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Capital

Sem saber o que fazer, mãe grava filho em surto para tentar internação em Caps

Jovem, de 26 anos, foi internado na UPA Santa Mônica e aguarda transferência para receber tratamento completo

Aletheya Alves | 17/08/2021 13:17

“Não quero perder meu filho e tô vendo eu perder ele”. Sem saber qual caminho procurar, Nerci dos Santos Lopes, de 47 anos, resolveu gravar o filho em surto para ter provas e tentar internação em Caps (Centro de Atendimento Psicossocial). Hoje, ela aguarda novidades sobre transferência para o tratamento completo.

Tentando lembrar quando começou a notar que o filho, de 26 anos, precisava de ajuda, Nerci conta que os sinais não foram explícitos logo no início. “Eu acho que começou devagar, mas agora, nos últimos dois meses estourou. Ele começou a ouvir vozes, a dizer que o pai dele não é dele, que eu não sou a mãe. Já ameaçou jogar até copo na minha cara”.

Em vídeo gravado por ela antes de acionar o CBM (Corpo de Bombeiros Militar), durante o fim de semana, o jovem chama a mãe de assaltante de bancos e diz que ela roubou seu carro, unindo várias falas desconexas. “Ele fala de matar eu e a gente corre. Ele pula até janela. Ele precisa de um tratamento, minha situação é muito complicada”.

Internado na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Santa Mônica, o jovem ainda não recebeu o diagnóstico, de acordo com a mãe. “Eu consegui que ele ficasse internado. Quando ele me ameaça, eu corro. Eu amo demais meu filho, não posso deixar ele”, diz. Ainda conforme explicado por Nerci, ela tem gravado os episódios do filho para que consiga provar a necessidade de atendimento.

Sem saber o que fazer, mãe grava filho em surto para tentar internação em Caps
Rapaz, de 26 anos, está internado na UPA Santa Mônica. (Foto: Direto das Ruas)

Antes de procurar pela saúde pública, Nerci relata que tentou pagar consultas com médico psiquiatra, mas não obteve bons retornos. “Eu tentei pagar, mas não tenho condições. Tô nessa luta com ele”.

Também empenhada em conseguir ajuda para o sobrinho, Nilda Lopes, de 53 anos, conta que o drama familiar acaba por envolver todos. “A gente é pobre e não consegue ficar pagando consulta. Fui levar comida para ele e a gente fica com medo dele voltar para casa sem vaga”.

Em nota, a assessoria de imprensa da prefeitura de Campo Grande informou que o jovem aguarda vaga para transferência. “Enquanto ele permanecer na UPA Santa Mônica, está medicado e sendo acompanhado diariamente por um médico psiquiatra, até que possa ser transferido para uma unidade de atendimento psicossocial e, então, realizar o tratamento completo”.

Ainda de acordo com a prefeitura, o paciente foi atendido também durante o último dia 7, mas ao ser avaliado por um médico, não apresentou sinais de agravamento. Assim, ele não ficou em observação e foi liberado.