Procura por tecido para confecção de máscaras provoca fila na porta das lojas
No setor que há muito não via tanto movimento, as vendas aumentaram 90%
Filas de espera e produtos em falta. As lojas de venda de tecido em Campo Grande estão enfrentando um boom de procura por quem tem confeccionado máscaras para uso nesse período de pandemia.
Nas lojas visitadas pela reportagem, as cores branca, preta e azul marinho estão em falta e a grande quantidade de pessoas que buscam os itens está ocorrendo desde o dia 6 de abril, quando grande parte das lojas do comércio de Campo Grande puderam reabrir.
Na Moniday, estabelecimento que vende artigos para artesanatos em geral, na avenida Maracajú, a procura por tecidos de algodão, como o tricoline, aumentou 90%. Já a venda dos demais itens, caiu pelo menos 90%.
A proprietária da loja, Clarice Marconato, 54 anos, diz estar satisfeita com a venda de tecidos. “A procura aumentou 80%. O que esta levando a loja atualmente são mesmo os produtos para confecção de máscaras”, sustenta. Ela conta ainda que “uma pessoa ou outra entra atrás de linha para crochê” e que “dos demais artigos a venda caiu 90%”.
Sobre as cores e estampas mais procuradas, Clarice afirma que são de vários tipos, desde as lisas até as mais infantis. “Lisas saem mais para homens e estampadas para mulheres, mas até mesmo as estampas infantis têm saído bem”.
Clarice diz também que já há falta de tecidos lisos nas cores preta e azul marinho e que “aumentamos os pedidos de produtos para confecção de máscaras e quando chega, dentro de dois ou três dias já acaba”.
Na rua Rui Barbosa, a loja Caminhos da Moda é especializada em tecidos para roupa de festa, mas não é esse tipo de produto que tem garantido as vendas. Thiago Freitas, 30 anos, é o dono do estabelecimento e diz que a procura por tecidos para máscara subiu 90%. “Teve dias que de 100 clientes que entraram na loja, 99 queriam produtos para máscaras”.
O preço do metro, segundo ele, não está tendo tanta alteração porque algumas peças já estavam em estoque e as novas, que são geralmente importadas, teve aumento de R$ 1 ou R$ 2 por metro, com a subida do dólar, mas não mais que isso.
Na Costa Rica Malhas, o gerente Magno Tavares, 52 anos afirma que todo estoque das cores azul marinho e preta acabou. Da cor branca, das 5 toneladas que chegaram semana passada, sobra apenas 1 tonelada. “O movimento dobrou”, garantiu.
Aproveitando – Quem também está aproveitando o momento para faturar são as costureiras. Mas mesmo quem não leva o ofício como profissão, vê oportunidade.
É o caso da estudante Amanda Ferreira, de 25 anos. Parada, ela comprou alguns tecidos para fazer máscaras para si mesmo, mas não ficou com nenhuma. “Vendeu tudo”, contou.
Agora, ela está empenhada em garantir um dinheiro extra fabricando as máscaras e vendendo. Somente hoje, ela entregou 70 e já estava atrás de mais tecido, porque até quarta-feira, tem outras 70 para entregar. “Virou até modinha, porque antes, o tecido que você tinha, as pessoas compravam. Agora, exigem cor porque querem combinar com a roupa”, avalia.
Já Ana Maria da Silva, 55 anos, é costureira há bastante tempo e junto com uma comadre, começou a fazer as máscaras. Antes, ela sobrevivia fazendo pequenos consertos, mas viu na venda de máscaras, uma boa fonte de renda.
“Juntas (ela e a comadre) já entregamos 80 máscaras e vim atrás de tecido preto e azul marinho, que é justamente o que está em falta”, lamentou.