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Capital

Pressão por horário e incertezas regem o cotidiano de motoristas

Depois de paralisação, condutores do transporte coletivo ainda buscam resposta da Agetran

Chloé Pinheiro | 22/07/2016 09:49
Motorista entre ônibus estacionados próximos a terminal de transbordo; categoria sofre com pressões (Foto: Alcides Neto)
Motorista entre ônibus estacionados próximos a terminal de transbordo; categoria sofre com pressões (Foto: Alcides Neto)

Uma semana depois de paralisar a circulação do transporte coletivo e protestar no Terminal Morenão, a situação relatada pelos condutores ainda não foi resolvida. Na ocasião, a categoria denunciava a cobrança de multas administrativas que supostamente passarão ser pagas por eles. Além do tumulto entre os passageiros, a paralisação revelou um clima tenso entre esses profissionais.

“Para a gente, é uma pressão danada”, resume Carlos de Abreu, 41 anos, que há mais de dez anos transporta passageiros por Campo Grande. O principal motivo por trás do desabafo é o controle dos horários.

Segundo os motoristas, é necessária uma revisão da grade. “O número de carros na rua aumentou e o trânsito também, mas as tabelas não mudam há muitos anos”, conta Abreu. Em trechos como as avenidas Eduardo Elias Zahran e a Afonso Pena, no horário de pico, a coisa complica ainda mais.

“Também não adianta calcular o tempo de trajeto às 09h da manhã se o ônibus passa às 11h30”, completa o motorista, que também exerce função no Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande .

Outro ponto de estresse na rotina da classe é a constante ameaça de grupos de vândalos aos carros. “Não sofremos mais o medo do assalto, como antes, mas o vandalismo é terrível durante os finais de semana e à noite”, relata Abreu. “Às vezes, vemos os passageiros assustados e não podemos falar nada para não sermos agredidos ou ofendidos”.

Recentemente, chegou ao sindicato a notícia das multas administrativas e da perda de pontos, que já existiam, mas ainda não eram repassadas aos funcionários.

Paralisação gerou transtornos no Terminal Morenão (Foto: Alcides Neto)
Paralisação gerou transtornos no Terminal Morenão (Foto: Alcides Neto)

Entenda o caso - A lei 4.584/2007, que é o cerne da discussão, estabelece multas para várias infrações, das mais simples, como estacionar de maneira errada na plataforma, às mais graves, como dirigir embriagado. Os valores são cobrados de acordo com o valor da tarifa vigente e os infratores também somam pontos, assim como acontece no Código Brasileiro de Trânsito.

O atraso, que é a infração mais recorrente, dá multa de 140 vezes o valor da passagem, o equivalente a mais de R$ 400, e cinco pontos no prontuário do motorista. Os pontos, que poderão resultar em demissão por justa causa quando chegam a vinte, ainda não estão sendo aplicados, mas as notificações de multas com valores altos já começaram a chegar. Por enquanto, quem paga é a empresa contratante, que repassa uma taxa simbólica aos motoristas.

Segundo a Agetran, a reunião que dará início às negociações sobre essa questão está agendada para a próxima terça-feira, dia 26, às 09h da manhã.

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