recuperar.

Prisão mantida - Esse documento, além de estar na ação penal principal derivada da Omertà III, com 21 réus, é usado pelo Gaeco em manifestação contrária a pedido de liberdade apresentado pelos advogados de Davison.

 O juiz do caso, Roberto Ferreira Filho, manteve  a ordem de encarceramento.

 Para ele, diante dos fatos narrados na denúncia em relação ao requerente, “por sua aparente periculosidade”,  não fatos novos que pudessem enfraquecer a decisão que mandou prender Davison, ou seja, os motivos do decreto de prisão permanecem.

 A ação – O processo está na fase de defesa prévia dos 20 réus por crimes como formação de organização criminosa e tráfico de armas. Entre eles estão os empresários Jamil Name e Jamil Name Filho, presos desde a primeira fase da Omertà, acusados de chefiar milícia armada em Campo Grande, e Fahad Jamil e Flavio Correia Jamil Georges, apontados como lideranças de grupo criminoso em Ponta Porã.

As duas milícias formaram espécie de consórcio do crime, uma apoiando a outra, conforme as investigações levadas a termo por força-tarefa da Polícia Civil, liderada pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo, Assaltos e Sequestros) com apoio do Gaeco.

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