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Capital

Prisão de sargento do Batalhão de Choque provoca revolta na tropa

Confusão começou com acidente que envolveu amigo do policial, na sexta-feira

Marta Ferreira | 01/10/2017 15:30
Prisão de sargento do Batalhão de Choque provoca revolta na tropa
Confusão aconteceu nesse trecho da rua que é continuação da Panambi Verá. (Foto: reprodução Google Maps)

O sargento da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul Éder Queiroz Gomes, de 35 anos, lotado no Batalhão de Choque, está preso desde a tarde sábado (30), sob a acusação de ameaça a um comerciante. A prisão em flagrante foi feita em uma lan-house na rua Alberto Carlos de Mendonça Lima, no Jardim Tijuca, em Campo Grande, onde o policial estava junto com outros dois colegas, fardado e em uma viatura do Batalhão. A seu favor, o sargento tem a tropa, que, por meio da entidade que representa a classe e ainda de policiais que procuraram o Campo Grande News, afirma que a prisão foi arbitrária, e que a suposta vítima fez ameaças e disse ter influência com gente de alta patente da PM.

O local onde o policial foi preso pertence a Franklin Nunes Martins, 26 anos, que acionou o Ciops (Centro de Integração e Operaçãoes) alegando estar sendo ameaçado. Segundo Franklin, o sargento foi ao local para tirar satisfações em nome de um amigo, identificado como o comerciante Eraldo Gomes Patrício Junior, 27 anos, depois de um acidente de trânsito, ocorrido na sexta-feira (29). Franklin estava de moto, e Eraldo de carro, quando ocorreu uma colisão, sem maiores danos, mas que provocou toda a confusão.

Os dois se desentenderam via Whatsapp, ao conversar sobre como resolveriam o conserto dos estragos provocados pelo acidente. Nos áudios das conversas, aos quais o Campo Grande News teve acesso, o comerciante afirma textualmente ter parentes de alta patente na Polícia Militar, cujos nomes não são citados, e ameaça transformar o carro de Eraldo em “uma peneira”. Diz, ainda, que o "rival" deveria mudar de bairro, porque sabe onde ele mora.

Eraldo, então, pediu ajuda ao amigo lotado no Choque, conforme consta do auto de prisão em flagrante da Corregedoria da PM. No texto, Franklin admite que proferiu palavras em tom de ameaça, mas diz ter se arrependido e dito que arcaria com o próprio prejuízo com a motocicleta. A conversa contém áudios e mensagens por escrito.

Ainda assim, segundo a versão de Franklin, o policial o procurou durante o serviço e disse que se acontecesse algo com o amigo, o comerciante “se veria com ele”.

Outras viaturas

A situação envolveu três equipes da Polícia Militar, pelo menos. O relato do comerciante afirma que, primeiro, uma viatura identificada como sendo do Choque passou pelo local e os policiais olharam para o interior do estabelecimento. Depois, chegou o sargento Éder, com dois colegas. O comerciante cita ainda uma outra equipe que teria parado no local, conversado com ele, e logo se retirado.

Afirmando estar com medo, ele diz ter decidido acionar o Ciops, que enviou uma outra equipe, chefiada por um oficial,  responsável pela prisão. Conforme o documento, o comerciante chegou a pedir para que Éder se retirasse, mas o sargento alegou que ficaria para explicar quando a equipe chegasse.

Defesa

Éder está no Presídio Militar em Campo Grande, no complexo penitenciário da saída para Três Lagoas. Seus advogados já entraram com pedido de liberdade junto à Vara que cuida de casos militares.

A alegação é que em nenhum momento houve tom de ameaça na visita ao estabelecimento, que teria sido motivada pelo áudio no qual integrantes da corporação são citados. Dizem, ainda, que o policial não tem antecedentes, é dono de uma ficha com elogios diversos e não há porque ficar preso por um crime considerado de menor potencial ofensivo. No Código Penal Militar, a pena máxima é de seis meses de reclusão

Colegas de Éder Gomes entraram em contato com o Campo Grande News dizendo-se revoltados com a ação da Corregedoria. Segundo eles, o comerciante fez ameaças e ainda ofendeu integrantes da Corporação. Os policiais também apontam que ele tem várias passagens, a maior parte por violência doméstica.

O presidente da ACS (Associação dos Cabos e Soldados), Edmar Soares Silva, policial da reserva, questionou a prisão. “O que mais me admira é prenderem esse sargento, ele estava armado porque estava de serviço”. Silva defende a ida do policial ao local em razão de um áudio que, segundo ele, é ofensivo, e poderia até configurar crime. "Ele foi averiguar a situação".

Silva afirmou que nesta segunda-feira vai procurar o comando da Polícia Militar e que, se isso não for feito pelos advogados de Éder, a associação vai adotar providências em relação às ameaças em áudio, que, segundo ele, atentam, também, contra a Polícia Militar. “Ele não pode sair falando qualquer coisa da Corporação que está todo dia nas ruas protegendo as pessoas”.

A reportagem entrou em contato com o comandante da PM, coronel Waldir Ribeiro Acosta, e a informação recebida é que a Corregedoria da Corporação vai se manifestar sobre o caso nesta segunda-feira.

(Matéria editada às 21h para acréscimo de informação)

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