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Capital

Sem renda extra, catadores temem fechamento do lixão com nova lei

Filipe Prado | 05/08/2014 16:39
Os catadores não sabem até quando o lixão funcionará (Foto: Marcelo Victor)
Os catadores não sabem até quando o lixão funcionará (Foto: Marcelo Victor)

Os catadores de lixo de Campo Grande temem o fechamento do lixão de Campo Grande com a entrada em vigor da lei federal que determina a destinação correta dos resíduos sólidos. Eles estão com medo e temem ficar sem renda com o fim dos lixões a céu aberto.

O prazo para o fechamento acabou ontem (4). Muitos catadores não foram trabalhar. No entanto, quem foi trabalhar, encontrou os portões abertos. “Eu não fui trabalhar porque pensei que estaria fechado, mas não sei o que vai acontecer”, admitiu Avelino Henrique de Carvalho, 42 anos.

Para ele o fechamento do lixão irá prejudicar mais de mil trabalhadores, direta e indiretamente. Há 16 anos trabalhando no local, Avelino ficou confuso. “Não sei o que fazer. Não tem nenhum plano”, afirmou.

Sem experiências profissionais e carteira assinada, muitos trabalhadores se preocupam com a renda mensal. “Hoje eu ganho cerca de R$ 2 mil, se for trabalhar fora daqui, vou ganhar, no máximo, R$ 1 mil. No último trabalho ganhei somente um salário mínimo”, confessou Jesuel da Silva Trindade, 25.

“Isso está muito ruim. Todos estão inseguros”, apontou Jesuel. Ele contou que o MPT (Ministério Público do Trabalho) foi até o lixão e realizou uma vistoria, afirmando que o lixão ficará aberto por mais sete meses.

Para Juarez Ferreira Vargas, 51, a insegurança é por conta da idade. “Não tem trabalho para as pessoas com idade mais avançada”, lamentou. Ganhando R$ 400 por semana, ele teme não conseguir sustentar a família.

O cadastro dos catadores também gerou crítica entre os trabalhadores. O sistema ficou mais organizado, os catadores precisam registrar os horários de entrada e saída, mas aumentou o trabalho. “Antes nós trabalhávamos três vezes por semana, mas em mais períodos. Agora são todos os dias de manhã e a tarde, além de ganhar menos”, constatou Jesuel.

Avelino revelou que não foi ao trabalho e não possui outra renda (Foto: Marcelo Victor)
Avelino revelou que não foi ao trabalho e não possui outra renda (Foto: Marcelo Victor)

Em Campo Grande a existência do lixão ainda deve se arrastar por algum tempo. Na quinta-feira (31), a Prefeitura da Capital, anunciou a criação de um grupo de trabalho para gerenciar o fechamento do lixão e a transição para a UTR (Unidade de Tratamento de Resíduos).

Em dezembro de 2012, o lixão chegou a ser fechado após funcionar por 28 anos. No entanto, a Justiça determinou a reabertura em janeiro de 2013, porque os catadores ficaram sem fonte de renda. Participam do grupo de trabalho criado na semana passada representantes do Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano), da Funsat (Fundação Social do Trabalho) e da iniciativa privada.

Desde ontem, os municípios que não colocarem em funcionamento os aterros sanitários podem sofrer punições. Estão previstas, segundo o MPE, a criação de ações civis públicas para apurar a atuação das prefeituras e também a responsabilização criminal para os prefeitos das cidades.

Das 79 cidade de Mato Grosso do Sul, apenas 15 têm condições de encerrar os lixões e começar a colocar os aterros em atividade. No entanto, só cumpriram o prazo estipulado pela lei sete municípios: Três Lagoas, Naviraí, Alcinópolis, Taquarussu, Aquidauana, Dourados e Jateí.

Juarez afirmou que será difícil conseguir outro emprego (Foto: Marcelo Victor)
Juarez afirmou que será difícil conseguir outro emprego (Foto: Marcelo Victor)
Ganhando cerca de R$ 2 mil, os catadores afirmam que a renda diminuirá (Foto: Marcelo Victor)
Ganhando cerca de R$ 2 mil, os catadores afirmam que a renda diminuirá (Foto: Marcelo Victor)
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