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Capital

Sem movimento, taxistas adiam renovação da frota e até manutenção

Pior cenário indica possibilidade da categoria falir em Campo Grande

Kleber Clajus | 30/01/2018 07:21
Com menos quilometragem, taxistas cobram regulação do mercado para continuar no ofício (Foto: Saul Schramm)
Com menos quilometragem, taxistas cobram regulação do mercado para continuar no ofício (Foto: Saul Schramm)

Frequentes outrora, as corridas de táxi foram rareando diante do uso de aplicativos de mobilidade urbana em Campo Grande. Menos quilometragem reflete em dificuldades para motoristas manterem ou mesmo trocarem seus veículos por modelos mais novos. O resultado é visível nas ruas: os táxis estão envelhecendo e continuam rodando.

Valmir Gomes de Oliveira, 75 anos, resumiu que situação crítica decorre da queda de 80% no faturamento mensal como taxista. Os passageiros idosos e aqueles que optam por mais segurança tem sido "salvação" na vida do profissional, que entrou no ramo há 40 anos.

"São três a quatro corridas por dia, no máximo. Não tem como parar e trocar o carro. Antes isso era possível, mas hoje quase ninguém consegue", relatou Valmir, em ponto na Avenida Afonso Pena com 14 de Julho que, durante a noite, não possui mais motoristas disponíveis.

A reportagem do Campo Grande News ouviu dos profissionais que alguns tem dificuldades em bancar até mesmo o conserto dos veículos, fiscalizados pela Agetran (Agência Municipal de Trânsito) com periodicidade determinada por seu ano de fabricação, limitado a oito anos.

Presidente do Sintáxi (Sindicato dos Taxistas), Bernando Quartin esclareceu que tal cenário havia sido adiantado aos gestores municipais, quando da busca de regulamentação do setor de transporte. "Temos migração da mão de obra, queda na qualidade no serviço e impostos indo para outros estados. Se medidas urgentes não forem tomadas a classe pode falir".

Taxistas em ponto da Capital (Foto: Saul Schramm)
Taxistas em ponto da Capital (Foto: Saul Schramm)

Envelhecida - Um dos indicativos de crise diz respeito a frota de táxis. Antes os motoristas tinham condições de trocar os veículos em até quatro anos, porém hoje isso ocorre próximo do limite de oito anos exigido pela legislação municipal. Completado o prazo este não pode mais rodar. Imagine que para atender a cidade foram concedidos 490 alvarás pela prefeitura.

Henrique Matos Moraes, gerente de fiscalização de transportes públicos, disse que veículos fora do padrão podem ser multados e até perder a licença. Controle de qualidade ocorre em três categorias: segurança, conforto e higiene. Fiscais realizam abordagens na rua e durante revisões periódicas na Agetran, similares as do Detran (Departamento Estadual de Trânsito).

Outro ponto que pode intensificar o problema, segundo os profissionais, seria a concessão de 217 novos alvarás nesse trimestre. "Vai fazer corrida para quem", questionou Carlos de Oliveira, 50 anos, que lamenta o fato da categoria ter virado "motivo de chacota" ao buscar regulamentação do setor de transporte envolvendo também os motoristas de aplicativos.

Renato Vargas, 30 anos, emendou ainda que a carga tributária imposta aos taxistas restringe a disponibilidade de tarifas competitivas e associada as condições de tráfego nas vias achata os ganhos pela necessidade de manutenção adicional com pneus e amortecedores.

Quartin, por sua vez, ressaltou que os taxistas buscam um mercado devidamente regulado e fiscalizado para que os campo-grandenses possam ter segurança em seus deslocamentos.

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