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Capital

Sem ter com quem deixar os filhos, mães recorrem a creches clandestinas

Pelos bairros da Capital, também há quem esteja sem emprego, mas com os filhos em casa, fica difícil sair para procurar

Bruna Marques | 26/07/2020 09:34
Para não perder o emprego, Elen Kamila Ferreira recorreu a "creche" na vizinhança (Foto: Kísie Ainoã)
Para não perder o emprego, Elen Kamila Ferreira recorreu a "creche" na vizinhança (Foto: Kísie Ainoã)

A realidade da auxiliar de limpeza Elen Kamila Ferreira, de 19 anos, é a de centenas de mães que não tem com quem deixar os filhos com as aulas suspensas. Ela mora com sua filha Maria Vitória, de 3 anos, no Residencial Aquarius, região sudoeste de Campo Grande.

Aulas na Reme (Rede Municipal de Ensino) estão suspensas desde o dia 18 de março e não tem previsão de voltar. São pelo menos 100 mil crianças fora da escola.

No começo da pandemia, a mãe solo conseguiu negociar com a empresa onde trabalha e pegou 15 dias de férias, mas como as aulas presenciais ainda não retornaram, ela teve que recorrer a uma cuidadora. Por mês, ela paga R$ 350 para deixar sua pequena na casa da babá, que mora no Bairro Aero Rancho.

Foi numa creche clandestina que a jovem encontrou alternativa para poder voltar ao trabalho. “Não tem jeito, eu cuido dela sozinha, preciso trabalhar para sustentar ela, a opção foi deixar com uma moça que cuida de mais 5 crianças. Ela pediu para as mães levarem máscara e álcool gel para as crianças e evita que eles fiquem se abraçando e sempre lava a mão deles”, revela.

Luis Fernando, de 1 ano, e Isaac Luis, de 8 anos, filhos de Jacqueline, ficam com a avó, que já cuida de outras crianças (Foto: Kísie Ainoã)
Luis Fernando, de 1 ano, e Isaac Luis, de 8 anos, filhos de Jacqueline, ficam com a avó, que já cuida de outras crianças (Foto: Kísie Ainoã)

Quem também enfrenta uma realidade parecida é a copeira Jacquelline Benites Ribeiro Machado, de 29 anos. Ela mora com o marido e os filhos no Aero Rancho. O menino mais velho tem 8 anos e o caçula 1 ano e 5 meses.

Ela e o marido, que é cozinheiro, trabalham dia sim, dia não e quando estão fora de casa, quem cuida dos pequenos é a sogra. Mesmo ficando com a avó, o casal paga por mês R$ 300 reais para ela cuidar o dia todo das crianças.

O filho mais velho tem deficit de atenção e auxiliar o menino com as aulas on-line ficou difícil nos dias em que não está presente. “Meu filho tem muita dificuldade para aprender e essas aulas digitais não estão adiantando. Tem que ter alguém em cima. Eu trabalho, não tem quem faça as atividades com ele. Tem que ter um acompanhamento especial, ele perdeu esse ano“, lamenta a copeira.

A sogra já cuida de outras crianças. “Eu prefiro deixar com ela, é uma pessoa de confiança. Meu filho menor ainda não vai pra escola, eu não pretendo colocar ele na creche quando isso tudo melhorar. Vou esperar ele ter idade para ir direto para a escola, enquanto isso eu vou deixar ele com a minha sogra mesmo”.

Regiane perdeu o emprego, mas com o filho em casa e grávida, tem dificuldade de sair para procurar (Foto: Kísie Ainoã)
Regiane perdeu o emprego, mas com o filho em casa e grávida, tem dificuldade de sair para procurar (Foto: Kísie Ainoã)

Sem emprego - A auxiliar de limpeza Regiane de Souza dos Santos, de 37 anos, está gravida de 4 meses e tem um filho de 5 anos. Com a chegada da pandemia, ela e o marido perderam os empregos. Vivendo de aluguel, sem salário e com o auxílio emergencial negado, ela explica que a situação não está fácil, principalmente tendo quer ficar com o filho o dia todo em casa.

“Terminou meu contrato na empresa que eu trabalhava e eles me mandaram embora por causa da pandemia. Ele ia pra escola e desde que as aulas pararam estou tendo que me virar. Antes ele ficava com a babá no período da tarde e eu pagava por mês pra ela R$ 250. Agora, sem emprego e com ele em casa o dia todo, as coisas estão bem mais complicadas”, expõe.

Se antes as coisas já não eram fáceis, agora na pandemia e gestante, a situação da família da Regiane ficou pior. “Gasta mais ficar em casa, criança dá trabalho. Se antes arrumar emprego já era uma luta, imagina agora nessa situação que estou”, lastima.

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